O setor industrial está consciente da importância de reduzir a emissão de gases de efeito estufa, que causam mudanças climáticas, e vê oportunidades de crescimento econômico nas políticas de produção com baixa emissão de carbono. É o que disse a consultora da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Paula Bennati, em audiência pública promovida dia 25/11 pela Comissão de Meio Ambiente (CMA) para atender a requerimento de Marina Silva.
Paula Bennati afirmou que a indústria está aliada à questão ambiental e que o setor reconhece a importância do seu papel em relação às políticas de baixo carbono. Portanto, disse a consultora, o segmento quer participar ativamente dos debates e apresentar propostas.
— Existe um leque de oportunidades que vem com essa economia de baixo carbono. É preciso gerenciar os riscos envolvidos, obviamente, e fazer uma defesa de interesses é o papel da CNI. Mas estamos inaugurando uma nova era com relação à indústria — disse.
A consultora também destacou a importância do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Em sua avaliação, o Brasil é o país que mais desenvolve projetos, mas poderia apresentar melhores resultados se não houvesse indefinições na área.
Desenvolvimento
O diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Paulo Moutinho, também destacou a possibilidade de haver desenvolvimento econômico com a utilização de recursos renováveis e energia limpa. Ele observou que o governo e a indústria já entenderam esse novo modo de desenvolvimento, mas, em sua avaliação, o setor agropecuário ainda não compreendeu bem.
Ele afirmou que o Brasil é o único país que tem essa consciência e tem desenvolvido políticas com essa finalidade.
— Hoje, o que temos não é uma maneira de conciliar desenvolvimento com preservação ambiental. Esse tipo de dicotomia é passado. O que temos hoje é a oportunidade de fazer o desenvolvimento e o crescimento econômico, fazendo preservação e uso sustentável de recursos florestais e produzindo energia limpa — ressaltou Moutinho, ao lembrar que o Brasil, com isso, adquiriu responsabilidade mundial em relação ao tema.
Em relação ao Plano Nacional sobre Mudança do Clima, Moutinho disse tratar-se de uma compilação de planos já existentes, o que não apresentou inovações nem gerou um “ponto de inflexão” em relação ao tema. Ele pediu ao governo e ao Parlamento que promovam debates com a sociedade para aprimorá-lo antes da sua regulamentação.
O diretor-executivo do Greenpeace Brasil, Marcelo Furtado, afirmou que nem a sociedade nem a CNI foram chamadas ao debate do plano. Inúmeras organizações, informou, realizam pesquisas há muitos anos e, no entanto, não foram ouvidas. Para ele, o Brasil perde ao não ouvir a sociedade.
— Se o Senado entende que um país deve usar bem os seus recursos, gostaríamos de ter contribuído — disse.
Agência Senado