“O Mercosul precisa ser melhor ‘absorvido’ pela sociedade brasileira”. A afirmação foi feita ontem (02) em Curitiba, pelo sub-secretário geral
do Itamaraty para América Latina, embaixador Antonio José Ferreira Simões. Ele participou de encontro do Foro Consultivo Econômico e Social do
Mercosul, realizado na Federação do Comércio do Paraná. O bloco dos países sul-americanos “não está parado nem fracassado”, acrescentou.
O embaixador ressaltou que a população brasileira ainda não se deu conta dos benefícios que terá com a real concretização do Mercosul. “As
discussões não podem ficar apenas no estabelecimento de uma placa comum para os automóveis circularem por Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil.
Nem em iniciativas comuns para a Educação, moeda única ou documento único. É preciso que a sociedade se dê conta de que não existe possibilidade
de desenvolvimento, sem integração”, disse ele. O coordenador empresarial brasileiro do Foro, presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac, Darci Piana, ressaltou a importância dos debates em torno das assimetrias existentes no bloco principalmente nas negociações com a União Europeia, e ressaltou que “podemos até ter dificuldades para avançar, mas não podemos mais retroceder”.
Ferreira Simões destacou o interesse do governo brasileiro, e do Mercosul, em ampliar as negociações com a União Europeia. Porém, ressaltou, “a União Europeia de hoje não é a mesma da década de 90 do século passado. Naquela época vivia período de expansão econômica e, hoje, os países integrantes passam por momentos de crise”. O embaixador Antonio José Ferreira Simões e o presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac Paraná e coordenador empresarial brasileiro do FCES, Darci Piana.
O embaixador reafirmou que o Brasil é favorável, sim, a um acordo com a UE. Porém, “esse acordo tem que ser uma via de duas mãos, trazendo benefícios
para os dois lados e não apenas para um dos blocos, como pretende a União Europeia”, acentua. Há problemas em várias áreas, desde a trabalhista até a industrial. “Não entendo porque uma empreiteira brasileira, uruguaia, paraguaia ou Argentina não pode construir uma usina, uma ponte ou um viaduto na Europa, enquanto as empresas daquele bloco econômico exigem a abertura de nossos mercados para eles”, acentua o embaixador.
Representantes do setor agrícola, industrial e trabalhista da Argentina e Paraguai apresentaram suas preocupações inclusive com relação a possibilidade de
atração de mão-de-obra da Europa sem o respeito às legislações pertinentes nos países do Mercosul.
O Foro Consultivo Econômico e Social do Mercosul é formado, no Brasil, por representantes patronais e de trabalhadores da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Confederação Nacional
do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Confederação Nacional do Transporte (CNT), Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização, Organização das Cooperativas Brasileiras, Federação de Órgãos para Assistência Social e
Educacional e Instituto Equit – Gênero, Economia e Cidadania Global. Entidades assemelhadas fazem parte representando Argentina, Uruguai e Paraguai.
FCES
Fonte: Fecomércio/PR