CNI propõe corte de R$ 19 bilhões nos gastos para conter juros em 2011

Brasília – A Confederação Nacional da Indústria (CNI) propõe um corte de R$ 19 bilhões nas despesas fixadas no orçamento da União de 2011 como medida para conter a elevação dos juros no combate á inflação. A sugestão é da edição especial do Informe Conjuntural da entidade, divulgada nesta terça-feira, 7 de dezembro, com a análise do comportamento dos principais indicadores da economia em 2010 e as previsões para 2011.

“Com isso, o ritmo de crescimento das despesas deve ficar próximo do crescimento real esperado para o Produto Interno Bruto (PIB), reduzindo o caráter expansionista da política fiscal”, assinala o estudo. A CNI critica que o aumento dos gastos públicos, que cresceram 11,4% entre janeiro e outubro últimos comparativamente a igual período de 2009 (sem computar os gastos com a dívida), sobrecarrega a utilização do aumento dos juros como mecanismo para frear a inflação, pela contenção do consumo.

“É indispensável rever o tripé macroeconômico (meta de inflação, câmbio flutuante e metas fiscais) com a adoção de metas fiscais críveis e ambiciosas para minimizar o esforço da política monetária. Essa nova calibragem exige firmeza na execução do orçamento federal de 2011, com maior contingenciamento de despesas correntes”, prega o documento da CNI.

RECUPERAÇÃO DIFERENCIADA – O estudo da CNI diz haver “grande heterogeneidade” na recuperação da crise econômica internacional entre os 26 setores da indústria usualmente pesquisados pela entidade.

Entre 2008, quando começou a crise (setembro), e este ano, 12 segmentos ainda não recuperaram o nível de produção da época pré-crise. Entre eles, estão material eletrônico, equipamentos de comunicação, fumo, madeira e metalurgia básica, cuja produção está com taxas de crescimento 5% inferiores a 2008.

Em oposição, os segmentos que melhor se recuperaram da crise, a grande maioria ligada ao aquecimento da economia doméstica e ao crescimento do poder aquisitivo da classe C, elevaram a produção a níveis acima de 5% comparativamente a 2008. Bebidas, perfumaria e produtos de limpeza estão entre estes setores, segundo a CNI.
“Constata-se que existe espaço para reabilitação da produção e das exportações em determinados ramos e uma entrada considerável de produtos importados em diversos segmentos industriais”, destaca o Informe Conjuntural.

Fonte: CNI