* Luiz Paulo Rover é empresário.
Precisamos discutir no Brasil o financiamento das universidades públicas, para fazermos justiça para com os jovens brasileiros que têm vocação, disposição e vontade de concluir os estudos até a universidade. Como colocou recentemente em entrevista à revista nacional “ISTOÉ”, Werner Baer, ex-professor do presidente recém-empossado do Banco Central do Brasil, nos EUA, “Na Universidade de Illinois, onde leciono, todas as pessoas pagam uma anuidade, especialmente as de classe média e alta, que podem se dar ao luxo de pagar.” Por esta razão, estamos republicando este artigo, que foi publicado no dia 31 de janeiro de 2008.
O fim da gratuidade nas universidades públicas do Brasil será o que se pode chamar de “justiça” para com todos os estudantes que almejam cursá-las.
O que vemos hoje é um sistema totalmente injusto, que premia somente os filhos dos mais abastados, aqueles que podem estudar em tempo integral, frequentando sempre os melhores colégios. Acima de tudo, são aqueles que poderiam pagar as mensalidades das escolas sem que trouxessem dificuldades para suas famílias. O jovem, após a conclusão do ensino superior, acaba tirando proveito financeiro. Desta forma, esse sistema é mais um mecanismo de concentração de renda em nosso País.
A universidade, em qualquer país, deve sempre estar ao alcance de todos aqueles que a almejam, sejam filhos de pobres ou ricos. Por isso, sonhamos que no Brasil, um dia, todos possam cursar uma universidade, sem que, para isso, as famílias tenham que passar necessidades. Sonhamos com o dia em que o jovem de família sem poder aquisitivo possa cursar uma universidade.
Para tanto, temos uma proposta que entendemos ser a mais justa, pois permitiria ao jovem estudar e frequentar qualquer universidade, independentemente de seu poder aquisitivo, ficando na dependência apenas de seu esforço e vontade.
A nossa proposta é de que deixem de existir no Brasil universidades gratuitas, tanto a pública quanto a privada, que todas sejam pagas. Mas que sejam pagas pelos alunos que podem pagar. Os alunos oriundos de famílias que não têm poder aquisitivo para pagar a universidade, seriam beneficiados com bolsas de estudos (integral ou parcial), dependendo da condição financeira das mesmas. Assim, todo jovem que tenha se preparado para ingressar e venha a passar no concurso classificatório (vestibular), poderá fazer qualquer faculdade.
O que vemos hoje é o desperdício do conhecimento. Algumas boas escolas do terceiro grau, que têm bons cursos, estão funcionando com apenas um terço do número de alunos que se propuseram a formar, pois faltam candidatos com condições financeiras para estarem ali cursando os mesmos. Com o sistema de bolsas, todas essas vagas estariam preenchidas, pois aqueles que podem pagar estariam pagando as mensalidades nas escolas públicas e privadas. Esses recursos seriam utilizados, então, para o pagamento das vagas nas escolas particulares.
O ProUni (Programa Universidade para Todos) tenta resolver de uma forma paliativa o problema da falta de justiça no ensino superior, usando recursos públicos, onde já se aplica a maior parte do orçamento pública federal, destinado ao ensino. Isso é uma incoerência: aplicar ainda mais recursos onde se devia usar menos, pois o que o nosso Governo deve é aplicar mais recursos no ensino básico.
Pode parecer uma forma simplista para se corrigir a injustiça que sofrem os nossos jovens mais pobres e que querem ingressar em uma universidade. Mas acreditamos que isso seria possível e que se resolveria uma parte considerável do problema de recursos para o terceiro grau em nosso País.
O Brasil é governado para que poucos se beneficiem de nossas riquezas. Algumas medidas eleitoreiras são tomadas, mas que não beneficiam em nada, dando apenas votos aos governantes, que enganam os mais humildes. Como exemplo de tais medidas, podemos citar o “Programa da Bolsa Escola” e o “Programa da Bolsa Família”.
O brasileiro não precisa de esmolas. Ele precisa, sim, é de trabalho e estudo, para que possa exercer plenamente a sua cidadania, independentemente de sua classe social e de seu poder aquisitivo. Somente um povo com dignidade é vencedor e feliz.
* Luiz Paulo Rover é empresário.