Empresa deve priorizar o baixo carbono, diz CNI

Fernandes: publicação da CNI apoia inserção das empresas na economia de baixo carbono
Fernandes: publicação da CNI apoia inserção das empresas na economia de baixo carbono

São Paulo – As indústrias brasileiras já perceberam a necessidade de atuar na economia de baixo carbono, emitindo menos Gases do Efeito Estufa (GEE), aumentando a eficiência energética e consumindo menos recursos naturais. Mas chegar a esse ponto não é fácil e a maior parte das empresas ainda não sabe como fazê-lo.

A avaliação foi feita na última sexta-feira (25/02) pelo diretor executivo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José Augusto Fernandes, durante o lançamento, no escritório da CNI em São Paulo, do guia “Estratégias Corporativas de Baixo Carbono: Gestão de Riscos e Oportunidades”.

A publicação, explicou Fernandes, foi pensada e elaborada para detalhar o passo a passo para as empresas que pretendem se inserir na economia de baixo carbono. “É a ferramenta para que as indústrias coloquem a questão do baixo carbono no seu planejamento estratégico”, disse. O guia, idealizado pela CNI e pela embaixada do Reino Unido, foi elaborado pela CNI em parceria com a ICF Consultoria do Brasil.

O guia, único no país, ensina aos empresários as três fases para o planejamento estratégico de baixo carbono: diagnóstico das emissões, que inclui a análise de riscos e oportunidades; implementação dos projetos e programas para diminuir as emissões e divulgação das ações e engajamento da empresa.

A partir do lançamento da publicação, a CNI vai realizar cursos para as empresas que pretendem mudar ou adaptar sua estratégia rumo à economia de baixo carbono. O segmento das micro e pequenas empresas será o foco dos cursos. O primeiro curso ocorrerá nos dias 24 e 25 de março, no escritório da CNI em São Paulo, na Rua Olimpíadas, 242, 10º andar, Vila Olímpia.

Na apresentação do guia de referência, o embaixador britânico no Brasil, Alan Charlton, ressaltou que a economia do baixo carbono é o futuro da indústria mundial. “Temos de continuar investindo em inovação e na eficiência energética, no menor uso de recursos, para fazer mais com menos”, ressaltou Charlton.

CASOS DE SUCESSO – O evento de lançamento do guia de “Estratégias Corporativas de Baixo Carbono: Gestão de Riscos e Oportunidades” teve a apresentação de três grandes empresas: Suzano, Vale e Braskem.

Para a diretora de meio ambiente da Vale, Vania Somavilla, a economia de baixo carbono “é, hoje, de longe, a questão mais importante” para as empresas e a sociedade. “Temos de repensar a sociedade, nosso consumo, e promover um novo desenvolvimento, com um crescimento econômico diferente, que use melhor os recursos naturais”, salientou.

Na opinião dela, os governos em todo o mundo ainda andam devagar nesse tema, mas as empresas, não. “Uma revolução silenciosa está acontecendo mundialmente. As empresas estão afiando os dentes para em breve poderem faturar com isso. É uma questão empresarial”, finalizou.

Segundo a diretora de meio ambiente da Vale, a empresa tem atuado intensamente na eficiência energética, apostando em energias mais limpas, como o biodiesel, e na recuperação de áreas desmatadas, por meio de replantio. “A Vale Florestal tem mais de 450 mil hectares na Amazônia, sendo um terço de eucaliptos que geram renda para poder sustentar os outros dois terços de reflorestamento”, explicou.

O diretor de desenvolvimento sustentável da Braskem, Jorge Soto, ressaltou ser necessário, para as empresas, fazer mais com menos recursos naturais. Para tanto, na sua opinião, é preciso apostar na melhoria dos processos e em inovação. “Temos de encontrar fórmulas inovadoras de chegar lá”, resumiu.

Lembrou que a Braskem desenvolveu o chamado plástico verde, feito a partir do eteno retirado da cana-de-açúcar. “Esse ciclo é muito mais eficiente do que o do petróleo. A diferença da pegada de carbono equivale a plantar um milhão de árvores”, informou Soto. A pegada de carbono mede o nível de emissões de GEE em todo o ciclo de vida do produto, do processo de fabricação até seu destino final.

A consultora de mudanças climáticas da Suzano, Marina Carlini, assinalou que a presença internacional da empresa, que exporta 52% de tudo o que produz, exige que a Suzano esteja sempre na dianteira na preservação ambiental e na redução da pegada de carbono. “O mercado lá fora já tem essa demanda”, afirmou.

Explicou as diferenças entre fazer um inventário de emissões de GEE e de calcular a pegada de carbono. “A pegada de carbono acompanha todo o ciclo de vida do produto, enquanto que o inventário de emissões se restringe basicamente ao que é emitido para a confecção daquele produto”, disse. Segundo ela, os programas da Suzano são direcionados para reduzir a pegada de carbono e conscientizar os fornecedores, clientes e consumidores da empresa.

Fonte: CNIFoto:Marcos Issa