As cerâmicas do Oeste e Sudoeste do Paraná vêm passando por um processo de modernização. A maioria delas, empresas familiares, fez modificações no processo de fabricação e no uso e processamento da matéria-prima, a argila,para melhorar a produção e a qualidade do produto. As empresas estão investindo também em novos maquinários e aumentando seus barracões para poderem acompanhar o mercado e se tornarem mais competitivas.
“A modernização é obrigatória. Em cinco anos quem não se modernizar ficará fora do mercado. A mão de obra ficou muito cara e os equipamentos estão cada vez mais acessíveis”, sentencia o empresário Élcio José Egewarth, sócio-proprietário da Cerâmica Stein, há 31 anos no mercado de tijolos em Entre Rios do Oeste, no Oeste do Estado.
A Cerâmica Stein passou por modificações nos últimos quatro anos. Egewart investiu na pré-preparação da argila (sazonamento), aproveitou o maquinário que tinha e fez alterações no galpão. A empresa melhorou também a qualidade do produto e o rendimento da extrusora que molda o tijolo, a secagem e a queima do produto. O tijolo da Cerâmica Stein ficou mais resistente.
“Hoje baixou em 10% o custo de todo o processo de fabricação do tijolo. O rendimento da extrusora melhorou 40%. A produtividade em geral também melhorou”, afirma Egewart. Este crescimento da empresa ocorreu, na opinião do empresário, graças aos treinamentos dados pela Mineropar, Sebrae e Senai.
Segundo o empresário Mário Antonio Pasquali, proprietário da Cerâmica São Cristovão, há 40 anos no mercado de telhas em Medianeira, no Oeste do Paraná, a ação da Mineropar com o Sebrae está ajudando no processo de modernização. “A ajuda da Mineropar foi com a análise da matéria-prima e a incorporação de matérias inertes na massa argilosa e do Sebrae, com cursos e consultoria”, diz Pasquali.
Ele investiu mais de R$ 1,2 milhão nos últimos três anos, na pré-preparação da massa, melhoria da homogeneidade do produto final, incorporação de pó de pedra na massa cerâmica que ajuda na secagem, eliminando as trincas e dando mais resistência às telhas. Pasquali ampliou a área de secagem, melhorou a padronização de cor da telha e investiu também em um forno-túnel para queimar o produto, em um caixão alimentador e equipamentos de ventilação.
Para Pasquali modernização é uma exigência do mercado para qualquer empresa. “Elas têm que se adequar às leis ambientais. Hoje não tem mais retrocesso. Ou se investe ou a empresa some do mercado”, sentencia Pasquali.
Na opinião do sócio-proprietário da Cerâmica Martelli, Leoberto Martelli, o caminho das cerâmicas é a modernização para diminuir os custos da produção e substituir a mão de obra por equipamentos. A empresa está há 17 anos no mercado, em Medianeira, na Região Oeste, e fabrica tijolos e lajotas de vários tipos e tamanhos.
“O futuro da indústria cerâmica do Paraná está com os dias contados se não mudar a legislação ambiental e mineral do Estado”, observa Martelli. Um decreto do governo do Estado proíbe a extração de argila em áreas úmidas. “Na Região Oeste e Sudoeste há argila somente em áreas úmidas. É muito preocupante a situação. Fiz investimentos há dez anos e corro o risco de parar a produção antes de pagar o investimento”, diz o empresário.
Martelli investiu em secadora, implantou a queima com o pó de serra, reformou a empresa, e passou a fazer 100% da secagem com secador, passou a adicionar pó de pedra na argila e este ano entrou na era da automação, instalando um extrusora. O empresário investiu R$ 800 mil por meio da Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil para pagar em cinco a dez anos.
De acordo com o empresário, os investimentos melhoraram a qualidade dos produtos e proporcionaram a diminuição da quantidade de mão de obra na empresa. “Estava faltando mão de obra e tive que fazer investimento para suprir a falta de profissionais especializados”, diz Martelli. Ele afirma que a Mineropar ajudou a empresa na parte da pesquisa, mapeamento de áreas e ensaios para o aproveitamento de resíduos da matéria-prima e o Sebrae e o Senai ajudaram com a certificação do produto.
Para o sócio-diretor da Indústria Cerâmica Pasquali, Edgar Luiz Pasquali, todos os investimentos realizados na empresa proporcionaram ganhos de produção e produtividade. A indústria fica em Capanema, na Região Sudoeste do Paraná e fabrica tijolos. Ela funcionava no município de Pérola do Oeste, também no Sudoeste do Estado há 25 anos e está desde 1996 em Capanema. A indústria se mudou para este município incentivada por um levantamento geológico feito pela Minepar em Capanema a pedido da Prefeitura, para a localização de possíveis áreas de argila.
De acordo com Edgar Pasquali, a estruturação e modernização da indústria foi feita com muita dificuldade, mas sempre com objetivos definidos, buscando novas tecnologias trazidas após os conhecimentos adquiridos em palestras, cursos e inúmeras visitas a empresas de outras regiões do país.
A Cerâmica Pasquali investiu R$ 2 milhões nos últimos cinco anos visando a modernização da empresa, que ficou mais competitiva e lucrativa e melhorando a qualidade dos tijolos. O investimento mais significativo, segundo Edgar Pasquali, foi a instalação de um forno túnel para a queima de materiais , no ano 2000, que substituiu antigos fornos obsoletos.
Com relação ao processo de extrusão de materiais e investimento em equipamentos, a cerâmica conseguiu reduzir sua mão de obra. Como a cerâmica não dispões de espaço físico para o sazonamento e devido à distância para buscar argila (100 km de ida e volta), utiliza um trator com enxada rotativa para a preparação de argila.
Para Edgar Pasquali, a participação da Mineropar e do Sebrae no processo de modernização da cerâmica deu uma visão estratégica e de organização ao Grupo. A visão do empresário quanto ao futuro das cerâmicas em sua região não é otimista. “Poucas são as empresas que investiram em modernização. Muitas estão sucateadas e trabalhando como há 35 anos atrás, produzindo hoje menos do que produziam no passado”, diz Edgar Pasquali.
Segundo ele, os empresários estão preocupados em relação às áreas de argila da região que estão escassas e distantes. “A maioria está averbada como reserva legal e pela legislação atual não poderá mais ser explorada”, conclui.
O proprietário da Cerâmica Zaminham, Leodacir Zaminham, é mais otimista. Para ele, a tendência é a modernização das cerâmicas. “A região não é muito rica em matéria-prima, mas o melhor reaproveitamento dos produtos e subprodutos aumentará o tempo de existência das jazidas”, acredita.
A Cerâmica Zaminham está há 40 anos no mercado e produz telhas em Serranópolis do Iguaçu, no Sudoeste do Estado. O empresário investiu aproximadamente R$ 100 mil no processo de modernização da empresa. A modificação maior foi no processo de produção há dois anos, quando investiu na preparação da massa da argila, em secagem mais rápida e no adicionamento de pó de basalto à matéria-prima.
A cerâmica investiu ainda na adaptação de um desintegrador para quebrar o torrão de argila, em mais um laminador, uma esteira e um barracão. Atualmente a cerâmica está automatizando as prensas de extração das telhas e colocando um forno túnel para diminuir o consumo de resíduos de serraria para a queima de argila. A cerâmica também usa uma espécie de chorume de lagoas de frigoríficos para utilizar na queima da argila.
Os resultados de todo os investimentos foi a melhoria de qualidade das telhas, a diminuição das quebras do produto e um percentual maior, cerca de 30%, de telhas com qualidade superior. Para Zaminham, o trabalho da Mineropar foi fundamental para aumentar a qualidade da massa da argila e do produto.
Mineropar – A Mineropar atua no campo, faz ensaios em seu laboratório em equipamentos modernos e também ensaios de produtos acabados através do Prumo Cerâmico, um laboratório móvel com equipamentos que dá assistência e consultoria “in loco” às indústrias. “Os técnicos da Mineropar dão palestras, recolhem amostras e fazem ensaios para melhorar a qualidade dos produtos e de todo o processo de fabricação cerâmica”, diz o responsável pelo Pro Cerâmica, o geólogo Luciano Cordeiro de Loyola. Segundo Loyola, a Mineropar está atualmente envolvida com centenas de empresas cerâmicas no Paraná e portanto com a mineração. Hoje, o Estado tem cerca de 700 cerâmicas.
A Mineropar trabalha com extensionismo mineral na área de cerâmica vermelha. O objetivo do Projeto Pro Ceramica é fazer com que as cerâmicas lavrem a argila de maneira correta, cumprindo todos os requisitos legais e aproveitem o máximo a matéria -prima – a argila – para evitar desperdícios.
O Sebrae/PR junto com os seus parceiros tem o Projeto “Desenvolvimento do Setor de Cerâmicas Vermelhas nas 28 Cidades da Bacia do Paraná III”, cujo objetivo é aumentar a competitividade e sustentabilidade do setor no Oeste do Paraná. Atualmente 22 empresas participam do projeto.
O Sebrae iniciou o trabalho com o Sindicato da Indústria Cerâmica do Oeste do Paraná (Sindicer/Oeste) e empresários de cerâmica vermelha em julho de 2004. Segundo o gerente da Regional Oeste do Sebrae/PR, Orestes Hotz, a proposta inicial era trabalhar com eles até 2007, mas foi dada a continuidade após esse período, com a inclusão do Sindicer/Oeste e do grupo de empresários em um projeto ainda mais abrangente, o de “Desenvolvimento da Cadeia da Construção Civil do Oeste do Paraná, que existe até hoje com a participação efetiva de todos.
Hotz aponta vários resultados já alcançados com o processo de modernização das cerâmicas, entre eles, o aumento do faturamento das indústrias cerâmicas, a utilização de matéria-primas sustentáveis e de acordo com a legislação ambiental, aumento de produtividade, produtos adequados à normas da ABNT, diminuição dos insumos energéticos e a utilização de insumos e matérias-primas sustentáveis.
Além desses resultados, outras estratégias foram implementadas, segundo Hotz, como a identificação de novos mercados, adequação das empresas à legislação mineral ambiental, padronização e certificação dos produtos disponibilizados no mercado e o desenvolvimento de novos produtos.
Fonte: Imprensa Mineropar