Belo Monte: previsão de início das obras é na estiagem deste ano

Em palestra durante Sessão Plenária do Confea, o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hübner, iniciou sua apresentação sobre a Usina de Belo Monte bem longe de Altamira (PA) – onde se pretende construir o empreendimento. “O acidente das usinas nucleares no Japão nos faz refletir sobre a energia nuclear. A usina deles é antiga, conta com equipamentos antigos, e mesmo assim não houve graves contaminações. No Brasil, estamos longe desse tipo de evento. Precisamos, então, colocar a público o debate sobre alternativas para a energia brasileira”, iniciou.

Para contextualizar, Hübner apresentou aos presentes um resumo da realidade da matriz energética brasileira, que é mantida, maciçamente, em 83,9% por energia hidráulica. A nuclear, que ocupa 2,8% da matriz, perde, além para as hidrelétricas, para o bagaço (3%) e para o gás natural (2,9%). Em números absolutos, o Brasil tem geração total de 113 mil MW – dos quais 2 mil são de origem nuclear. “Com a Belo Monte, aumentaríamos esse número em dez porcento!”, afirmou. Além dos números, durante a apresentação, o diretor da Aneel mostrou um mapa sobre as energias no Brasil. O potencial eólico, por exemplo, está concentrado em grande maioria no Nordeste. Já a biomassa é majoritariamente utilizada no Estado de São Paulo.   “Solar ainda tem custos inviáveis para a realidade do país, mas o Brasil também vai sair na frente quando tivermos uma tecnologia mais viável do ponto de vista econômico porque o que não falta no Brasil é sol”. completou. “Mas nosso grande potencial é o hidrelétrico. É a base da nossa matriz!”.

De acordo com a apresentação, o fato de a energia hidráulica ser a base da matriz é um ponto bastante favorável para o país. Segundo Hübner, essa fonte apresenta menores custos e é uma energia limpa e renovável, ou seja, ajuda na redução do efeito estufa. “Quando defendemos a nuclear, as pessoas acham que vamos manchar a nossa limpa matriz. Mas precisaremos da nuclear cada vez que nosso ciclo hidrológico ficar menos renovável”, disse.

Segundo ele, o receio de que o Brasil está crescendo e, por isso, precisará de mais energia tem fundamento. “Em qualquer cenário que imaginemos, a energia que o país precisa será triplicada até 2030”, disse.

De acordo com a apresentação, o Brasil tem a sexta maior reserva de urânio do mundo, o que configura um alto potencial de geração de energia elétrica. “A energia nuclear vai se tornar uma alternativa muito importante, principalmente com as mudanças climáticas. Energia nuclear é a principal alternativa aos combustíveis fósseis”, afirmou o diretor da Aneel.

Belo Monte
A segunda parte da apresentação de Hübner, focou nos estudos e concepções de aproveitamento da usina de Belo Monte. “O projeto é extremamente otimizado do ponto de vista do impacto ambiental”, afirmou. De acordo com ele, o projeto tem 516 km2 de área inudada e terá potencial de 11.333 MW. “Essa relação entre espaço ocupado e energia gerada é muito menor do que qualquer usina brasileira”, disse o diretor da Aneel, segundo quem a população que terá que ser removida somam cerca de 4 mil habitantes e são moradores de palafitas que sofrem enchentes todos os anos.

Hübner argumentou, ainda, que enquanto a eólica tem custo de produção e transmissão de R$ 133/MW, a nuclear fica entre R$ 50 e R$ 60/MW. “Não podemos abrir mão de uma energia competitiva dessa, principalmente considerando a questão climática”, disse.

O cronograma apresentado por Hübner prevê o início das obras para a estiagem de 2011. A licença ambiental foi concedida em fevereiro último, as obras do canteiro foram iniciadas em março, e a previsão da Aneel é de que em abril seja concedida a licença de instalação da obra.

O conselheiro federal, representante do Pará, Grácio Serra, comparou a situação ao pré-sal. “Quando vou ao Norte, fico muito triste com a falta de investimento. A energia gerada pela Belo Monte será direcionada ao Pará ou vai vir para cá, ou para o Sudeste? O Petróleo é do Rio de Janeiro, mas a usina é do Brasil”, questionou, ao que Hübner alertou: “o Petróleo é de todo o Brasil. Os royalties é que são do Rio de Janeiro. A energia da Belo Monte é para todo o Brasil. Mas a mesma discussão que houve sobre os royalties no Rio de Janeiro também deverá ser feita no caso da Belo Monte”.

Ao final dos debates após agradecer a presença de Hübner, o presidente do Confea, Marcos Túlio de Melo, colocou-se favorável ao que foi apresentado. “Somos também favoráveis à questão ambiental. A Engenharia brasileira tem total capacidade de prevenir impactos ambientais. Queremos que se cumpra integralmente os condicionantes ambientais estabelecidos”.

Fonte: Confea

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