Brasília – Melhorar a qualidade de vida e estimular a motivação dos trabalhadores. Foi com esses objetivos que a indústria química paulista Meneghetti, situada no município de Dois Córregos, implantou em 2005 o programa Gestão Mais. Inspirada nos réis, moeda existente no Brasil até 1942, a empresa criou o merreis, unidade de valor usada internamente entre os trabalhadores. Todo lixo reciclável coletado por eles pode ser trocado na indústria por merreis. Um merreis vale um dólar americano e pode ser trocado por reais na administração da empresa.
Além de complementar a renda mensal, a prática inspira maior consciência ambiental e social do trabalhador. A troca de lixo por moeda pode ser feita mensalmente. Mas a cada quatro meses, a Meneghetti também lança uma campanha de doações em que agasalhos, alimentos ou outros bens podem ser trocados por mais merreis. Com esse programa, a Meneghetti foi vencedora na categoria microempresa e na modalidade cultura organizacional do Prêmio SESI Qualidade no Trabalho (PSQT) , entregue nesta terça-feira, 5 de abril em São Paulo.
O programa Gestão Mais inclui descontos em planos de saúde médico, odontológico, psicológico, em clubes de lazer e cursos de graduação, pós-graduação, técnico ou de extensão. Segundo o gerente administrativo da Meneghetti, Daniel Miranda, a empresa também realiza viagens de lazer e culturais nos sábados e feriados com os seus funcionários. Oferece palestras sobre temas como saúde bucal, drogas e doenças sexualmente transmissíveis.
A indústria adotou a creche Arevu, que atende a crianças carentes no município. Os empregados ficam responsáveis por projetos na entidade, como levar professores para dar aulas. Já as empresas e pessoas da comunidade que contribuem mensalmente com a creche ganham um selo Amigo da Arevu, criado pela Meneghetti. Miranda conta que todas essas práticas fortaleceram o espírito de equipe dos funcionários e elevaram a satisfação no trabalho. Isso reduziu o desperdício e os defeitos no produto. A empresa fabrica aromatizantes de ambientes, desinfetantes e cosméticos para cães e gatos.
GESTÃO COMPARTILHADA – Em outra vencedora do PSQT, a Indel Bauru Indústria Eletrometalúrgica, a produtividade cresceu 400% nos últimos 15 anos. Esse resultado foi possível com medidas que ampliaram o comprometimento do trabalhador renderam à indústria o prêmio do SESI na categoria microempresa e na modalidade gestão de pessoas.
A prática Anjo da Guarda, iniciada em 2000, eliminou a hierarquia na área operacional da Indel. Hoje, os funcionários se organizam para programar e executar a produção sem as ordens de um chefe. O elo do setor operacional com a direção da empresa é feito por um trabalhador conhecido como Anjo da Guarda.
O Anjo é um conselheiro, que ouve as queixas pessoais ou de trabalho da equipe de produção para buscar soluções. São três anjos na Indel, um para cada linha de produto. Com 84 funcionários, a empresa fabrica elos fusíveis, chaves fusíveis e cordoalhas, equipamentos usados nos transformadores da rede elétrica de rua para proteger a distribuição de energia.
Cada uma das três divisões tem uma equipe de funcionários que se organizam para entregar o produto final e tomar decisões como demitir ou contratar trabalhadores. Há um rodízio na equipe a cada semana, para escolher um comandante. Dessa forma, todos passam pela liderança e quem responde pelo resultado são os trabalhadores.
“Antes, cada equipe tinha um chefe e, acima deles, havia o gerente da fábrica, responsável pelas decisões”, lembra o coordenador de Qualidade da Indel, Alex Vicente de Carvalho. Para se ter uma idéia, a divisão de elo fusíveis, formada por 80 pessoas, fabricava entre 80 mil e 100 mil peças por mês. “Hoje, são montadas cerca de 400 mil peças com uma equipe menor, de cerca de 40 funcionários”, compara Carvalho.
Fonte: CNI