Brasil quer vender bens mais sofisticados à China

Brasil quer vender itens de alta tecnologia, e não apenas commodities como soja e minério de ferro

Brasília – Abrir o enorme mercado chinês a produtos brasileiros de mais sofisticação técnica (valor agregado) e, portanto, de maior preço, é o principal objetivo da delegação de 309 empresários que acompanha, a partir desta segunda-feira, 11 de abril, a comitiva da presidente Dilma Rousseff na viagem à China. A missão é coordenada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Um encontro de dia inteiro, o seminário Brasil-China: Para Além da Complementariedade, na terça-feira, 12 de abril, no China World Summit Wing Hotel, em Pequim, reúne a missão empresarial, ministros brasileiros e dirigentes chineses para discutir a ampliação do comércio bilateral e as oportunidades de investimentos nos dois países.

Haverá, paralelamente, uma rodada de negócios, entre 14h00 e 18h00, coordenada pelo Itamaraty. O vice-primeiro ministro Wang Qishan e a presidente Dilma Rousseff encerram a sessão matinal do encontro de terça-feira, que prossegue até 17h30.
Um dia antes, nesta segunda-feira, 11 de abril, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, abre reunião somente de empresários e técnicos governamentais brasileiros, entre 15h30 e 18h00, no mesmo China World Summit Wing Hotel. O encontro vai alinhar as posições a serem levadas ao seminário de terça-feira.

Para o presidente da CNI, o aumento significativo do comércio bilateral, que saltou de US$ 2,3 bilhões em 2000 para US$ 56, 3 bilhões no ano passado, um crescimento de quase 2.500% em dez anos, implica na diversificação da pauta de exportações brasileiras. Na sua opinião, o Brasil, que tem uma indústria diversificada e produz itens de alta tecnologia, não pode se concentrar nas vendas de commodities à China, como soja e minério de ferro.

“Temos uma ampla agenda para discussão, com foco em maior acesso a mercados. Queremos que os chineses venham para o Brasil para produzir aqui e gerar empregos aqui”, assinala Robson Braga de Andrade.

TEMAS – A programação do seminário prevê a participação, entre outros, dos presidentes do China Development Bank, o BNDES chinês, Jiang Chaoliang, e do BNDES, Luciano Coutinho; dos ministros do Comércio da China, Chen Deming, e do Desenvolvimento, Fernando Pimentel; do diretor-geral da Administração Nacional de Energia, Liu Tienan, e do ministro da Agricultura, Wagner Rossi. Os presidentes da CNI e do CCIIP(China Council For International Investments Promotion), Miao Genshu, são os debatedores do painel Caminhos para a Diversificação da Pauta Exportadora Brasileira.

Os temas da sessão matinal incluem a ampliação do comércio bilateral, os desafios para maiores investimentos nos dois países, parcerias na exploração do petróleo brasileiro da camada do pré-sal, as dimensões do agronegócio.

À tarde, empresários brasileiros, entre os quais Eike Batista, propõem como bom negócio para os investimentos chineses no Brasil obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e dos portos de Vitória (ES) e Açu (RJ) e fabricação de motores automotivos bicombustíveis (flex fuel). Os chineses, por sua vez, indicarão as oportunidades de investimentos brasileiros no 12º Plano Quinquenal. Haverá, ainda, debates sobre os planos de expansão de empresas brasileiras com atuação na China, como a Marcopolo, montadora de ônibus, o frigorífico Marfrig e a WEG, fabricante de motores.

MAIOR PARCEIRO – Parte da missão empresarial coordenada pela CNI que integra a visita da presidente Dilma Rousseff participará também do Fórum Empresarial dos BRICS (bloco do Brasil, Índia, China e Rússia), na quarta e quinta-feira próximas, 13 e 14 de abril, na cidade chinesa de Sanya. O fórum discute, entre outros temas, o crescimento da importância dos quatro países na economia mundial e o uso de energias alternativas.

Desde abril de 2009, a China tornou-se o maior parceiro comercial do Brasil, superando os Estados Unidos. No ano passado, a balança bilateral repetiu praticamente o superávit de 2009 para o lado brasileiro, registrando US$ 5,1 bilhões. Em 2010, o Brasil vendeu à China US$ 30,7 bilhões, 46,5% mais do que no ano anterior, e importou de lá 60,8% mais, no valor de US$ 25,5 bilhões. O mercado chinês representa 15,2% das exportações totais do Brasil.

Fonte: CNI