Brasília – Oitenta e quatro projetos que estimulam o associativismo e elevam a competitividade das pequenas indústrias terão o apoio do Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias (Procompi). Criado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) , o programa selecionou os 84 projetos entre 110 propostas inscritas em chamada pública lançada em 2010. Os projetos contemplados receberão R$ 22,3 milhões para serem desenvolvidos e beneficiarão 2.241 indústrias de todo o país.
Dos R$ 22,3 milhões, metade são recursos do Sebrae e a outra metade das indústrias e entidades parceiras, como as federações e sindicatos. Cada projeto pode receber até R$ 300 mil para ser executado. Para participar, as empresas devem procurar as federações em seus estados. “Os projetos devem atender às necessidades de um grupo de empresas organizadas em arranjos produtivos locais ou outras aglomerações produtivas”, explica a analista de Políticas e Indústria da CNI, Suzana Peixoto.
Entre as empresas que serão contempladas nessa etapa do Procompi estão indústrias de produtos de limpeza e conservação da Bahia, do arranjo produtivo de redes de dormir do Ceará, do setor de reciclagem do Mato Grosso, da construção civil de Rondônia, entre outras. De acordo com Suzana, o programa lançará outra chamada este ano, com recursos no valor de R$ 11 milhões.
Desde 2000, quando o Procompi passou a operar no atual formato, mais de 4,8 mil empresas em 242 projetos foram atendidas. “Apoiamos diversas ações que elevam a produtividade das empresas, sejam no processo produtivo, novos mercados, fortalecimento do setor em ações de associativismo, gestão de eficiência energética, entre outras áreas”, detalha Suzana.
SORVETES – Redução de custos de produção, maior qualidade do produto, ampliação do número de clientes e de mercados atendidos. Esses foram alguns resultados alcançados por 20 indústrias de sorvetes de Fortaleza, graças à capacitação, às consultorias e oficinas financiadas pelo Procompi.
Com o apoio do Instituto Euvaldo Lodi do Ceará (IEL/CE), da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) e do Sebrae estadual, as indústrias elaboraram um projeto que foi selecionado em 2007. Nos dois anos seguintes, elas receberam consultoria e foram capacitadas nas áreas de qualidade e produtividade, tecnologia e inovação, responsabilidade social, associativismo e marketing. Os empresários participaram também de feiras e missões técnicas para se atualizarem nas práticas desenvolvidas pelo mercado.
“O setor estava desestruturado e o sindicado em formalização. Houve a regularização do sindicado, a mobilização e capacitação das empresas”, recorda a gerente da Área de Prospecção e Tendência do IEL do Ceará, Margaret Teixeira. Dentro do Sindicato das indústrias de Sorvetes do Estado do Ceará (Sindsorvetes), foram criadas a Central de Negócios e o Código de Conduta Ético.
Na Central de Negócios, as empresas sindicalizadas negociam juntas com os fornecedores. “Unidas, elas conseguiram barganhar preços até 50% mais baixos do que os obtidos quando agiam sozinhas. Foi o que ocorreu com o leite usado nos sorvetes”, explica Teixeira. Já o Código de Conduta Ético inibiu a concorrência desleal. “Antes víamos as demais empresas do setor como concorrentes. Hoje sabemos que podemos crescer mais se formos parceiros”, compara o dono da Sorveteria Sorbetto, Roberto Botão.
Além de introduzir novas técnicas de produção, as empresas fizeram uma campanha maciça de divulgação do sorvete como alimento. “Colocamos os produtos dentro das grandes redes de supermercado”, observa Teixeira. “Hoje as embalagens são personalizadas e os produtos são de melhor qualidade. Ampliamos a quantidade de sabores e aprendemos a calcular os custos para precificar o sorvete”, relata Botão. Com isso, a produção das indústrias cresceu 86% e o faturamento, 62%.
Fonte: CNI