Brasília – Com as descobertas nas bacias de Campos, Santos e Espírito Santo e as reservas da camada pré-sal, o Brasil pode se transformar em importante produtor e exportador de gás natural. Mas as perspectivas para o consumo do combustível, fonte e energia mais limpa do que o carvão e o óleo diesel, não são tão promissoras. O aumento da demanda interna depende da definição de uma política que garanta preços competitivos, transporte e abastecimento adequados. Também depende da ampliação da concorrência em todas as etapas da cadeia de produção.
O alerta é do estudo Gás natural – uma proposta de política para o país, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com o trabalho, o grande desafio para o setor é a criação de um ambiente competitivo que dê segurança aos consumidores. “Há que se agir positivamente nesse mercado, já que sua atual estruturação não permite seu desenvolvimento segundo regras competitivas”, diz o estudo.
Responsável por 40% do consumo de gás natural no Brasil, a indústria foi o grande motor do desenvolvimento do mercado do produto no país. De 2000 até 2008, o consumo do setor teve um crescimento médio anual de 9% e atingiu 27,5 milhões de metros cúbicos por dia em julho de 2008. Depois da queda registrada no final de 2008 e no início de 2009, quando eclodiu a crise financeira internacional, o consumo de gás na indústria voltou a aumentar e, em agosto de 2010, e retornou ao patamar de 27,3 milhões de metros cúbicos por dia.
No estudo, a CNI destaca que o Brasil pode aumentar e muito o consumo de gás natural, pois o combustível representa apenas 9% da matriz energética do país. Considerando um cenário conservador, sem mudanças na atual política de preços e sem uma estratégia de incentivo à geração de energia termelétrica a gás, o crescimento da demanda deve alcançar 3,5% ao ano até 2015, ritmo inferior à media anual registrada entre 2005 e 2010.
Entre as medidas sugeridas para estimular o aumento do consumo de gás e incentivar os investimentos nessa fonte de energia, estão a construção de gasodutos para levar o combustível a todas as regiões do país e a proibição de monopólios no transporte do produto. A indústria também entende que é necessária a definição de um volume anual de contratação de térmicas a gás e incentivos para o uso do combustível para produção de energia elétrica e térmica.
Na avaliação da CNI, é necessário ainda o desenvolvimento de um programa com incentivos e de financiamento para a conversão de motores a gasolina e a diesel de ônibus, caminhões e outros veículos que circulam nas grandes cidades. “O gás natural aplicado nesses veículos reduz comprovadamente todo tipo de emissões, por ter queima mais eficiente e não conter enxofre”, diz o estudo.
O trabalho é uma contribuição da CNI para o debate da questão energética no Brasil e servirá de base para a indústria propor ao novo governo políticas públicas que ampliem o mercado de gás e garantam maior competitividade ao país.
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Fonte: CNI