Valdir Novaki se formaliza com a ajuda do Sebrae/PR, diz que decisão vai melhorar atendimento e já tem planos de contratar mais um funcionário
Valdir Novaki, conhecido como Valdir, o Pipoqueiro, é o mais novo empreendedor individual do Paraná. Sua formalização foi consumada na semana que passou, na sede do Sebrae/PR, em Curitiba.
Com o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) em mãos, o empreendedor, famoso no Brasil por suas palestras sobre empreendedorismo, atendimento e varejo popular, pode, a partir de agora, emitir nota fiscal e desfrutar de vantagens previdenciárias e empresariais.
“Busquei a formalização para atender cada vez melhor meus clientes e fornecedores. E também porque eu não contribuía para o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Agora terei condições de contratar mais um funcionário”, justifica Valdir Novaki, hoje com 40 anos.
Apaixonado pela profissão, a qual se dedica há dez anos, mudou-se para Curitiba aos 18 anos, em 1988, com o sonho de tornar-se dono do próprio negócio. Não imaginava que seria um pipoqueiro famoso, não apenas por seus produtos, de primeira linha, mas pelo seu estilo arrojado de empreender.
Os clientes de Valdir, o Pipoqueiro, contam com cartão-fidelidade, que dá direito à pipoca de graça depois da compra de um determinado número de pacotes; kits de higiene, composto por guardanapo, álcool 70, palito de dente, bala de hortelã e sachê com fio dental; e atendimento 100% personalizado.
“O comércio precisa atender bem. Para isso, tomei cuidados. Antes de vender a minha pipoca reuni 30 potenciais clientes e os dividi em seis grupos. Os potenciais clientes provaram o produto até aprová-lo. Além disso, mantenho medidas precisas, tanto para fazer pipoca doce quanto para fazer a salgada. Daqui a 20 anos, meus clientes comerão a mesma pipoca.”
A receita deu certo. Hoje, são inúmeros os pedidos de franquia, ainda sob a análise do empreendedor. O que mais chamou a atenção está em seu site www.pipocadovaldir.com.br, um pedido vindo do Marrocos, na África.
Trajetória
Em São Mateus do Sul, onde nasceu, Valdir Novaki era boia-fria, filho de uma família numerosa. “Meus irmãos diziam para eu ser caminhoneiro, mas eu dizia que queria trabalhar com venda de pipoca e que isso daria dinheiro.”
Mas antes de trabalhar com pipoca, o caminho profissional foi árduo. Valdir Novaki atuou como lavador e manobrista de carros. Também trabalhou durante longo período numa banca de revistas, na Praça Rui Barbosa.
Aliás, o sonho de ter seu próprio carrinho de pipoca nasceu vendo a movimentação dos camelôs e vendedores ambulantes que circulavam na Rua Barbosa. “Em 1992, entrei com um pedido para trabalhar na praça.”
Foram 14 anos entre o pedido de ponto comercial até autorização concedida pela Prefeitura de Curitiba. No dia 24 de agosto de 2006, Valdir Novaki passou a ter ponto fixo, na Praça Tiradentes, outro cartão postal da Capital.
“Quando me perguntam o que gosto mais, se dar palestras sobre o meu caso de empreendedorismo ou fazer pipoca, sempre digo que gosto mais de fazer pipoca e de manter contato com os meus clientes”, assinala.
Atendimento
Por R$ 2,50, valor cobrado por um pacote grande com pipoca doce (com coco ou achocolatado) ou salgada (com bacon), Valdir, o Pipoqueiro, promete o que os especialistas em varejo chamam de “experiência de consumo”.
“Uso um pacote especial (para não passar gordura), óleo de primeira, dou ‘chorinho’ para meus clientes e sempre, de segunda a sexta-feiras, das 11h30 às 19h30, o carrinho do Valdir está a postos, atendendo.”
“O kit higiene, cartão fidelidade e um carrinho de alumínio, revestido de fórmica, o que garante muito mais higiene, também são outros diferenciais que tenho diante da concorrência”, assegura.
O empreendedor destaca a importância de atender bem. Por isso, faz questão de manter atualizado seu site na internet.
Vantagens
O Paraná já possui 56.624 empreendedores individuais, distribuídos em 397 dos 399 municípios paranaenses, o equivalente a 10% do total de informais estimados no Estado, de acordo com informações do Portal do Empreendedor, no período de setembro de 2009, quando as formalizações passaram a ser possíveis no Paraná, a 13 de abril deste ano.
“O Empreendedor Individual é uma figura jurídica criada pela Lei Complementar 128/08, que ampliou os benefícios da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, para empreendedores com receita bruta anual de até R$ 36 mil”, explica Juliana Schvenger, consultora do Sebrae/PR que auxiliou na formalização de Valdir, o Pipoqueiro.
“Ao formalizar sua atividade, o empreendedor individual ganha a proteção da Previdência Social. O trabalhador passa a ter direito à aposentadoria por idade, por invalidez, salário-maternidade e auxílio-doença”, complementa.
“O Empreendedor Individual é enquadrado no Simples Nacional e está isento dos tributos federais”, destaca Cesar Rissete, coordenador estadual de Políticas Públicas do Sebrae/PR. Além disso, passa a ter o registro no CNPJ. Mais de 400 ocupações se enquadram no perfil de empreendedor individual. Entre elas, doceira, pipoqueiro, borracheiro, barbeiro, artesão, carpinteiro, encanador, engraxate, jardineiro e jornaleiro.
Para se cadastrar como empreendedor individual, assinala Rissete, o cidadão que trabalha por conta própria não pode ter sócio ou ser dono de qualquer outra empresa. Pode ter um empregado contratado que receba o salário mínimo ou o piso da categoria. A inscrição se dá exclusivamente pelo Portal do Empreendedor, no www.portaldoempreendedor.gov.br.
Fonte: Sebrae/PR