Federação paranaense discute gargalos da indústria de alimentos

CuritibaA Federação das indústrias do Estado do Paraná (FIEP) promoveu na última quinta-feira (12/5), durante a reunião do Fórum Setorial de Alimentos de Origem Vegetal (cadeia do trigo), uma discussão sobre a infraestrutura logística deficiente e a guerra fiscal travada entre os estados. Os dois temas são considerados os principais gargalos para o desenvolvimento da indústria de panificação, moagem de trigo e produção de massas e biscoitos do Paraná.

A finalidade da reunião foi levantar as demandas e oportunidades do setor para dar continuidade ao trabalho iniciado em 2009, quando ocorreu a primeira edição dos fóruns setoriais. Naquela ocasião os empresários apontaram os principais problemas do setor que poderiam ser enfrentados dentro da esfera de atuação da FIEP, governo estadual e das empresas e sindicatos. Naquele momento preocupava os agentes produtivos da cadeia do trigo, dentre outros fatores, a falta de mão de obra qualificada, a precária condição da infraestrutura logística paranaense, o alto custo da energia elétrica e a necessidade de aumentar o consumo de farinha de trigo. Hoje, o consumo anual de farinha pelos brasileiros é de 40 quilos per capita, metade do consumo argentino.

O setor de alimentos de origem vegetal é estratégico para a economia paranaense. O estado é o maior produtor nacional de trigo, com cerca de 2,8 milhões de toneladas por ano, e possui o maior parque moageiro do país, com 75 moinhos em atividade. No setor da panificação são gerados cerca de 80 mil empregos nas 3.700 padarias existentes no estado.

Para enfrentar a falta de mão de obra, a FIEP promoveu, por meio de uma parceria do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Paraná (SENAI/PR) com a Faculdade Assis Gurgacz (FAG), de Cascavel, um curso de moleiro. Outra iniciativa foi o curso de panificação, com duração de 160 horas, que tem como objetivo formar padeiros e confeiteiros.

TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO– No que se refere à logística, dois problemas vêm prejudicando a competitividade do setor de alimentos vegetais. O primeiro diz respeito ao transporte via navegação de cabotagem. No caso do Brasil, os empresários paranaenses reclamam da reserva de mercado do governo federal, que tem exclusividade neste tipo de operação.

O alto custo deste modal inviabiliza o envio da farinha do Paraná para os estados do Nordeste, onde há grande demanda deste produto. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado do Paraná (Sinditrigo/PR), Marcelo Vosnika, hoje estes estados importam a maior parte da sua demanda dos Estados Unidos e da Argentina. “Se não resolvermos este problema logístico, nunca seremos autosuficientes”, disse.

Ainda na esfera logística, a questão do armazenamento é outro ponto a ser enfrentado pelo setor. Segundo Everson Leão, economista da FIEP que acompanha esta cadeia produtiva, hoje os silos não realizam a separação adequada dos vários tipos de farinha de trigo que são produzidos no estado.

GUERRA FISCAL – Outro entrave para a competitividade dos produtos da cadeia do trigo no Paraná é a guerra fiscal empreendida entre os estados brasileiros, onde os incentivos e subsídios fornecidos pelas unidades da federação são concedidos de forma heterogênea. A proposta dos empresários e sindicatos é que o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) seja unificado nos estados do Sul e Sudeste. “Temos que equalizar a carga tributária”, sugere José Onório de Tófoli presidente dos Moinhos Anaconda.

O ICMS incidente sobre a energia elétrica é outra questão preocupante para os empresários. Este é um dos principais custos inerentes à atividade de moagem e panificação, que foi apontado no fórum setorial de 2009. Para o presidente da FIEP, Rodrigo da Rocha Loures, este tipo de demanda pode ser encampada pela federação junto ao governo desde que haja uma mobilização maciça do setor. “Fica mais fácil defender uma bandeira conjunta.”, observou.

Participaram do Fórum Setorial representantes dos sindicatos da panificação dos Campos Gerais, de Curitiba, de Londrina e de Cascavel, além do Sindicato das Indústrias Moageiras e do Sindicato das Indústrias de Massas e Biscoitos.

Fonte: CNI