Brasília – O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a União Brasileira de Avicultura (UBABEF) pediram ao governo chinês a certificação de mais 41 frigoríficos para a exportação de frangos. Com isso, a expectativa é de que o país asiático passe a importar 300 mil toneladas de frango ainda este ano, o dobro da quantidade atual. De acordo com o gerente de Relações Comerciais da UBABEF, Adriano Zerbini, as 24 indústrias certificadas operam hoje com 100% da capacidade instalada e não há possibilidade de transferir a produção a outras empresas, por causa das exigências sanitárias e técnicas do governo chinês.
“Muitas vezes, os processos não acontecem na velocidade que a UBABEF e o governo querem”, avaliou Zerbini. A afirmação foi feita durante o painel Oportunidades de Investimento no Brasil: Agronegócio, no Encontro Empresarial Brasil-China, realizado nesta segunda-feira, 16 de maio, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília.
As exportações de frango brasileiro para a China cresceram 1.028% no ano passado, segundo dados da aduana chinesa. A expansão se deve a um conflito comercial entre os chineses e os norte-americanos. Em represália à decisão dos Estados Unidos de taxar as importações de pneus chineses, a China passou a cobrar uma taxa antidumping de 105% sobre o frango americano. Com isso, os chineses passaram a comprar frango do Brasil.
E essas exportações podem crescer ainda mais. Conforme Zerbini, a China é um mercado com potencial gigantesco e pode triplicar o consumo de carne de frango até o final da década. “O Brasil tem plenas condições técnicas e sanitárias de exportar produtos agropecuários, tanto que o faz para 200 países”, completou o assessor técnico da Secretaria de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Maurício Fleury.
Além do agronegócio, a infraestrutura e a energia foram discutidas durante o encontro, que reuniu 180 empresários chineses e brasileiros. A especialista em Política Pública e Gestão Governamental da Secretaria do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Verônica Sanches da Cruz Rios, detalhou os investimentos do PAC 2. Ela explicou que o programa contempla obras que vão preparar o Brasil para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Também ampliarão a logística, melhorarão o saneamento básico e aumentarão a oferta de moradias e de energia.
“Os investimentos até 2014 são de US$ 526 bilhões na área de óleo e gás, US$ 22 bilhões na Marinha Mercante, US$ 500 milhões em combustíveis renováveis e outros US$ 500 milhões em estudos de conhecimento de território para exploração mineral”, informou Verônica durante a apresentação do painel de Oportunidades de Investimentos no Brasil: Infraestrutura. Segundo ela, para área de energia elétrica estão previstos investimentos de US$ 57 bilhões no mesmo período. O recurso será aplicado na construção de 54 hidrelétricas que gerarão 47 mil megawatts.
Na avaliação do vice-presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base (ABDIB), Ralph Lima Terra, as principais oportunidades de atração de investimentos estão nas áreas de energia elétrica, óleo e gás, transporte e telecomunicações. “Nosso estudo mostra que o investimento requerido para os próximos cinco anos será de US$ 496,6 bilhões nesses setores”, afirmou.
Para ele, as leis que criaram as Parcerias Público-Privadas e a de Concessão de Serviços Públicos podem ser uma alternativa para os chineses. “Para os próximos 10 anos o Brasil planeja a construção de mais de 36 mil quilômetros de linhas de transmissão de energia e uma série de subestações. Nos próximos 25 anos, há a previsão de construção de 43 mil quilômetros de estradas pavimentadas, destacou Terra.
Para o presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE), José Simões, que participou do painel sobre Oportunidades de Investimento no Brasil: Energia, o país tem uma economia madura que pode acolher os investimentos dos empresários chineses.
“As nossas demandas são grandes como a dos chineses na área de energia e as nossas possibilidades de parcerias são bastante oportunas. Temos um país com riquezas naturais, mas para explorá-las precisamos desse reforço de infraestrutura”, afirmou Simões.
O diretor de Operações da CNI, Carlos Abijaodi, acredita que o Encontro Empresarial Brasil – China é importante para aproximação entre os dois países e o desenvolvimento de negócios e parcerias. “A infraestrutura é fundamental neste momento em que o Brasil vai receber eventos esportivos. Mas é imprescindível para que possamos nos desenvolver adequadamente e atender às exigências do mundo globalizado”, ressaltou Abijaodi.
Fonte: CNI