“Tem uma curva de aprendizagem que não se consegue acelerar mais do que a um certo ritmo, independente da quantidade de pessoas ou do dinheiro que se coloque. Aprender a fazer tecnologia é mais complicado”, explica Chamon ao ressaltar que o projeto do satélite também tem como objetivo desenvolver tecnologia local.
Segundo ele, a dificuldade principal está nos componentes eletrônicos. “Em toda a parte de mecânica já temos maior segurança”. Algumas peças produzidas não resistem às câmaras que simulam a variação de temperatura, vácuo e de impacto. “Às vezes, quebra. Volta para a bancada, daí se refaz e estuda. É um problema de aprendizado”.
Para a consultora legislativa da área de ciência e tecnologia da Câmara dos Deputados, Elizabeth Veloso, a industria espacial nacional tem dificuldade de se desenvolver por “falta de continuidade” do Programa Espacial Brasileiro. “Não há fluxo de compra”, afirma, acrescentando que não “há prioridade”, “faltam recursos” e “não há compromisso com o atendimento de metas”.
Em sua opinião, o mau desempenho do programa deixa o país “à mercê das grandes potências” e “totalmente dependente” para monitorar por satélite a ocupação de terras e o desmatamento florestal, vigiar fronteiras, prestar serviços de previsão do tempo e prevenção de catástrofes (como enxurradas e grandes estiagens), descobrir riquezas mineiras e atender às demandas de telecomunicações, como a ampliação da banda larga.
Para o empresário Célio Costa Vaz, diretor da Orbital Engenharia Ltda, o programa espacial “encontra-se em espiral descendente”, conforme escreveu em artigo publicado na última semana na internet, na página da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) (http://www.sae.gov.br/site/wp-content/uploads/espacial_site.pdf). “As empresas brasileiras dificilmente conseguem sobreviver apenas como fornecedoras do programa espacial e encontram dificuldades para se qualificar e competir no mercado internacional”, acrescenta.
A Orbital acabou de entregar para o Inpe o modelo de voo do gerador solar para o satélite Cbers 3, que o Brasil desenvolve com a China e pretende lançar em setembro de 2012 – interrompendo um apagão de satélites próprios desde abril do ano passado, quando terminou a vida útil do Cbers 2b. Conforme o empresário, a industria espacial brasileira sofre com a falta de “encomendas tecnológicas” e “maior volume e regularidade nas contratações realizadas para os projetos operacionais”.
Além do Amazônia 1, há atrasos também e indefinições no cronograma do satélite do Programa Internacional de Medidas de Precipitação (em parceria com os Estados Unidos), do Satélite de Sensoriamento Remoto com o Imageador Radar (Mapsar, parceria com a Alemanha), e do Satélite Lattes (para experiências científicas).
Fonte: Agência Brasil