Fecomercio realiza evento para discutir soluções viáveis para o setor de comércio e serviços lidar com resíduos provenientes de embalagens
São Paulo, 09 de agosto de 2011 – A logística reversa é um dos principais desafios da cadeia de consumo no País atualmente. Estima-se que apenas na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), cada pessoa gera cerca de um quilo de lixo/dia, ou seja, apenas essa parcela do Estado é responsável por descartar diariamente mais de 19 milhões de toneladas. Após a aprovação pelo Congresso Nacional da Lei n° 12.305, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), algumas soluções foram apresentadas e juntamente com as obrigações surgiram impasses entre produtores, comerciantes e consumidores. Para apresentar soluções para o setor a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), realizou na manhã desta terça-feira (9), o seminário “Logística Reversa de Embalagens – Da Teoria a Prática”.
Para o presidente do Conselho de Sustentabilidade da Fecomercio, José Goldemberg, é preciso tomar como exemplo gestões realizadas no exterior e implementá-las no País. “Apenas como exemplo, a quantidade de caçambas em São Paulo é um absurdo. Basta passar por cidades americanas e japonesas para ver que isso é bem diferente”, afirma. Os especialistas presentes no debate foram unânimes ao afirmar que na maioria dos casos, as ações públicas são falhas e acabam prejudicando outros setores. “O varejo investe em pontos de entrega voluntária e essa é uma iniciativa importante, mas ela tem que ser complementar a coleta seletiva municipal que vai garantir volumes significativos para abastecer a indústria de reciclagem”, explica André Vilhena, diretor-executivo do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre).
Segundo Vilhena, no caso da capital paulista, falta governança na gestão e o município poderia se espelhar em ações desenvolvidas em Curitiba e Porto Alegre, por exemplo. “A prefeitura de São Paulo deveria se organizar no ponto de vista da gestão, porque recursos têm. É mais uma questão de vontade política do que técnico-operacional”. Entretanto, para o diretor de comunicação da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), Hermes Cortesini, há o que comemorar. “Em 2009, o País já reciclava quase 56% de todo o PET produzido e, hoje, os carros fabricados no Brasil utilizam tapetes manufaturados a partir desse material reciclado”.
Um dos principais problemas que envolvem o reaproveitamento de insumos é o alto custo do transporte pelas dimensões territoriais do País. “O problema da reciclagem do Brasil é a logística reversa. A dificuldade está em trazer o resíduo sólido de volta para ser reciclado”, opina Ana Paula Bernardes, gerente de projetos da Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (Abividro). “Nós precisamos de um sistema mais inteligente e coordenado, com inteligência para que as iniciativas não se subtraiam”, completa Ana.
Já o consultor da Agência Nacional dos Aparistas de Papel (Apap), Manoel Pedreca, lembra que em breve poderá haver um impasse econômico pelas regras estabelecidas pela PNRS para o setor. “A produção atual é de 7 milhões de toneladas/ano e nós reutilizamos cerca de 4 milhões. Se aumentarmos a produção de material reciclado, vai subir a oferta e diminuir demais o preço do produto”. A grande dificuldade está em equilibrar os investimentos e vantagens obtidos por meio da logística reversa, mas para isso é necessário estabelecer incentivos ficais por parte do governo, além da participação de empresários em geral e a conscientização da sociedade. “Se pensarmos apenas no lucro e não olharmos para o meio ambiente, vamos entrar em um sistema de caos”, finaliza a gerente de projetos da Abividro. E no dia 27 de setembro, a Fecomercio volta a debater as estratégias para reciclagem e logística reversa, desta vez para resíduos eletrônicos.
Fonte: Imprensa Fecomercio