BNDES prevê aumento de 20% nos investimentos japoneses

Salvador – Os investimentos diretos japoneses no Brasil deverão se elevar em pouco mais de 20% este ano, atingindo US$ 12 bilhões, previu nesta quarta-feira, 10 de agosto, o superintendente da área internacional do BNDES, Sérgio Foldes, em debate na 14ª Reunião do Comitê de Cooperação Econômica Brasil-Japão. O encontro, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI)e sua congênere japonesa, Nippon Keidanren, reuniu durante dois dias, em Salvador, mais de 200 empresários dos dois países.

Segundo Foldes, os investimentos japoneses serão aplicados principalmente nos setores automotivo, eletro-eletrônico, siderúrgico e farmacêutico. Informou ele que o recente acordo firmado entre BNDES e JBIC (Japan Bank For International Cooperation) para uma linha de crédito de até US$ 3 bilhões em projetos de infraestrutura no Brasil deverá atrair mais empreendimentos japoneses para os segmentos de energia elétrica, petróleo e gás.

No painel do qual Foldes participou, sobre finanças, o diretor-presidente do Banco Sumitomo Mitsui no Brasil, Teruhisa Konish, queixou-se de que as altas taxas de juros praticadas no país afugentam a demanda por empréstimos a empresas, especialmente de longo prazo.

SEM SOLUÇÃO – Outra queixa dos empresários japoneses – o fim de vôos diretos entre São Paulo e Tóquio, desde março último, pelas dificuldades financeiras da JAL (Japan Airlines) – não terá solução no curto prazo.

O diretor-executivo da All Nippon Airways, Hiromichi Toya, que participou do painel, comunicou não estar nos planos da companhia a realização de voos diretos entre os dois países. Toya disse que a All Nippon Ayrways se limitará a estender para a Ásia vôos da TAM. Os empresários afirmaram que a ausência de vôos diretos dificulta não só o trânsito de dirigentes das empresas japonesas e brasileiras, como o intercâmbio de técnicos, com prejuízos à transferência de tecnologia.

Os empresários japoneses criticaram também a precariedade da infraestrutura brasileira, especialmente de ferrovias, e o sistema tributário do país, pela sua complexidade. De acordo com os presidentes da Multigrain, Nobuhiko Tomishima, e da Sumitomo Chemical do Brasil, Toshiaki Matsushita, são dois dos fatores que encarecem a produção agrícola. A crítica foi endossada pelo presidente da Abipecs (Associação Brasileira da indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína), Pedro de Camargo Neto, moderador dos debates sobre agricultura.

Ao final da 14ª Reunião do Comitê de Cooperação Econômica Brasil-Japão, os empresários dos dois países concordaram que a exploração de petróleo da camada do pré-sal e as obras de infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 são ótimas oportunidades não apenas para ampliar os negócios bilaterais, como para promover a absorção de tecnologia de ponta japonesa.

“Espero que estas oportunidades sejam concretamente trabalhadas para que atinjam os resultados almejados”, declarou, ao encerrar a 14ª Reunião, o presidente brasileiro do Comitê, José de Freitas Mascarenhas, que preside a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), local do encontro.

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Fonte: Agência Brasil