Pela primeira vez no Paraná, e com mais de 1 mil inscritos, evento científico abre as portas para a troca de experiências com empresários do setor; atividades seguem até quarta-feira, dia 14
Soma de diferentes olhares na direção de um único foco, o mercado da moda é uma equação que contribui significativamente para a construção do desenvolvimento do setor do vestuário brasileiro. Ao seguir essa proposta de estímulo ao intercâmbio científico, o VII Colóquio Nacional de Moda, realizado de 11 a 14 de setembro em Maringá, no noroeste do Paraná, também abre espaço, pela primeira vez, para empresários compartilharem experiências práticas.
Mais de 1 mil participantes, de todo o Brasil e do exterior, movimentam o evento, que é o maior congresso científico de moda do País. Realizado anualmente, desde 2005, o congresso conta com o apoio do Sebrae/PR e, neste ano, acontece pela primeira vez no Estado.
A coordenadora estadual do setor de Vestuário do Sebrae/PR, Carla Werkhauser, palestrou, durante o evento, sobre moda e consumo. Segundo ela, o congresso científico é muito acertado porque é impossível desvincular a formação acadêmica da necessidade e realidade do mercado. “O potencial da moda brasileira tem se configurado no potencial criativo, e micro e pequenas empresas do setor têm se despertado para a importância de agregar valor ao produto”, salienta.
Carla Werkhauser explica que o público consumidor brasileiro é ávido por produtos com identidade nacional. O País, inclusive, é um dos grandes mercados consumidores de moda do mundo e, por isso, há marcas que almejam se instalar no Brasil. “Essa é a oportunidade de as nossas empresas conquistarem o mercado interno, buscando consolidação por meio da produção de moda e design”, analisa.
A coordenadora estadual do Vestuário do Sebrae/PR avalia ainda que Maringá e região é um campo fértil para o setor. Considerado como o segundo maior polo confeccionista do País, a localidade também é famosa pela força na produção de moda jeans. Ao todo, são 1.200 indústrias do vestuário e seis shoppings atacadistas que geram 25 mil empregos diretos e 60 mil indiretos, com produção de 7 milhões de peças por mês e faturamento mensal de R$ 130 milhões.
“A região de Maringá reúne instituições de ensino superior, polo industrial, capital social, lideranças empresariais e políticas, canais de comercialização e grandes marcas reconhecidas nacionalmente. A integração desses itens é um potencial para o crescimento”, salienta Carla Werkhauser. Ela informa ainda que Juliana Ferreira Borges, coordenadora do Projeto de Indústria de Confecção do Sebrae Nacional, também esteve presente no Colóquio Nacional de Moda.
O consultor do Sebrae/PR e gestor do Projeto Polo do Vestuário do Noroeste, Élvio Saito, também considera o encontro como fundamental para a aproximação entre universidades e empresas. “Os debates acadêmicos apresentam soluções científicas que, muitas vezes, servem de solução para várias empresas do setor. Além disso, proporciona troca de experiência e relacionamentos”, avalia.
O gestor do Sebrae/PR também descara que o VII Colóquio Nacional de Moda é uma realização conjunta das instituições de ensino superior que integram a Rede de Ensino Superior de Moda do Paraná (REDEModa). “Este é um modelo inovador que visa a gestão da produção acadêmica e o desenvolvimento do setor do vestuário”, esclarece. Élvio Saito acrescenta que a visão de integração do evento permitiu às empresas do Projeto Polo do Vestuário do Noroeste do Paraná a oportunidade de ter acesso às pesquisas e conhecimentos.
Maria de Fátima Mattos, presidente do Colóquio Nacional de Moda, explica que o evento proporciona o relacionamento entre pesquisadores, acadêmicos, profissionais da moda e de áreas correlatas, como Psicologia, Sociologia, Marketing, Jornalismo, Administração, Artes Plásticas, Design e História, além de participantes de outros países, como Portugal, Itália, Inglaterra e Argentina. “Estamos juntos para aprender algo novo e, por isso, o evento não tem uma forma fashion, e sim educativa”, esclarece.
Revolução
Katia Castilho, presidente da Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas em Moda (Abepem), assegura que a moda vive um momento ímpar no Brasil. Atualmente, são 150 instituições de ensino superior no País que oferecem 200 cursos de moda e design. “Para se ter ideia, esses números superam os da Europa. Isso significa que estamos promovendo uma revolução na moda brasileira, construindo a nossa identidade”, reforça.
No entanto, a presidente da Abepem observa que muitas empresas ainda resistem à contratação de profissionais com bagagem acadêmica, por causa dos custos. Bem como as instituições de ensino, muitas vezes, não desenvolvem pesquisas que possam ser aplicadas, de acordo com a realidade das empresas. “O País tem investido no desenvolvimento da moda e, a médio e longo prazo, todo esse trabalho deve contribuir para o estabelecimento de um novo modelo cultural, no qual haja integração entre a academia e o mercado”, avalia.
Nesse processo de desenvolvimento, Dorotéria Pires, designer, docente e pesquisadora da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e vice-presidente da Abepem, argumenta que a empresa que não acompanhar a dinâmica do mercado, ficará defasada. “Hoje, o que rege a moda é o comportamento do consumidor e, para compor produtos adequados, é preciso analisar o estilo de vida das pessoas. Na soma de esforços, a academia ajudar a entender o perfil do consumidor, uma vez que a dificuldade das empresas é justamente estabelecer a definição de público”, avalia.
Gustavo Rocha, empresário do O Casulo Feliz, de Maringá, está satisfeito com a oportunidade de apresentar seus produtos e experiência de mercado, especialmente para os jovens acadêmicos. “Participamos da formação desses futuros profissionais e a nossa preocupação é apresentar as tendências de sustentabilidade que vivenciamos na prática. É importante destacar que a aproximação de empresa e universidade não tem só finalidade econômica, mas visa o futuro que queremos construir”, completa Gustavo Rocha.
Realização
O evento é uma promoção da Abepem com realização da REDEModa: Centro Universitário de Maringá (Cesumar), Universidade Paranaense (Unipar), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) – Campus Apucarana, Universidade Estadual de Maringá (UEM) e Universidade Estadual de Londrina (UEL).
São apoiadores estratégicos: Senai Centro Tecnológico de Maringá, Sebrae/PR, Sindicato da Indústria do Vestuário de Maringá (Sindvest), Prefeitura de Maringá, Prefeitura de Cianorte, Convention & Visitors Bureau de Maringá e Região, Arranjo Produtivo Local de Cianorte, Universidade Estadual do Paraná – Campus Campo Mourão e o Sindicato das Indústrias de Confecções de Cianorte e Região (Sinveste).
O VII Colóquio Nacional de Moda segue até esta quarta-feira, dia 14. Para mais informações, acesse: http://coloquiomoda.com.br.
Fonte: Sebrae/PR