Vacinas e orientações para turistas da terceira idade

Jaime Rocha, infectologista e especialista em Medicina do Viajante , é quem dá as orientações

Novembro costuma ser o mês de preparar as viagens de final de ano. E a terceira idade está cada vez mais investindo em turismo. O crescimento de viagens da população com mais de 60 anos, considerada mais vulnerável, tem facilitado a disseminação de infecções, sobretudo vírus. Isso exige uma ampliação das coberturas vacinais dos grupos de risco. É o alerta de Jaime Rocha (CRM 17.227), infectologista e especialista em Medicina do Viajante do Frischmann Aisengart.

O infectologista reforça que a gravidade da maioria das doenças aumenta com a idade. E Rocha dá as orientações das vacinas indicadas para a terceira idade:

Dupla tipo adulto / Difteria e Tétano – As pessoas que hoje têm mais de 60 anos não foram, na adolescência e na infância, alvo de campanhas desta vacinação. Estas doenças acometem com frequência os idosos devido a ferimentos domésticos. É preciso tomar a vacina a cada dez anos. O adulto que nunca tomou a vacina ou desconhece quantas doses tomou deve receber três doses, com intervalo mínimo de 30 dias entre cada uma. Depois, é preciso tomar uma dose de reforço a cada dez anos. Se a pessoa se ferir e só tiver tomado uma dose ou não se lembrar de quantas tomou, precisará tomar as três doses, além do soro antitetânico. Existe ainda a tríplice bacteriana dTPa adulto, que protege adicionalmente contra a coqueluche, doença que tem se demonstrado importante na terceira idade.

Gripe / Influenza – Nos idosos, a infecção pode evoluir com mais facilidade para uma pneumonia. É bom lembrar que a gripe é diferente do resfriado, causado por outros vírus e com sintomas mais fracos. A vacina requer uma dose a cada ano, administrada nas campanhas de vacinação do Ministério da Saúde, normalmente no mês de abril. Segundo Rocha, a gripe é considerada uma das doenças infecciosas que mais preocupam as autoridades sanitárias no mundo. Estimativas indicam que a vacina contra a gripe provoca redução da mortalidade em até 50% entre a população idosa. Além disso, promovem a redução de 19% do risco de hospitalização por doença cardíaca e em até 23% do risco de doenças cerebrovasculares. Os pacientes idosos mantêm, em geral, a infecção por semanas e podem apresentar complicações. As mais frequentes são a pneumonia bacteriana, a pneumonia viral primária e o agravamento de doenças crônicas pré-existentes.

Preventiva de Pneumococos / Pneumonia – Protege o organismo contra a pneumonia causada pela bactéria pneumococo. Em pessoas com mais de 60 anos, a doença é três vezes mais frequente, além da mortalidade ser maior, razões pelas quais a vacina se torna importante nesta faixa etária. No sistema público de saúde, ela é destinada a idosos hospitalizados ou internados em casas geriátricas e asilos. A vacina tem uma única dose, com reforço após cinco anos. A pneumonia, em particular a pneumonia pneumocócica acima dos 75 anos, é uma das primeiras causas de mortalidade nesta faixa etária.

Hepatite B – A hepatite é uma doença do fígado que, em algumas pessoas, não apresenta sintomas. No caso dos idosos, o risco é que a hepatite B evolua para formas mais graves. A vacina contra a hepatite B tem indicação universal, ou seja, todos deveriam tomá-la, sendo recomendadas três doses – duas com intervalo de um mês e a terceira, cinco meses após a segunda dose.

Febre amarela – A febre amarela é uma doença infecciosa com duração de, no máximo, dez dias. Nos idosos, a febre amarela pode evoluir para um quadro mais grave, como queda de pressão, sangramentos e icterícia. A vacinação deve ser realizada dez dias antes da data marcada para a viagem às regiões de risco. Quem já tomou a vacina deve se imunizar novamente e esperar três dias para iniciar a viagem. Vale lembrar que o regulamento sanitário internacional exige a vacinação contra a febre amarela para diversos destinos e esta é uma vacina que deve ser discutida com seu médico, pois está contra-indicada para pessoas com alteração da imunidade

Além de todas estas vacinas listadas acima, conforme o destino pode haver indicação de outras vacinas com hepatite A, febre tifóide, cólera, entre outras.

Rocha lembra que a terceira idade também deve se lembrar de algumas questões fundamentais para garantir uma boa viagem:

– As doenças que mais complicam durante viagens são as doenças crônicas: Todas as doenças crônicas devem estar compensadas antes da viagem. Portadores de próteses e marcapassos devem ter declarações específicas;

– Levar medicamentos de uso habitual em quantidade suficiente: Medicamentos injetáveis necessitam declarações especiais (por exemplo, insulina não deve ser despachada e deve, sim, seguir junto do paciente e, para tanto, é necessária autorização prévia).Não se recomenda nunca a auto-medicação, mas o médico pode orientar seu paciente a montar um kit de medicamentos de uso habitual;

– Levar uma declaração de seu médico com resumo de suas doenças e sua atual situação de saúde;

– Lembrar sempre de ter um seguro viagem.

 

Fonte: Imprensa Frischmann Aisengart