Especialistas abordam em Curitiba os desafios da qualificação profissional

Curitiba – As empresas devem estar atentas a benefícios como ambiente saudável, estímulo à educação e inovação, valorização profissional, flexibilização das relações do trabalho e criação de ambientes de aprendizagem para atrair, qualificar e reter talentos, explicou o diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Rafael Lucchesi. Ele participou na última terça-feira (22/11), em Curitiba, do workshop Desafio da Qualificação, promovido pelo Serviço Social da Indústria do Paraná (SESI/PR)SENAI/PR e Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-PR).

“A cultura das organizações se traduz na soma dos indivíduos. São os profissionais de recursos humanos que vão se valer de um conjunto de tecnologias e ciência para trabalhar melhor e potencializar o capital humano nas organizações”, disse Luchesi, no encontro que reuniu empresários e representantes de mais de 100 empresas do Paraná.

Ao abrir os debates, o presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), Edson Campagnolo, destacou a responsabilidade dos profissionais de recursos humanos dentro das empresas. “Apesar da turbulência econômica mundial, existe no Brasil um grande potencial de consumo e de atração de investimentos”, disse ele, acrescentando que para atender as novas demandas é preciso uma força de trabalho eficiente e capacitada. “É a responsabilidade dos profissionais de recursos humanos elaborar estratégias para reter os talentos nas empresas”, disse Campagnolo.

Para a presidente da ABRH-PR, Sonia Gurgel, as parcerias são fundamentais para desenvolver ações concretas que ajudem os profissionais das empresas a traçar metas e planos de qualificação. “Hoje o mundo é complexo e precisamos fazer parcerias com instituições como o SESI e o SENAI, empresas e sindicatos. O Brasil precisa crescer. Para isso são necessários profissionais qualificados”, disse.

O workshop de Curitiba é o primeiro de uma série de eventos que serão promovidos em várias capitais. Segundo a presidente da ABRH-Nacional, Leyla Nascimento, uma das principais preocupações da entidade é a disseminação do conhecimento para os gestores de pessoas nas organizações. “Discussões sobre gestão de talentos e qualificação sempre estão na pauta da ABRH, mas agora teremos a oportunidade de conversar diretamente com as empresas”, disse ela.

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL X EDUCAÇÃO BÁSICA – Na avaliação de Luchesi, a educação profissional depende diretamente da qualidade do ensino básico. “Temos dificuldade em formar técnicos porque nossa matriz educacional incentiva o bacharelado. Não incentivamos a educação profissional. De cada 100 graduados no Brasil, cinco são engenheiros e arquitetos”, disse elei, ressaltando que o Brasil precisa pensar em uma agenda que não contemple apenas a qualidade da educação, mas também a matriz educacional.

Uma pesquisa realizada pelo SENAI Nacional mostra que a 53% da demanda futura de trabalhadores para a indústria, entre 2011 e 2014, será de cursos de qualificação com até 200 horas. A demanda por formação técnica será de 18%. Somente este ano, o SENAI registrou 2,3 milhões de matrículas em todo o país, das quais 377 mil destinadas à qualificação.

Segundo o economista Marcelo Neri, especialista em relações com o mercado, uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas sobre educação básica e educação profissional mostra que quem faz o ensino médio técnico tem retorno maior do que os quem fizeram apenas o ensino médio.

Para o diretor de educação da ABRH-Nacional, Luiz Edmundo Rosa, as empresas são atualmente os principais agentes de transformação do país. “É necessário incentivar o jovem a seguir uma carreira no setor produtivo. A maioria dos recém-formados quer fazer concurso público”, observou.

Fonte:  Agência CNI