“Os referentes do Brasil não estão mais limitados à América Latina; nossos referentes são o mundo em geral”.
Marcos Azambuja, embaixador aposentado.
1. BRIC, 10 ANOS
OS FATOS
Há dez anos o economista inglês Jim O’Neill usou, pela primeira vez, a sigla BRIC para se referir a um conjunto de países de escala que, se não pertenciam ao bloco das economias centrais – o então G-7 – também não estavam no Terceiro Mundo. Para ele, Brasil, Rússia, Índia e China seriam os principais indutores da economia mundial na primeira década do século 21. Hoje os BRICs, a que se juntou a África do Sul, são uma das novas realidades no Diretório Mundial no momento em que o mundo industrializado enfrenta a mais severa crise dos últimos tempos.
ANÁLISE (I)
O Brasil, em particular, foi projetado para o primeiro plano com a expectativa criada pela inclusão no grupo concebido por O’Neill, que não estava preocupado em repensar teorias; ele simplesmente “bolava uma sacada” para se destacar no cenário competitivo de seu banco de investimentos. “A marca ajudou o Brasil a se posicionar globalmente”, explica um professor da FGV;, e o jornal “The New York Times” avalia que essa colocação impulsionou a escolha do país para sediar a Olimpíada de 2016 – entre outros destaques.
ANÁLISE (II)
O economista O’Neill revela que incluir o Brasil entre os BRICs foi uma aposta arriscada: há dez anos, em plena crise desencadeada pelos ataques de 11 de setembro de 2001 aos Estados Unidos, o país tinha um perfil instável, de país devedor. “Hoje é uma forte economia, que passou a Itália em 2010 e deverá superar neste ano o PIB do Reino Unido. Mas que precisa enfrentar o desafio de reformas: reduzir a participação do Estado e conter a valorização da moeda para evitar a ‘doença holandesa’ – em que a exportação preferencial de commodities provoca desindustrialização”. Mas no geral a posição do país é favorável: acabamos de receber a visita da diretora do FMI, que veio ao Brasil… pedir dinheiro!
2. QUEREM INFLUIR
OS FATOS
Dirigentes de grandes empresas, reunidos no Fórum de Lideres Empresariaisem São Paulo, decidiram se aproximar do governo federal para influir nas políticas que dizem respeito aos rumos da política econômica nacional. “No Brasil a iniciativa privada investe pouco nesse relacionamento, como ações para influenciar na melhoria da educação, da segurança publica e da governança em geral”, avaliou Finho Levy, superintendente do Fórum de Lideres.
ANÁLISE
A nova postura da liderança empresarial é positiva, porque sua contribuição pode contribuir para melhorar o desempenho da economia brasileira, como tem feito o empresário Jorge Gerdau, líder de um grupo de interesse – o Movimento Brasil Competitivo – chamado a colaborar com propostas de eficiência junto ao Governo Dilma. Gerdau, que também está apoiando o Governo do Paraná, entende que com a adoção de práticas comuns ao universo gerencial o país pode corrigir disfunções visíveis (excesso de burocracia, gargalo na infraestrutura, desperdícios de gestão) para dar um salto no rumo do desenvolvimento.
3. RITMO LENTO
OS FATOS
A arrecadação conjunta dos três níveis de governo já se aproxima da casa de 1,4 trilhões de reais, com o governo federal cumprindo, até o terceiro trimestre, mais de 75% da meta de superávit primário do orçamento. Num cenário em que países entram em colapso porque seus governos não têm dinheiro para pagar as contas imediatas, é um conforto descobrir que o Tesouro brasileiro está solvável e dispõe de folga de caixa. A situação se repete nos Estados e Municípios que apresentam administração razoável, como o Governo do Paraná e o Município de Curitiba.
ANÁLISE
Mas esse panorama otimista esconde uma armadilha: os entes governamentais têm conseguido desempenho fiscal positivo menos por controlar os gastos e mais pela adoção de políticas de contínua expansão da carga tributária que, no conjunto, já se aproxima de 40% do PIB. O excesso de tributos – mais as obrigações conexas, derivados da constante inclusão ou mudança de regras fiscais – tende a inibir o crescimento econômico. O que explica parte das dificuldade do Brasil para acompanhar o ritmo dos outros países emergentes – como acaba de advertir Jim O’Neill, o guru dos BRICs.
4. JADER E LUPI
OS FATOS
O político João Capiberibe, ex-governador do Amapá e desafeto do senador José Sarney (igualmente representante daquele estado da Região Norte), acaba de tomar posse no Senado, após superar uma série de intrigas políticas que o levaram a ser barrado pela Lei da Ficha Limpa. Já outro político igualmente colhido pela mesma legislação, Jader Barbalho, do Pará, encontra dificuldades para reaver seu mandato de senador; enquanto o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, balança no cargo, fulminado por veto da Comissão de Ética Pública.
ANÁLISE
Capiberibe e Barbalho foram obstruídos, em sua marcha para chegarem ao Senado, pela polêmica legislação popular que atingiu os candidatos acusados de infrações eleitorais – mesmo para fatos anteriores à sua vigência. Com a retomada do julgamento, pelo Supremo da Lei da Ficha Limpa com restrições a quem renunciou para escapar à perda de mandato, Barbalho – ex-senador e ex-governador do Pará – se defronta com resistências, derivadas de sua turbulenta trajetória anterior. Já o ministro Lupi foi acusado de conduta antiética, com recomendação à presidente Dilma para seu afastamento da Pasta do Trabalho. Foi ouvido no Planalto e, por enquanto, permanece.
5. MUNDO COORDENADO
OS FATOS
Os bancos centrais Europeu, dos Estados Unidos, Canadá, Japão, Reino Unido e Suíça, decidiram no meio da semana, coordenar ações para prover liquidez ao sistema financeiro, o que favoreceu a reversão das expectativas negativas que ensombreciam o panorama internacional. Bastou essa perspectiva de injeção mútua de recursos nos órgãos deficitários para uma progressiva restauração das linhas de crédito interbancário, destravando a área de negócios entre as economias centrais.
ANÁLISE
A iniciativa de coordenação foi acionada pelo Governo dos Estados Unidos, depois que o presidente Obama reclamou da hesitação dos líderes europeus, divididos entre o monetarismo rígido da premier alemã e a incapacidade de ação de governantes apanhados em paralisia política. O alivio, contudo, tende a ser temporário, projetando dois cenários: ou a Europa evolui para uma cooperação mais estreita, no estilo de “Federação de países semi-soberanos” ou a crise de ajustamento se prolongará pela década – com repercussões gerais inclusive no Brasil.
Rafael de Lala,
Presidente da API e pela Coordenação da
Frente Suprapartidária do Paraná pela Democracia
e Grupo Integrado de Ações Federativas do Paraná
Contato: (41) 3026-0660 / 9167-9233 – api1934@gmail.com
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