Atividade Econômica do Paraná
A atividade econômica do estado apresentou menor dinamismo ao final do ano, com ênfase no recuo da produção industrial. Nesse ambiente, embora ocorressem expansão das vendas varejistas e manutenção do dinamismo no mercado de trabalho e no crédito, o IBCR-PR aumentou 0,7% no trimestre encerrado em novembro, em relação ao finalizado em agosto, quando crescera 4%, no mesmo tipo de comparação, considerados dados dessazonalizados. A análise em doze meses revela que o indicador aumentou 5% em novembro, em relação a igual intervalo de 2010, ante 5,6% em agosto.
O Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), vinculado à Secretaria Estadual do Planejamento, estima crescimento de 4,1% para o PIB do Paraná em 2011. Essa projeção reflete o dinamismo da indústria local, que desacelerou mais lentamente que a média nacional; o patamar ainda elevado dos preços das commodities, que favoreceram o agronegócio; e as condições favoráveis nos mercados de trabalho e de crédito, que exerceram desdobramentos positivos sobre as vendas varejistas e os demais setores de serviços.
Comércio
As vendas do comércio varejista paranaense aumentaram 1,6% no trimestre encerrado em novembro, em relação ao finalizado em agosto, quando cresceram 3,4%, neste tipo de análise, de acordo com dados dessazonalizados da PMC do IBGE. Ocorreram expansões nas vendas em seis dos oito segmentos que incorporam a pesquisa, destacando-se os relativos a móveis e eletrodomésticos, 4%, e a artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, perfumaria e cosméticos, 3,7%. O comércio ampliado, evidenciando as variações nas vendas de material de construção, 2%, e de veículos, motos, partes e peças, -3%, recuou 0,6% no trimestre.
Considerados períodos de doze meses, as vendas varejistas aumentaram 6,3% em novembro, em relação ao intervalo correspondente de 2010, ante 6,2% em agosto, enquanto o comércio ampliado registrou aumentos respectivos de 9,4% e 11,3%.
As vendas de veículos decresceram 2,2% no trimestre encerrado em novembro, em relação a igual período de 2010, de acordo com estatísticas da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave-PR) e do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado do Paraná (Sincodiv PR).
Indústria
A produção da indústria paranaense recuou 4% no trimestre encerrado em novembro, em relação ao finalizado em agosto, período em que se elevara 10,2%, em igual tipo de análise, de acordo com dados dessazonalizados da PIM-PF do IBGE. Oito das catorze atividades pesquisadas registraram resultados negativos, especialmente edição e impressão, 28,7%; máquinas, aparelhos e materiais elétricos, 12,5%; e máquinas e equipamentos, 5,4%. Em oposição, ressalte-se a elevação trimestral de 8,9% na indústria de celulose e papel.
Considerados períodos de doze meses, a indústria cresceu 5,2% em novembro, em relação a igual período do ano anterior, ante 5,8% em agosto, destacando-se os aumentos nas indústrias de veículos automotores, 28,5%, e de refino de petróleo e álcool, 11,1%.
As vendas reais da indústria paranaense cresceram 0,2% no trimestre encerrado em novembro, em relação ao finalizado em agosto, quando haviam aumentado 2,7%, na mesma base de comparação, consideradas estatísticas da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) dessazonalizadas pelo Banco Central. Destacaram-se os aumentos nos segmentos fabricação e montagem de veículos automotores, 6,4%; máquinas e equipamentos, 3,8%; e celulose, papel e produtos de papel, 2,9%.
O Nuci da indústria paranaense atingiu 79,7% em novembro, 0,7 p.p. acima do registrado em agosto. Considerados intervalos de doze meses, as vendas reais elevaram-se 5,8% em novembro, em relação a igual período do ano anterior, com ênfase no crescimento de 11% nas relativas a coque, refino de petróleo e produção de álcool.
O saldo das operações de crédito superiores a R$5 mil realizadas no Paraná totalizou R$119 bilhões em novembro, elevando-se 6,5% em relação a agosto e 23,3% em doze meses. Os empréstimos contratados no segmento de pessoas físicas somaram R$54 bilhões, aumentando 5,4% no trimestre e 22,8% em doze meses, com ênfase no dinamismo das modalidades financiamentos rurais e agroindustriais de custeio e pré-custeio, e financiamentos imobiliários. A carteira das pessoas jurídicas atingiu R$65 bilhões, registrando variações respectivas de 7,4% e 23,7% nos períodos mencionados, ressaltando-se o desempenho dos empréstimos para capital de giro.
A taxa de inadimplência relativa a essas operações de crédito atingiu 2,78% em novembro, variando 0,12 p.p no trimestre e -0,03 p.p. em doze meses. A evolução trimestral decorreu de expansões de 0,24 p.p. no segmento de pessoas físicas e de 0,02 p.p. no relativo a pessoas jurídicas, nos quais as taxas situaram-se, na ordem, em 3,49% e 2,20%.
Agricultura & Pecuária
A safra de grãos do Paraná, representando 19,7% do total do país, totalizou 31,6 milhões de toneladas em 2011, de acordo com o LSPA de dezembro do IBGE, recuando 3% no ano. O bom desempenho da safra de verão, que registrou produção recorde de soja, 15,4 milhões de toneladas, impulsionada pelo aumento de 7,2% na produtividade, não se repetiu nas culturas de inverno, sobretudo milho e trigo, que foram afetadas por estiagem seguida por geadas entre os meses de maio e junho. Assim, a produção anual de milho, mesmo com expansão de 10,5% na área plantada, recuou 9,3%, atingindo 12,3 milhões de toneladas. A produção de trigo decresceu 30%, totalizando 2,4 milhões de toneladas, resultado de recuos de 12% na área plantada e de 17,8% na produtividade.
O prognóstico inicial para a safra de verão de 2012, que previa estabilidade tanto na área plantada quanto na produção, foi reavaliado em janeiro de 2012 em função de perdas causadas pela escassez de chuvas no estado em novembro e dezembro. Assim, a produção de milho, que registrou expansão de 22% na área plantada, evidenciando as elevadas cotações do cereal na época do plantio, deverá totalizar 6 milhões de toneladas, recuando 19% em relação à previsão inicial. Adicionalmente, as produções de soja e de feijão, inicialmente estimadas em 14,1 milhões e em 430 mil toneladas, respectivamente, foram reavaliadas, na ordem, para 11,7 milhões e 344 mil toneladas.
O valor bruto da produção agrícola (VBP), estimado a partir do LSPA de dezembro e dos preços médios recebidos pelos produtores do Paraná em 2011, divulgados pela Seab/ Departamento de Economia Rural (Deral), registrou aumento anual de 27,8%. O recuo observado na produção de grãos foi compensado pelo desempenho favorável dos preços dos produtos mais representativos na estrutura agrícola paranaense, milho e soja, cujas cotações médias registraram aumentos respectivos de 46,7% e 17,5% no ano.
Os abates de bovinos, frangos e suínos, realizados em estabelecimentos fiscalizados pelo SIF, registraram variações respectivas de -16,4%, 10,9% e 18,3% nos onze primeiros meses do ano, em relação a igual período de 2010, com a participação do Paraná no total dos abates realizados no país atingindo, na ordem, 4,1%, 28,5% e 19,8%. De acordo com a Seab, os preços médios recebidos pelos produtores de bovinos, aves e suínos registraram variações anuais respectivas de 17,6%, 11,6% e -0,8%.
Balança Comercial
A balança comercial do estado registrou déficit de US$1,4 bilhões em 2011, ante superávit de US$219 milhões no ano anterior, reversão decorrente de elevações de 22,7% nas exportações e de 34,5% nas importações, que somaram, na ordem, US$17,4 e US$18,8 bilhões.
A evolução das exportações, refletindo variações de 18% nos preços e 3,9% no quantum, foi impulsionada, em grande parte, pelos crescimentos de 33,9% nos embarques de produtos semimanufaturados, em especial, açúcar de cana, 33,3%, e óleo de soja, 59,4%; e de 32,9% nos relativos a produtos básicos, com destaque para soja, 42,4%, principal produto exportado pelo estado em 2011. As vendas para a China, Argentina, Alemanha, Países Baixos e Paraguai representaram, em conjunto, 41,8% das exportações do estado em 2011.
A expansão das importações decorreu de elevações de 16,7% no quantum e 15,2% nos preços, com destaque para os aumentos nas compras de bens duráveis, 59,8%, e de bens intermediários, 35,8%, com destaque para as elevações anuais de 66,1% nas aquisições de automóveis de passageiros e de 50,6% nas associadas a partes e peças para veículos. As importações provenientes da China, Nigéria, Argentina, EUA e Alemanha corresponderam a 52,2% das compras externas do estado.
Emprego
De acordo com o Caged/MTE, foram criados 30,4 mil postos de trabalho no Paraná no trimestre encerrado em novembro, ante 29,9 mil naquele finalizado em agosto e 39,2 mil em igual intervalo de 2010, dos quais 17 mil no comércio e 12,2 mil no setor de serviços. Considerados dados dessazonalizados, o nível de emprego formal do estado elevou-se 1% no trimestre, menor aumento desde o trimestre encerrado em agosto de 2009. Na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) foram gerados 14,4 mil postos de trabalho no trimestre, dos quais 6,4 mil no setor de serviços, 5,2 mil no comércio, e 2,2 mil na indústria de transformação.
A taxa de desemprego da RMC, divulgada na PME elaborada pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) em convênio com o IBGE, atingiu 3,4% em novembro, recuando 0,4 p.p. em relação a agosto e mantendo-se estável relativamente a novembro de 2010. A redução trimestral decorreu de estabilidade na ocupação e redução de 0,4% na PEA. Os rendimentos médios reais habituais cresceram 5,4% no trimestre e 2,1% em doze meses. Considerados dados dessazonalizados, a taxa de desemprego aumentou de 3,6%, em agosto, para 3,8%, em novembro.
IPCA da RMC
O IPCA da RMC variou 1,27% no trimestre encerrado em dezembro, ante 1,33% naquele finalizado em setembro, resultado de aceleração, de 1,09% para 1,58%, nos preços livres, e desaceleração, de 1,96% para 0,47%, nos monitorados, esta evidenciando recuos nos preços da gasolina e dos produtos farmacêuticos.
A trajetória dos preços livres traduziu os aumentos registrados nas variações dos preços dos bens comercializáveis, de 0,09% para 1,08%, ressaltando-se os relativos aos itens café, 7,26%, e carnes, 7,18%, e dos bens não comercializáveis, de 1,96% para 1,99%, sensibilizada pelos aumentos nos itens aluguel residencial, 3,32%, e refeição, 2,78%. O índice de difusão atingiu 55,1% no trimestre finalizado em dezembro, ante 52,7% naquele encerrado em setembro.
A variação do IPCA da RMC atingiu 7,13% em 2011, ante 6,71% no ano anterior. Observou-se aumento, de 2,14% para 7,26%, na variação dos preços monitorados, com ênfase nas elevações nos itens taxa de água e esgoto, 15,97%, e ônibus urbano, 12,81%; e retração, de 8,56% para 7,07%, na relativa aos preços livres, destacando-se as variações nos itens álcool, 20,3%, e refeição, 18,14%.
Previsão para Economia Paranaense 2012
Embora a economia paranaense registrasse menor dinamismo nos meses finais de 2011, as perspectivas relacionadas à sua trajetória em 2012 seguem favoráveis, ancoradas na evolução dos mercados de trabalho e de crédito, que persistem sustentando o consumo das famílias, e na ampliação dos investimentos no estado. Vale ressaltar que as incertezas associadas à conjuntura internacional e a ocorrência de condições meteorológicas menos propícias à produção estadual de grãos poderão atuar como fatores de moderação ao ritmo de expansão da economia paranaense no curto prazo.
Fonte: Banco Central do Brasil
Assessoria de Imprensa