A Secretaria da Saúde do Paraná interditou nesta semana todos os lotes de uma fabricante de salsichas localizada em Alto Piquiri, no Noroeste do Estado, por conta da suspeita da presença da bactéria causadora do botulismo em um deles. Até o dia 22 de fevereiro, duas pessoas haviam morrido, outras duas estavam doentes e havia outras dez com a suspeita da doença.
A doença é rara, mas muito letal. Jaime Rocha (CRM 17.227), infectologista do Laboratório Frischmann Aisengart, explica que o botulismo é uma intoxicação alimentar originada por uma bactéria. Quando as toxinas da bactéria Clostridium botulinum são absorvidas pelo aparelho digestivo, entram na corrente sanguínea, atingem o sistema nervoso e interferem na comunicação entre as células nervosas, resultando em enfraquecimento das funções vitais e paralisia muscular. Rocha afirma que a bactéria causadora da doença é encontrada no solo, em produtos agrícolas, na água e no trato gastrointestinal dos animais. “A Clostridium botulinum se desenvolve em ambientes sem oxigênio e, por esta razão, é encontrada com facilidade em alimentos enlatados ou embalados a vácuo. Tampas estufadas podem ser indício da presença da bactéria”, afirma.
O infectologista destaca alguns alimentos ligados à doença: embutidos de carnes em geral; conservas em lata e vidro de doces, hortaliças, legumes (palmitos, aspargos, cogumelos, alcachofra, pimentões, berinjelas, alho, picles etc.); peixes e frutos do mar, especialmente acondicionados em embalagens submetidas a vácuo. “Principalmente as conservas de vegetais exigem processos cuidadosos de processamento, como lavagem e desinfecção dos alimentos, acidificação e salmoura adequadas, enfim, condições higiênico-sanitárias adequadas, licença e registro na Vigilância Sanitária”, ressalta.
Os sintomas desta intoxicação são manifestados entre 12 e 36 horas após a ingestão do alimento e são variados. “Aversão à luz, dificuldade para engolir, vômitos, secura na boca e garganta, paralisia respiratória, constipação intestinal e retenção de urina podem ocorrer”, ressalta. O diagnóstico pode ser obtido por meio dos sinais e sintomas, por exame de sangue e por testes complementares nos alimentos suspeitos. O tratamento é realizado por meio do soro antibotulínico, que atua obstruindo a toxina que circula no sangue, impedindo-a de se alojar no sistema nervoso.
O botulismo é uma doença que comumente pode levar à morte e o seu tratamento exige a internação em unidades de terapia intensiva, por tempo prolongado, dependendo da gravidade do quadro e da precocidade do atendimento médico em relação ao início dos sintomas. “Por isso, os familiares dos doentes são extremamente importantes para prevenir ou detectar precocemente o surgimento de um ou mais casos de botulismo. Deve-se identificar aqueles que fizeram ingestão comum dos alimentos, orientá-los quanto ao aparecimento de sinais e sintomas e a procurar urgentemente os cuidados médicos ao primeiro sinal”, afirma.
Fonte: Assessoria de Imprensa Frischmann Aisengart