Possibilidade de aumento de impostos preocupa indústria de bebidas

Curitiba – A possibilidade de aumento da carga tributária do setor para compensar desonerações concedidas a outros segmentos preocupa a indústria de bebidas paranaense. Segundo os empresários, caso realmente ocorra o aumento de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) cogitado pelo governo federal na semana passada, haverá prejuízos principalmente as pequenas empresas e o próprio consumidor. As demandas do segmento foram debatidas nesta quarta-feira (11), em Curitiba, durante mais um Fórum Setorial promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP).

Para o presidente da FIEP, Edson Campagnolo, a carga de impostos que incide sobre a indústria de bebidas deve ser observada com atenção. “A questão tributária é prioritária para toda a indústria, mas como o setor de bebidas tem preocupações pontuais, é preciso criar uma agenda específica”, alertou Campagnolo.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Bebidas do Paraná (Sindibebidas), Nilo Cini Junior, explica que uma das preocupações é que a carga tributária incide de forma igual para todo o setor, independente do porte da empresa. “Uma empresa pequena tem dificuldades em absorver uma carga maior e fica difícil competir em um mercado concorrido”, pontuou.

Além disso, o empresário lamenta que a indústria de bebidas seja usada para compensar desonerações concedidas a outros segmentos. “Somos um dos setores que vai pagar a conta”, afirmou Cini Junior. Na última semana, após anunciar medidas de desoneração da folha de pagamentos para mais 11 setores industriais, o governo federal aventou a possibilidade de aumentar o IPI sobre bebidas frias, como refrigerantes e cervejas. Após pressão de entidades empresariais, o aumento está suspenso pelo menos até junho, mas o setor segue em alerta.

“Foi criado esse paradigma de que o setor deve compensar as perdas de arrecadação quando são anunciadas desonerações”, disse o economista Rafael Stefenon, que representou na reunião a Associação dos Fabricantes de Refrigerantes no Brasil (Afrebras). No Paraná, a entidade representa 15 empresas que atuam em mercados regionais. “São empresas pequenas, que acabam tendo que absorver essa carga tributária já que não podem repassá-la ao consumidor, pois precisam manter um preço competitivo. Isso é perigoso para a sociedade porque estamos colocando em risco empregos e renda gerados por essas empresas”, explicou.

A preocupação com a carga tributária não é exclusividade das empresas menores. As grandes fabricantes de bebidas também apontam os altos impostos como um entrave para o setor. Avelino Pereira, diretor da Spaipa, defende que além das questões federais, é preciso rever também o sistema tributário estadual. “Hoje, por exemplo, o ICMS para a cerveja no Paraná é de 29%, superior ao de estados vizinhos. Com isso, muitas vezes o produto acaba vindo de fora e o estado perde arrecadação”, afirmou. “É preciso haver uma conversa com o governo estadual em busca de um tratamento de mercado para as empresas que produzem no Paraná”, defendeu Pereira.

A opinião é compartilhada pelo gerente comercial da Ambev, Sandro Freitas de Assis. “A carga tributária tem impacto grande e acaba sendo transferida para o consumidor”, argumentou.

Mão de obra 

Além da carga tributária, outra demanda da indústria de bebidas levantada pelo Fórum Setorial da FIEP é a identificação e qualificação de mão de obra para o setor. Segundo Assis, da Ambev, a empresa tem dificuldade para encontrar pessoal qualificado não apenas para a área operacional da fábrica, mas também para cargos de gestão, muitas vezes trazendo profissionais de outros estados.

Para o presidente do Sindibebidas, no caso do “chão de fábrica” a dificuldade se encontra na qualificação necessária para que um trabalhador opere o maquinário. “O setor de bebidas exige, na área operacional, um treinamento bastante específico e demorado. Já nas outras áreas da empresa, como logística ou comercial, concorremos com outros setores que também buscam esses profissionais”, explicou. Para ajudar na busca de soluções para o problema, Edson Campagnolo sugeriu uma aproximação do setor com o Sistema FIEP, que oferece uma série de programas educacionais por meio do SESI, SENAI e IEL.

Além de fabricantes de refrigerantes e cervejas, também participaram do Fórum Setorial empresas produtoras de água mineral e cachaça. No primeiro caso, foi pedido apoio da FIEP para que o produto seja considerado como alimento e não como minério, o que atualmente aumenta sua tributação. Já no segundo, os produtores também pedem redução do ICMS praticado no Paraná – superior ao de outros estados produtores – como forma de reduzir a informalidade no segmento.

Fonte: Agência CNI