Intertechne é a responsável pela etapa inicial do empreendimento, que possibilitará a autossuficiência nacional na produção de radioisótopos e em pesquisas na área nuclear
A participação da empresa de engenharia Intertechne Consultores, com sede em Curitiba (PR), está garantindo a concretização de um dos principais empreendimentos nucleares do país, a implantação do primeiro Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) de grande porte. A Intertechne desenvolve os Projetos Conceitual e Básico dos sistemas convencionais, dos prédios e da infraestrutura do empreendimento. A estimativa para a apresentação da etapa inicial do Projeto Conceitual para a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) é até o final do primeiro semestre. “Desde janeiro estamos trabalhando no projeto e nossa equipe já realizou várias reuniões de trabalho com os técnicos da CNEN. Agora que os estudos estão em andamento podemos afirmar que o prazo será cumprido e que até o final do próximo mês os primeiros passos do RMB já estarão definidos”, explica o diretor presidente da empresa, Antonio Fernando Krempel. Essa etapa inicial do projeto compreende os estudos e definições das instalações dos prédios, sistemas e plano diretor, com toda a infraestrutura do empreendimento, além dos critérios de projetos e a emissão dos documentos pertinentes.
A implantação do Reator é uma das metas estabelecidas, em 2007, pelo Plano de Ação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O RMB é um empreendimento considerado estruturante para o Programa Nuclear Brasileiro, pois garantirá a autossuficiência nacional na produção de radioisótopos (formas radioativas de um elemento, utilizados como fonte de radiação na medicina, agricultura, indústria, meio ambiente) para utilização em radiofármacos. Também realizará testes de irradiação de materiais e de combustíveis nucleares e pesquisas científicas e tecnológicas com feixes de nêutrons.
O desenvolvimento desse projeto pela Intertechne consolida a entrada da empresa, que completa 25 anos de experiência na área de engenharia da hidroenergia e de grandes estruturas, no segmento da engenharia nuclear. “Desde que vencemos a licitação, em dezembro do ano passado, já destacamos uma equipe multidisciplinar de 35 pessoas, alocadas em nossos escritórios de São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro, para ficarem responsáveis exclusivamente pelos estudos que envolvem o RMB”, destaca a engenheira civil Jussara Pires dos Santos Garrelhas, coordenadora do projeto na empresa. A finalização dos projetos conceitual e básico e entrega deles à CNEN está prevista para durar 18 meses.
Detalhamento
No projeto Conceitual, que inclui a infraestrutura, estarão contemplados, na área do núcleo de produção e pesquisa, além do prédio do Reator, os prédios de Estocagem de Combustíveis Queimados, de Feixe de Nêutrons, de Processamento de Radioisótopos e Produção de Fontes Radioativas, de Laboratório de Análise de Materiais Irradiados, de Tratamento e Estocagem de Material Radioativo, o Centro de Pesquisadores, entre outras edificações. Além disso, terão, na área do RMB, os prédios de apoio como hotel, restaurante, administração, ambulatório médico, auditório, centro de treinamento, heliponto e prédios auxiliares (garagem, almoxarifado, estacionamento, portaria e apoio à segurança).
Na fase seguinte, Projeto Básico, serão detalhados os arranjos das instalações e sistemas concebidos na etapa anterior, com a correspondente emissão de documentos para uso na contratação do projeto executivo dos equipamentos, sistemas e instalações.
O RMB será instalado em uma área ao lado do Centro Experimental Aramar (CEA), um complexo desenvolvido e operado pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), como parte do seu programa de desenvolvimento de propulsão nuclear. Está localizado no município de Iperó, na região paulista de Sorocaba, aproximadamente a 125 km a oeste do centro da cidade de São Paulo e ocupará uma área de 2 milhões de metros quadrados. A previsão é que a fase de implantação do empreendimento Reator Multipropósito Brasileiro seja executada em seis anos, a um custo total estimado em R$ 850 milhões.
Benefícios
No Brasil são realizados cerca de 1,5 milhão de procedimentos médicos por ano com uso de radiofármacos, que são necessários como marcadores nos serviços de diagnósticos por imagem e em aplicações terapêuticas. Mais de 80% deles usam o radioisótopo tecnécio-99m, derivado do molibdênio-99 e insumo atualmente não produzido no país, tendo que ser totalmente importado. Esse mercado é hoje dominado por instituições do Canadá, África do Sul, Holanda, Bélgica e França, que produzem mais de 95% do suprimento global de molibdênio-99. Com o RMB, o Brasil poderá dobrar a quantidade de radiofármacos ofertada à sociedade ampliando assim a utilização das técnicas de medicina nuclear no país. “Para a Intertechne, é muito importante participar desse empreendimento que terá um papel social tão relevante para o nosso país”, destaca Krempel.
Fonte: Assessoria de Imprensa – Intertechne