Atividade econômica do Paraná registra crescimento no início de 2012
A atividade econômica paranaense, impulsionada pelo comércio varejista e pela retomada do setor industrial, seguiu registrando crescimento no início de 2012. Nesse cenário, o IBCR-PR aumentou 3% no trimestre encerrado em fevereiro, em relação ao finalizado em novembro, quando crescera 0,4% no mesmo tipo de comparação, considerados dados dessazonalizados. O desempenho na margem refletiu, sobretudo, a expansão robusta do comércio e o crescimento da atividade fabril. A análise em doze meses revela que o indicador cresceu 5,5% em fevereiro, em relação a igual intervalo de 2011, ante 4,9% em novembro.
Comércio Varejista
As vendas do comércio varejista paranaense elevaram-se 6,9% no trimestre encerrado em fevereiro, em relação ao finalizado em novembro, quando haviam crescido 1,7%, nesse tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados da PMC do IBGE. Sete dos nove segmentos pesquisados registraram expansão no volume de vendas, com destaque para hiper e supermercados, 10%, e móveis e eletrodomésticos, 8,5%. O comércio ampliado, refletindo aumentos respectivos de 6,4% e 1,6% nas vendas de veículos, motos, partes e peças, e de material de construção, cresceu 6,3% no trimestre.
A análise em doze meses revela que o comércio varejista estadual expandiu 8,7% em fevereiro, em relação ao período correspondente de 2011, ante 6,2% em novembro, com ênfase nos aumentos respectivos de 17,7% e 9,4% nos segmentos móveis e eletrodomésticos, e hiper e supermercados. Na mesma base de comparação, o comércio ampliado registrou crescimento de 8,4%, ante 9,4% em novembro de 2011, recuo associado às desacelerações nas vendas de veículos, motos, partes e peças, de 13,4% para 7,6%, e de material de construção, de 12,2% para 11,6%.
As vendas de veículos novos registraram variações respectivas de -1,7% e 1,7% no trimestre finalizado em fevereiro, em relação aos trimestres encerrados em novembro e em fevereiro de 2011, de acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave-PR) e Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado do Paraná (Sincodiv PR).
Produção Industrial
A produção industrial do estado cresceu 3,5% no trimestre encerrado em fevereiro, em relação ao finalizado em novembro, quando recuara 4,1%, na mesma base de comparação, de acordo com dados dessazonalizados da PIMPF do IBGE. Destacaram-se, no período, as elevações nas indústrias de edição e impressão, 62,8%, e de máquinas e equipamentos, 13,2%, ambas revertendo resultados negativos no trimestre encerrado em novembro de 2011. Ressalte-se, por outro lado, as retrações de 18,8% no segmento veículos automotores, evidenciando o impacto da concessão de férias coletivas, em janeiro, em importante empresa do segmento, e de 1,3% na produção de alimentos. Considerados períodos de doze meses, a indústria cresceu 5,4% em fevereiro, em relação a igual período do ano anterior, ante 5,2% em novembro, destacando-se os aumentos nas atividades veículos automotores, 20,7%, e refino de petróleo e álcool, 13,9%.
As vendas reais da indústria paranaense recuaram 2,5% no trimestre encerrado em fevereiro, em relação ao finalizado em novembro, quando haviam aumentado 0,2%, em igual tipo de análise, consideradas estatísticas da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) dessazonalizadas pelo Banco Central. Entre os segmentos com maior representatividade na composição do indicador, destacaram-se as elevações nas vendas de máquinas e equipamentos, 17,5%; produtos químicos, 4,9%; e celulose e produtos de papel, 1,3%, contrastando com os recuos nas relativas a fabricação e montagem de veículos automotores, 13,1%; e coque, refino de petróleo e produção de álcool, 1,6%. O emprego e as horas trabalhadas na produção assinalaram variações respectivas de 0,8% e 3,5%, no período. O Nuci atingiu 79,4% em fevereiro, recuando 0,4 p.p. em relação a novembro. Considerados períodos de doze meses, as vendas reais da indústria aumentaram 2,5% em fevereiro, em relação a igual período do ano anterior, com destaque para o crescimento de 14,3% nas relativas a coque, refino de petróleo e produção de álcool.
Atividade Econômica
O saldo das operações de crédito superiores a R$1 mil realizadas no Paraná totalizou R$128,7 bilhões em fevereiro, elevando-se 4,6% no trimestre e 23,1% em doze meses. Os empréstimos contratados no segmento de pessoas físicas somaram R$62,2 bilhões, aumentando 7,7% e 26,1%, respectivamente, com ênfase no dinamismo das modalidades crédito pessoal em consignação e financiamentos de veículos automotores. A carteira das pessoas jurídicas atingiu R$66,5 bilhões, registrando variações respectivas de 1,9% e 20,5% nos períodos mencionados, ressaltando-se o desempenho dos empréstimos para capital de giro.
A taxa de inadimplência relativa a essas operações de crédito atingiu 3,17% em fevereiro, variando 0,20 p.p. no trimestre e 0,62 p.p. em doze meses. A evolução trimestral decorreu de expansões de 0,18 p.p. no segmento de pessoas físicas e de 0,12 p.p. no relativo a pessoas jurídicas, nos quais as taxas situaram-se, na ordem, em 4,06% e 2,35%.
O superávit primário dos governos do estado, da capital e dos principais municípios do Paraná totalizou R$2,0 bilhões em 2011. O aumento anual de 6,9%, favorecido pelo crescimento de 14,6% na arrecadação do ICMS, decorreu de expansões respectivas de 55,7% e 42,7% nas esferas da capital e do governo estadual, e de retração de 85,2% no superávit dos demais municípios.
Os juros nominais, apropriados por competência, atingiram R$1,7 bilhão, ampliando-se 51,7% no ano, contribuindo para que o superávit nominal decrescesse de R$ 735,4 milhões, em 2010, para R$290 milhões.
A dívida líquida do estado, da capital e dos principais municípios registrou recuo anual de 3,5% em 2011, totalizando R$14,1 bilhões, destacando-se a reversão da posição da dívida da capital, de devedora em R$144 milhões, ao final, em 2010, para credora em R$8 milhões, em 2011.
Safra Agrícola
A safra de grãos do Paraná deverá recuar 3,7% em 2012, totalizando 30,6 milhões de toneladas, com participação de 19,3% na produção do país, de acordo com o LSPA de março do IBGE. Esse movimento reflete, em especial, o impacto da escassez de chuvas, de novembro a fevereiro, sobre a safra de soja, que deverá decrescer 29,8% no ano, para 10,9 milhões de toneladas, resultado de reduções de 2,4% na área cultivada e de 28% na produtividade. A cultura de milho deverá registrar aumento anual de 27,6%, atingindo 15,9 milhões de toneladas, em decorrência, principalmente, da expansão de 12,7% na área cultivada na safra de inverno, beneficiada pela manutenção das cotações elevadas para o cereal, a despeito de perdas expressivas observadas na primeira safra, cujo rendimento médio recuou 16,3%.
Estimativa da Seab/Departamento de Economia Rural (Deral) para 2012, divulgada em março, ratificando a projeção do IBGE, aponta recuo anual de 4% na produção de grãos do estado, totalizando 30,7 milhões de toneladas, com estabilidade na área plantada e decréscimo de 4% na produtividade. Esse resultado reflete o impacto da estiagem sobre as safras de verão, que deverão totalizar 17,5 milhões de toneladas, ante a projeção inicial de 22,1 milhões de toneladas, resultado de quebras respectivas de 24%, 20% e 17% nas safras de soja, feijão e milho. A produção de trigo deverá ampliar-se 2%, resultado de elevação de 19% na produtividade e redução de 17% na área cultivada. A safra anual de feijão, apesar da ampliação de 20% na área destinada à segunda safra, motivada por acentuada elevação dos preços do produto, deverá recuar 12,2% no ano, penalizada por quebra significativa na safra de verão.
O valor bruto da produção agrícola (VBP) no estado, estimado a partir do LSPA de março e da variação dos preços médios recebidos pelos produtores no primeiro trimestre do ano, em relação a igual intervalo de 2011, divulgados pela Seab/Deral, deverá recuar 6,4% no ano. Esse resultado reflete, em especial, a redução da colheita de soja, o produto mais representativo na estrutura agrícola paranaense, o que, no entanto, deverá ser parcialmente compensado pela manutenção de seus preços em patamar elevado e pelo bom desempenho esperado para a safra de milho aliado à sustentação das elevadas cotações do cereal.
Pecuária
Os abates de bovinos, aves e suínos, realizados em estabelecimentos fiscalizados pelo SIF, registraram variações anuais respectivas de -16,2%, 11,7% e 18,1% em 2011. A participação do Paraná no total dos abates realizados no país em 2011 atingiu, na ordem, 4,1%, 28,4% e 19,4%, enquanto os preços médios recebidos pelos produtores no estado registraram, de acordo com a Seab, variações anuais respectivas de 39,6%, 24,1% e 11,7%. No primeiro bimestre de 2011, os abates de bovinos, aves e suínos registraram variações, na ordem, de -13,5%, 0,8% e 7,5%, em relação a igual período do ano anterior, enquanto os preços médios recebidos pelos produtores declinaram, respectivamente, 1%, 3,8% e 0,7%.
Balança Comercial
A balança comercial do estado registrou déficit de US$802 milhões no primeiro trimestre de 2012, ante US$588 milhões no mesmo período do ano anterior, reflexo de elevações de 19,1% nas exportações e de 21,8% nas importações, que somaram, na ordem, US$3,8 e US$4,6 bilhões.
A evolução das exportações, refletindo variações de 1,8% nos preços e de 17% no quantum, foi impulsionada, em grande parte, pelos crescimentos de 27% nos embarques de produtos básicos, em especial de soja, 173,5%, principal produto exportado pelo estado no trimestre, e de 15,9% nos relativos a produtos manufaturados, em especial óleos combustíveis, 141,7%, e automóveis de passageiros, 32,2%.
As vendas para a China, Argentina, Alemanha, Países Baixos e Paraguai representaram, em conjunto, 41% das exportações do estado no trimestre.
O crescimento das importações decorreu de elevações de 12,5% no quantum e de 8,3% nos preços, com ênfase no aumento de 33,9% nas aquisições de bens de consumo não duráveis seguindo-se a elevação de 25% nas compras de bens intermediários, impactadas pelas expansões nas relativas a partes e peças para veículos, 39%, e a adubos e fertilizantes, 38,2%. As importações provenientes da China, Nigéria, EUA, Argentina e México corresponderam a 50,1% das compras externas do estado no trimestre.
Emprego & Desemprego
De acordo com o Caged/MTE, foram eliminados 5,5 mil postos de trabalho no Paraná no trimestre encerrado em fevereiro, ante criação de 30,4 mil vagas naquele finalizado em novembro e 2,9 mil em igual mês de 2011, dos quais 2,8 mil no comércio e 7,3 mil na indústria de transformação.
Considerados dados dessazonalizados, o nível de emprego formal do estado elevou-se 1,3% no trimestre. A Região Metropolitana de Curitiba (RMC) registrou a eliminação de 273 postos de trabalho no trimestre, ocorrendo 2,1 mil cortes no comércio e 1,3 mil na indústria de transformação, e criação líquida de 3,4 mil empregos formais no setor de serviços.
A taxa de desemprego da RMC, divulgada na PME elaborada pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) em convênio com o IBGE, atingiu 3,7% em fevereiro, variando 0,3 p.p. em relação a novembro e -0,3 p.p. relativamente a fevereiro de 2011. O aumento na comparação com novembro decorreu de reduções de 1,6% na PEA e de 1,9% nos ocupados. Os rendimentos médios reais habituais cresceram 2,3% no trimestre e 2,8% em doze meses. Considerados dados dessazonalizados, a taxa de desemprego reduziu de 3,8%, em novembro, para 3,4%, em fevereiro.
Inflação na Região Metropolitana de Curitiba
O IPCA da RMC variou 0,81% no primeiro trimestre de 2012, ante 1,27% naquele finalizado em dezembro, resultado de desaceleração, de 1,58% para 0,88%, nos preços livres, e de aceleração, de 0,47% para 0,58%, nos monitorados, esta refletindo, principalmente, os aumentos nos itens tarifa de ônibus intermunicipal, 7,63%; taxa de água e esgoto, 4,72%; tarifa de ônibus urbano, 3,06%; e plano de saúde, 1,85%.
A trajetória dos preços livres evidenciou, em especial, a redução, de 1,08% para -0,36%, na variação dos preços dos itens comercializáveis, com destaque para os recuos nos preços de itens dos grupos vestuário e alimentos e bebidas, especialmente carnes. Em oposição, os preços dos bens não comercializáveis registraram aceleração de 1,99% para 2,08%, no trimestre, com ênfase nas elevações nos itens ensino superior, 8,99%; aluguel residencial, 4,11%; empregado doméstico, 3,82%; e refeição, 1,55%, que exerceram impacto conjunto de 0,45 p.p. na variação trimestral do IPCA. O índice de difusão atingiu 51% no trimestre encerrado em março, ante 55,1% naquele finalizado em dezembro.
A inflação da RMC acumulada em doze meses totalizou 5,09% em março, ante 7,13% em dezembro de 2011. A variação nos preços livres atingiu 5,14% e a dos monitorados 4,9%, ante 7,07% e 7,26%, respectivamente, em 2011.
As perspectivas para a economia paranaense seguem favoráveis, avaliação que encontra suporte na trajetória dos preços dos principais produtos agrícolas produzidos no estado e na recuperação da atividade industrial, favorecida por benefícios fiscais setoriais anunciados pelo governo federal. Citem-se, ainda, o processo de flexibilização da política monetária; o dinamismo dos mercados de trabalho e de crédito; e os projetos de investimentos em andamento no estado.
Fonte: Banco Central/IBGE