AJUSTE MUNDIAL
OS FATOS
Entre uma reunião de cúpula do G-8 que terminou sem conclusões na semana passada, e a próxima, de um grupamento maior -o G-20, os dirigentes europeus se encontraram na semana para discutir os problemas do continente. Em pauta a urgência de solução para a crise financeira da Grécia, que balança entre o calote externo e a saída compulsória do grupo de moeda comum. Com direito a conselhos da direção do Fundo Monetário Internacional, que adverte para o potencial de prejuízos ao conjunto europeu com uma exclusão turbulenta dos gregos.
ANÁLISE
Os problemas da Europa, vistos de perspectiva mais ampla, refletem o processo de ajuste global representado pela chegada ao pódio da economia de mercado de cerca de 3,0 bilhões de asiáticos – chineses, indianos, indonésios, coreanos e outros povos. Embora dispondo de menor renda e produtividade, em quantidade eles fazem a diferença ante 400 milhões (0,4 bilhões) de europeus, idem de norte-americanos (estadunidenses, canadenses e mexicanos), mais sul-americanos, etc. E com escassa dotação de recursos naturais se obrigam a trabalhar duro para equilibrar a ascensão tardia com a ânsia do desfrute de benesses dos ocidentais. Desafio para os europeus, mas também para nós – brasileiros, que precisamos descobrir como concorrer ao mesmo tempo com o antigo Primeiro Mundo e com aqueles novos emergentes.
MARCHA DA INSENSATEZ
OS FATOS
Os lideres das principais nações estão sem soluções diante do cenário. Enquanto alguns defendem programas tipo “New Deal” e Plano Marshall – que salvaram os Estados Unidos e a Europa das crises de meados do século 20 -, há vozes ainda fortes que resistem. Entre tais bloqueios o principal se expressa na Alemanha, cujos dirigentes – à frente a atual chanceler Angela Merkel – insistem em cruas medidas de austeridade. Os gregos, em especial, estão incomodados com os recados e pronunciamentos que autoridades alemãs têm repetido em relação ao país. Feridos em sua auto-estima, os helenos consideram tais comentários inoportunos, tidos como ofensivos à dignidade nacional.
ANÁLISE
Estamos diante de autêntica “marcha da insensatez” que faz lembrar dois pensadores recentes. O primeiro, George Kennan, diplomata dos Estados Unidos, ao analisar as causas que originaram a I Guerra Mundial, advertiu que mudanças muito rápidas e abruptas ocasionam rupturas culturais que podem desembocar em cataclismas – como demonstrou o próprio e primeiro conflito de escala global. Já Barbara Tuchmann, historiadora também norte-americana, pesquisou as causas desse e de outros conflitos ao longo da História conhecida. Surpresa: a maioria foi causada por miopia dos líderes, enredados em cursos de ação nocivos aos próprios interesses.
FORA DE HORA
OS FATOS
Por isso mesmo, o mais sensato para um país como o Brasil – povo e governo inclusos -, é construir uma agenda de desenvolvimento sustentável que represente o compromisso de um crescimento seguro e continuado. Ao lado das medidas pontuais adotadas para minorar a retração cabe identificar situações estruturais, cuja solução inclui: modernização da infra-estrutura básica de transporte, comunicação, energia, etc; simplificação de procedimentos burocráticos que frenam a produtividade; correção de custos públicos para obter carga tributária em linha com os demais emergentes; tudo coroado por uma cruzada nacional pela formação e requalificação dos recursos humanos.
ANÁLISE
O conjunto de propostas esboçadas para um projeto de viabilidade nacional tem restrições lógicas. Um país que se queira competitivo no cenário desafiador de nosso tempo tem que buscar equilíbrio entre as liberdades e direitos da democracia e a eficiência de uma sociedade bem organizada. O que exclui turbulências tais o grevismo irresponsável que paralisou várias capitais, as espertezas político-partidárias de arranjos patrimonialistas, a multiplicação de restrições ao esforço produtivo por agendas alheias e complicações similares. Como lembrou um pensador, a conquista do desenvolvimento não é direito assegurado, e sim um prêmio conferido aos povos que aprenderam a superar desafios.
PRO-FEIJÃO
OS FATOS
O preço do feijão subiu 18% em um período de apenas sete dias, refletindo a oferta limitada desse alimento básico na mesa do brasileiro, juntamente com o arroz. Cultura delicada sob o aspecto climático, mas que comporta incorporação de tecnologia (irrigação, mecanização, etc) o feijão tem sido deixado de lado nas safras em favor de segmentos mais rentáveis ou de escala, como soja e milho. Por isso o volume escasso sempre flerta com surtos de instabilidade nos preços, levando o governo a elaborar para a próxima safra um plano de apoio à média propriedade – onde se concentram os produtores de feijão.
ANÁLISE
Com sua generosa dotação de recursos naturais, o Brasil pode expandir a produção de itens agropecuários para exportação e mercado interno sem abrir novas fronteiras agrícolas – isto é, mantendo intatas as florestas e outras áreas de preservação. Basta continuar investindo em tecnologia e produtividade, como têm feito os agricultores nacionais; pioneiros em inovações como o cultivo de soja em clima tropical, a conservação do solo por microbacias e plantio direto – além de outras técnicas desconhecidas por alguns ambientalistas. Em questão, o novo Código Florestal.
MISCELÂNEAS (I)
Lançada com holofotes, a “CPI do Cachoeira” vai se transformando num beco sem saída, depois que seu principal personagem entrou mudo e saiu calado no depoimento de terça-feira. Oportunidade para o Congresso reencontrar o foco das prioridades nacionais em vez de ceder à tentação do “Estado-espetáculo” que tem dominado a cena =/= A Proposta de Emenda à Constituição que autoriza desapropriação de terras onde seja documentada ocorrência de trabalho escravo vai ser arredondada no projeto de lei vinculado. Para circunscrever a tipicidade dessa conduta, evitando arbítrios de matiz ideológico contra o princípio da propriedade.
MISCELÂNEAS (II)
Governador Beto Richa seguindo em viagem de férias para a Europa. Vai recarregar as baterias após um princípio de ano trabalhoso, seguindo lição de Max Weber =/= Grupo de lideres do PMDB forcejando para levar o partido a apoiar a reeleição do prefeito Luciano Ducci. Isso sacrificaria a pretensão de Rafael Greca de voltar a concorrer à Prefeitura; tido como “cristão novo” na legenda =/= Já o PV sacramentou apoio à candidatura do ex-deputado Gustavo Fruet, lançado pelo PDT e apoiado pelo PT =/= Paranaense Sérgio Kukina, procurador estadual de Justiça, na lista tríplice para uma vaga de ministro do Superior Tribunal de Justiça. O próximo passo é a decisão da presidente Dilma, antes de sabatina no Senado.
Rafael de Lala,
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