1. COMEÇA A RIO + 20
OS FATOS
A Conferencia das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, comumente a “Rio + 20”, começou nesta semana, com as reuniões preparatórias do pessoal técnico. A partir do documento inicial produzido nessa etapa os chefes de estado das nações-membros da ONU discutirão o acordo final do evento, a partir da próxima semana. Entre as delegações já confirmadas figuram governantes, ministros-coordenadores de missões diplomáticas e especialistas de todo o mundo. O Brasil, país anfitrião, preparou diversos cenários que incluem – além do encontro oficial – eventos paralelos com entidades da sociedade civil, cientistas e pesquisadores e participantes interessados no tema ambiental.
ANÁLISE
Em evolução do assunto desde 1992 – quando o Brasil também sediou a segunda conferencia internacional sobre o meio ambiente – desta vez a Rio + 20 discutirá o equilíbrio ecológico sob a ótica da inclusão social. Isto é, ao lado da causa ambiental cumpre erradicar (ou diminuir) a miséria que assola parte da humanidade, no que se convencionou chamar de “desenvolvimento sustentável”. Na palavra da ministra brasileira Izabella Teixeira, ”é preciso conciliar luta contra a miséria e respeito ambiental”; em vez do foco ambiental único. Nessa diretriz do governo Dilma há espaço para um PIB verde, com veículos híbridos, matriz de energia limpa, cidades com reciclagem e saneamento básico e por ai afora.
2. AMBIENTE INAMISTOSO
OS FATOS
A conjuntura internacional se mostra, contudo, desfavorável para um engajamento mais denso dos principais países na questão da sustentabilidade. O reconhecimento é de Maurice Strong, que foi o secretário geral da conferencia de 1992 e agora assessora o secretário geral da ONU. Strong avalia que atualmente os fatores geopolíticos se interpõem entre um acordo mais substancioso e a realidade da crise nas economias centrais, o que dificultará a passagem de compromissos mais ambiciosos. Porém é possível que a conferência aprove a transformação dos programas setoriais numa Organização Mundial do Meio Ambiente.
ANÁLISE
De fato, a realidade é pouco favorável para a tomada de compromissos amplos, como o pretendido fundo de 30 bilhões de dólares anuais proposto pelos países emergentes – o Grupo dos 77 – para custear as tarefas de limpeza do planeta. Porém não há dúvida que a celebração do evento reavivou a urgência da busca e adoção de soluções sustentáveis. Essa nova consciência de responsabilidade ambiental e de inclusão social aproveita sobretudo ao país-anfitrião, o Brasil.
3. CRISE SE AMPLIA
OS FATOS
O resgate dos bancos da Espanha, de 100 bilhões de euros (cerca de 230 bilhões de reais), não alivia a crise européia. Logo após a euforia inicial os mercados (agentes financeiros, bolsas de valores e classificadoras de risco) começaram a ver aspectos negativos da medida, arrastando para baixo as perspectivas da região. Inclusive o crédito do Tesouro Nacional e bancos mais destacados do país ibérico foram objeto de redução de “rating”; prolongando a ciranda de problemas que se abate sobre o Velho Continente e faz declinar o nível de vida de sua população.
ANÁLISE
A esta altura fica claro que o problema da Europa não é de falta de recursos, mas de liderança política. Desaparecida a geração dos estadistas que plasmaram primeiro o Mercado Comum, depois a União Européia, os países do “Velho Mundo” se debatem em mãos de burocratas medíocres que hesitam até em assinar um contrato miúdo. Como declarou o presidente Obama do outro lado do Atlântico, os europeus precisam se desvencilhar de sua miopia e ousar mais, na linha de reconstrução ensinada pelo plano “New Deal” com que o presidente Franklin Roosevelt recuperou a America após a crise da década de 1930. Apelos até aqui em vão, enquanto os europeus não reforçarem sua governança e, principalmente, não se governarem por lideres sábios e corajosos.
4. BRASIL DIFERENTE
OS FATOS
Adotando uma postura diferente, o Brasil vai continuar tomando medidas anti-cíclicas para reduzir o contágio da crise européia (como os ajustes na legislação do câmbio que reduziram a flutuação do real ante o dólar). Ao lado de investimentos, ativa obras de infra-estrutura e parcerias com governos estaduais. O governo conseguiu aprovar a flexibilização de aplicações em alguns setores, como os da Copa e Olimpíada, e agora, apela aos governadores para auxiliarem na execução de investimentos em áreas estratégicas de infra-estrutura. A parceria com os estados pode destravar essas operações, evitando um PIB negativo.
ANÁLISE
A estratégia de enfrentamento do Governo Brasileiro vai ser apresentada na reunião do México do Grupo dos 20, quando a presidente Dilma defenderá a posição do país: não se combate a crise com restrições que enfraquecem cada vez o paciente, impedindo-lhe a recuperação – como se vê no caso europeu. A censura alcança os organismos multilaterais criados após a II Guerra, justamente para dar estabilidade ao sistema. De fato, o Banco Mundial se tornou irrelevante e o FMI, inoperante: esse último órgão poderia dispor de sua reserva especial – Direitos Especiais de Saque, mais as reservas em ouro monetizado – para socorrer países em crise, porém se limita a emitir relatórios vazios, alertando o que todo mundo sabe: gregos, espanhóis e outros povos gastaram demais e precisam de um tempo de ajuste para reorganizarem suas contas.
5. AQUI, ACERTOS E DESAFIOS
OS FATOS (I)
Embora não esteja livre da repercussão da crise – o “tsunami” de que falavam governantes – o país tem resistido. Uma das melhores avaliações da situação foi feita pelo jornalista Vinicius Torres Freire, colunista da área de Economia (Caderno “Mercado” da Folha de S. Paulo, edição de 10 de junho último). Torres Freire inicia registrando a crítica-padrão de economistas ao “modelo petista”: 1. Lula e a sucessora, Dilma, teriam se valido, em parte, de reformas feitas nos anos FHC, que renderam frutos um pouco mais tarde; 2. Idem, do aumento de renda derivado da alta de preço das exportações principais (“efeito China”); 3. Da ampliação do crédito, que estimulou o aumento de consumo interno.
OS FATOS (II)
Continuando sua exposição, apresentada a crítica, o articulista qualifica a questão creditando a Lula (e sucessora): 1. A atuação pela expansão do mercado interno, via transferências tipo “bolsa-família” e correção do salário mínimo; 2. Boa utilização do excedente comercial gerado pelas trocas externas, como as reservas em divisas de 372 bilhões de dólares; 3. Em decorrência desse “colchão de liquidez” internacional, estabilidade no câmbio com eliminação dos solavancos históricos que sofriam a cada tumulto mundial. E, por combinação dos fatores citados anteriormente, um país com política e economia mais estável, menor desigualdade social (ascensão da classe de base, mais segurança alimentar, etc) – em síntese, um Brasil melhor, como refletem índices de satisfação da sociedade.
ANÁLISE
Vinicius Freire aproveita para cobrar – não as tais reformas estruturais, de lenta negociação e longa maturação – porém medidas corretivas à mão, que podem valer para a conjuntura: 1. Destravamento dos investimentos públicos; 2. Bancados por moderação no reajuste de salários em geral e na renda; 3. Simplificação da burocracia sediça que atua como freio à ação dos membros da sociedade (pessoas e empresas). Tudo o que, somado, permitiria crescer um pouco mais, segundo o articulista de 3,5 a 4%. Justamente o que vinha fazendo o ex-ministro Antônio Palocci – a quem devemos reformas microeconômicas que ainda hoje aproveitam ao país.
6. POVOS POBRES E RICOS
OS FATOS
Enquanto o Brasil se une aos países pobres para pleitear transferência de recursos dos ricos (pelo menos até agora) – e se rende aos encantos do escândalo em torno do fato de uma rede de contravenção do jogo-de-bicho, com direito a CPI vistosa no Congresso, etc – os sul-coreanos ocupam páginas duplas de grandes jornais para anunciar seus carros, televisores e celulares inteligentes. O nome do jogo é conquista de mercados, como fazem igualmente chineses e outros povos sensatos.
ANÁLISE
É que eles, tendo conhecido a miséria extrema no pós-guerra – quando cidades inteiras passaram fome – deixaram a complacência de lado e buscam aproveitar a oportunidade para ficarem ricos. Já ostentam 28 mil dólares de renda média (ante 8 mil do Brasil) mas estão determinados a ficar ricos de verdade (coisa de 40 mil dólares para cima). Por isso, sem dotação de recursos naturais nem território vasto, sabem que não têm tempo a perder e atuam agressivamente, ontem vendendo quinquilharias e já hoje exportando produtos de vanguarda tecnológica.
7. ATENÇÃO DISPERSA
OS FATOS
Alheios ao agravamento da conjuntura internacional e à realização em solo brasileiro da mais importante conferência da ONU no período, políticos reunidos no Congresso Brasileiro (nos partidos, governos, etc) continuam engalfinhados na discussão dos vazamentos, depoimentos e discussões da CPI “do Cachoeira”. A troca de acusações, farpas e insinuações é ampla, com governadores, contraventores e “musas” sendo pressionados em inquirições, liminares sendo pleiteadas e gente graúda envolvida no imbróglio. A ponto de o Congresso ter preferido transmitir a reunião da CPI que ouvia o governador Marconi Perillo (Goiás) em vez da audiência do presidente do Banco Central.
ANÁLISE
É que, talvez, a afirmação do sr. Alexandre Tombini, do BC, de que a crise global deve durar mais dois anos fosse menos excitante do que a revelação sobre a origem dos cheques utilizados no pagamento da compra de casa do governador de Goiás. Ou, talvez, nossa índole nacional, trêfega e ainda juvenil, se volta mais aos factóides do que às essências, numa revisitação do “Estado espetáculo” dos Anos 60 – como já pressentia há 200 anos José Bonifácio, o patriarca da Independência.
MISCELÂNEAS (I)
Empresários dos maiores grupos paranaenses assinaram doação para a realização da primeira etapa de desburocratização estadual dentro do Movimento Brasil Competitivo. A iniciativa, boa, pode começar pela simplificação do papelório do Detran, cheio de firmas reconhecidas, comprovação de endereço por conta postada há menos de 2 meses, etc =/= Outra comitiva do Paraná circulou por Brasília, defendendo a criação de um Tribunal Regional Federal com sede em Curitiba =/= Lançada em Curitiba a representação regional da Associação Brasileira de Combate à Corrupção Política. À frente da iniciativa no Paraná está o advogado Kleber Wolf, sobrinho de Léo de Almeida Neves.
MISCELÂNEAS (II)
PT de Curitiba se reúne neste sábado para escolher o seu nome para a vice, na chapa liderada pelo ex-deputado Gustavo Fruet (PDT) =/= Prefeito Luciano Ducci recebendo, ao lado do governador Beto Richa, o ministro Aldo Rebello, para avalizar a conclusão em tempo do estádio da Copa =/= Racha no Diretório curitibano do PMDB pode afetar lançamento da candidatura de Rafael Greca, apoiado pelo senador Roberto Requião mas rejeitado por ala que defende aliança com o atual prefeito =/= Empresário Rodrigo Rocha Loures, ex-presidente da Federação das Indústrias, lançou o livro “Sustentabilidade revisitada – o que queremos sustentar?”.
Rafael de Lala,
Presidente da API – Associação Paranaense de Imprensa
e pela Coordenação da Frente Suprapartidária do Paraná pela Democracia
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