FATOS POLÍTICOS RECENTES EM ANÁLISE (31/08)

1. BÔNUS DEMOGRÁFICO

OS FATOS

Os estudos do Banco Mundial, conjugados com os levantamentos do IBGE sobre o último censo, mostram que a população brasileira atingirá seu ápice em 2020, a partir de quando a taxa de envelhecimento elevará o porcentual de idosos enquanto reduzirá o total de brasileiros em idade ativa. Tecnicamente, trata-se da “razão de dependência” que mede a parcela da população ativa em relação às crianças e adolescentes e ao pessoal de maior idade – isto é, os que são capazes de produzir ante os que dependem do conjunto da sociedade.

ANÁLISE

O Brasil desfruta, portanto, de um “bônus demográfico” de oito anos, durante os quais poderão ser definidas as possibilidades futuras do país: se aproveitarmos esse lapso de praticamente uma década para preparar bem os jovens de hoje haverá mais crescimento e garantia de recursos para prover as demandas da população pelo meio século adiante. Por isso, investir e insistir em educação de qualidade é um dos desafios propostos pelo político britânico que proferiu a frase acima.

2. NERI NO IPEA

OS FATOS

O governo anunciou que o economista Marcelo Neri vai ocupar a presidência do IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, ligado à Secretaria de Assuntos Estratégicos. O órgão se dedica a elaborar estudos de economia geral, a macroeconomia”, para subsidiar decisões governamentais relacionadas com o planejamento, as políticas para desenvolvimento e as iniciativas sociais do país, tendo dois escritórios principais: um no Rio e outro em Brasília.

ANÁLISE

Marcelo Neri vai suceder a Márcio Pochmann, um economista oriundo da Universidade de Campinas que sempre foi muito próximo do PT e do ex-presidente Lula. Mas enquanto Pochmann – que sai para concorrer à Prefeitura de Campinas – era da linha chamada heterodoxa que critica a orientação liberal na economia, Neri vem da Fundação Getúlio Vargas, cujo braço carioca é um santuário do liberalismo econômico. Mesmo assim, por ter dirigido o Centro de Pesquisas Sociais, ele se destacou ao conduzir estudos sobre a utilização de políticas públicas para redução da pobreza, como é o caso do “Bolsa-Família” e da ascensão de camadas populares para a “nova classe média”. Sua atuação, agora, será importante, para dar suporte ao esforço de enfrentar o desafio registrado acima: o aproveitamento da janela temporal para elevar o ritmo de crescimento de forma a superar o grau do Brasil como país emergente.

3. GREVISMO NEGATIVO

OS FATOS

A onda de greves do funcionalismo público que assolou o país e se arrasta desde maio – começando pelas universidades federais e se espraiando por instituições de serviço – afetou a população e prejudicou a economia do Brasil, mas parece estar em fase de refluxo, com a aceitação da proposta de reajuste escalonado formulada pelo governo. Durante as manifestações e como resposta social, várias decisões judiciais exigiram o retorno de parte dos grevistas ao serviço para manter atividades básicas – liberação de cargas, fornecimento de remédios e similares. Mesmo assim tratou-se de um paliativo, segundo principalmente as entidades empresariais. O incômodo causado ao setor produtivo foi tanto que a Federação das Indústrias do Paraná publicou manifesto, protestando contra as paralisações e reclamando urgente regulamentação da questão.

ANÁLISE

Criticado por suposta dificuldade em dialogar com o funcionalismo, o governo federal acabou sendo bem sucedido na estratégia de colocar os grevistas contra a parede, ao anunciar um prazo fatal para a aceitação das suas propostas: a data de terça-feira, dia 28, antevéspera do envio da proposta de orçamento anual para 2013 ao Congresso. As categorias que aceitaram o acordo serão beneficiadas com as parcelas anunciadas de reajuste, ficando as demais de fora de qualquer medida favorável. Doutro lado a crise atravessada pela Administração Dilma desencadeou uma corrida do Palácio do Planalto para a regulamentação do direito de greve dos servidores – até aqui em aberto na Constituição de 1988.

4. PORTO PRIORITÁRIO

OS FATOS

O estudo “Sul Competitivo” apresentado pelas Federações de Indústria da Região Sul, em conjunto com a Confederação Nacional da Indústria, ao governo federal, prevê investimentos em infra-estrutura que montam a R4 15 bilhões. Destinam-se à correção dos gargalos logísticos na região, que melhoram a capacidade de movimentação de cargas e reduzem os custos em até 3,4 bilhões/ano. Elaborado por uma firma de consultoria contratada pelas entidades, o trabalho prevê 26 intervenções no Paraná – como a pavimentação da Estrada da Boiadeira até a divisa matogrossense em Porto Camargo e, principalmente, obras no porto de Paranaguá. O porto paranaense é considerado a chave para resolver o gargalo logístico na área e demandará investimentos nessa etapa, de R$ 1,5 bilhões

ANÁLISE

Desta vez o Paraná está agindo certo, ao atuar em conjunto com os demais estados da Região Sul para reforçar sua ainda escassa presença federativa (devida a uma série de fatores vinculados à sua História, como examinado na recente comemoração dos 159 anos de emancipação política). Mas é preciso mais: as obras elencadas para Paranaguá só contemplam melhorias pontuais (ampliação de pátio de triagem, dragagem para aprofundamento do canal, construção de armazéns graneleiros) e não a ampliação da zona de cais – fundamental nos próximos anos. Ademais, dadas as condições atuais, Paranaguá é um porto fundamental para a movimentação de cargas de exportação e ingresso de insumos da agricultura moderna no Centro-Sul brasileiro.

5. CORRIDA EM CURITIBA

A corrida eleitoral em Curitiba continua “embolada, com as candidaturas de Ratinho Junior e do prefeito Luciano Ducci empatadas em primeiro lugar; seguidas pelo ex-deputado Gustavo Fruet e, em quarto, do ex-prefeito Rafael Greca. Embora ainda indefinida, há tendência de avanço do prefeito Ducci – segundo o Datafolha. Já no terceiro lugar o ex-deputado Fruet luta para melhorar o desempenho: recebeu sábado passado, o suporte da ministra Gleisi Hoffmann, enquanto o deputado Ratinho ganhou o reforço do presidente local do PSC, engenheiro Borges dos Reis, que deixou um cargo federal em Brasília para ajudar seu correligionário. Por seu lado o prefeito Ducci teve o auxílio de vários membros do governo estadual que se licenciaram, entre os quais a primeira dama Fernanda Richa.

MISCELÂNEAS (I)

Em São Paulo o candidato Celso Russomanno também surpreendeu, ao avançar para o pódium, desbancando o ex-prefeito José Serra (que despencou, afetado pela rejeição ao seu nome e péssima avaliação do seu apoiador, prefeito Gilberto Kassab). A senadora Marta Suplicy finalmente se juntou à campanha do ex-ministro Fernando Haddad, que avançou na disputa da prefeitura paulistana pelo PT =/= Mas a ênfase do ex-presidente Lula pela candidatura do senador Humberto Costa no Recife esfriou suas relações com o governador pernambucano Eduardo Campos (cujo candidato emparelhou com o senador petista) =/= Julgamento do “mensalão” ganhou ritmo no Supremo, com os ministros abandonando exposição de teses doutrinárias para agilizar seus votos: a primeira rodada foi marcada pelo voto de despedida do ministro Cezar Peluso.

MISCELÂNEAS (II)

Embora anunciando cautela doravante, o Banco Central baixou novamente a taxa básica de juros, a Selic, para 7,5% =/= E o governo, reconhecendo que a atividade econômica ainda carece de estímulos, manteve reduzido o IPI dos carros e outros bens de consumo durável =/=Comissão mista do Congresso obteve consenso para aprovar o novo Código Florestal =/= E a presidente Dilma sancionou a polêmica lei que reserva metade das vagas nas universidades federais para cotistas sociais e por origem racial.

Frase:

“Cada país tem seu desafio. O Brasil precisa realizar mudanças para continuar crescendo”.

                                               Tony Blair, ex-premier britânico, durante visita.

AGENDA

Semana da Pátria, de 1º a 7 de setembro:

Dia 3, Conferência Magna da Independência, no auditório do MON (Museu do Olho), pelo príncipe D. Bertrand de Orleans e Bragança.

Dia 4, no campus Tiradentes do Centro Universitário Uninter, Mesa Redonda sobre: “A  independência, hoje”.

Rafael de Lala,
Presidente da Associação Paranaense de Imprensa – API
Coordenação da Frente Suprapartidária do Paraná pela Democracia
e Grupo Integrado de Ações Federativas do Paraná

 

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