1. BRASIL, O 48 º
FATOS
O Brasil subiu para o grupo dos 50 mais competitivos da esfera global, segundo levantamento publicado pelo Fórum Econômico Mundial. Os pontos que mais contribuíram para a melhoria da posição brasileira foram o ambiente macroeconômico – com os primeiros sinais emitidos pelo governo na área de reformas pontuais, rebaixa dos juros e realinhamento cambial, a evolução nos mercados de bens e de trabalho e a dimensão do mercado interno. Itens que neutralizam pioras nas instituições, infra-estrutura, inovação, saúde, etc.
ANÁLISE (I)
Essa é uma boa notícia nesta semana em que comemoramos os 190 anos da independência. O país melhorou um pouco: estava na 53ª posição e subiu para a 48ª em um ano num levantamento que é feito desde 1970 (e chegou ao Brasil a partir de 1995, através da Fundação Dom Cabral e do Movimento Brasil Competitivo). Além de aspectos visíveis, como a ampliação dos usuários de telefonia celular, internet, uso da banda larga e assimilados, o Brasil também avançou devido à percepção de que o governo está se movimentando para a solução de problemas estruturais.
ANÁLISE (II)
Neste sentido os especialistas apontam um sentido de direção na política econômica, com os esforços para redução dos juros básicos, ampliação do crédito e já agora, seu direcionamento para investimentos produtivos, redução de encargos e barreiras na exportação, no custo da energia e similares. Dentre elas a iniciativa de um sindicato de trabalhadores da região do ABC – estimulada pelo governo – para flexibilizar as pesadas regras de uma legislação trabalhista herdada do regime fascista de Mussolini na Itália e que faz pouco sentido no cenário atual. Na contramão: a insistência do aparato burocrático da área trabalhista em tutelar as relações de produção, como a exigência de ponto eletrônico para firmas com 15 empregados – o que contrasta com a flexibilização tributária do regime de empresas (Simples, Supersimples, MEI, etc.). Ainda, financiamento subsidiado para casas, ante a urgência de recursos (e iniciativa) na infra-estrutura.
2. ENTREVERO POLÍTICO
OS FATOS
Nesta dimensão o entrevero da semana, entre o ex-presidente Fernando Henrique e a presidenta Dilma, ganha aspectos políticos. Foi o seguinte: FHC escreveu artigo na imprensa de domingo acusando o também ex-presidente Lula de ter legado uma “herança pesada” para sua sucessora. Porque Lula surfou na “marolinha” e desaproveitou o período de vacas gordas para promover reformas que melhorassem o desempenho do país. Dilma retrucou, com nota incisiva em que ressaltou a “herança bendita” recebida via Lula, à diferença do final do governo tucano, quando o país sofria uma intervenção branca do FMI e os efeitos do “apagão” na oferta de energia.
ANÁLISE
Há verdades e omissões para ambos os lados. De fato, o então presidente Fernando Henrique mostrou virtude quando liderou a bem sucedida introdução do plano de estabilização – o “real” – que domou a inflação galopante das décadas finais do século passado. Mas falhou ao insistir na paridade entre o real e o dólar, que desaguou na crise cambial de 1999/2002; o que aliás, facilitou a vitória eleitoral do PT com Lula presidente. Este, que no governo evitou o radicalismo arcaico de certa parcela de seu partido e soube aproveitar o cenário mundial favorável para expandir as exportações e acumular reservas que libertaram o Brasil da dependência tradicional dos financistas internacionais (FMI e associados), por sua vez deixou de lado as reformas necessárias para modernizar o Estado e a economia. Por isso não foi inteiramente bem sucedido, como dão prova o escândalo do “mensalão” na área política e a timidez na infra-estrutura (que agora prejudica o governo de sua sucessora).
3. PRO-ALIMENTOS
OS FATOS
A safra colhida neste ano no Brasil foi boa mas a colheita do ciclo 2012/3 que começa a ser plantado promete ser ainda mais expressiva: da ordem de 172 milhões de toneladas, com destaques para grãos exportáveis como soja (mais de 70 milhões), milho, trigo, etc. Para essa expansão da área e do volume de produção concorrem fatores como a condição do clima, a utilização de insumos modernos –sementes e fertilizantes e sobretudo, a demanda internacional. A quebra nas lavouras dos Estados Unidos e o consumo ampliado nos países que subiram na escala econômica (China, Coréia do Sul, etc), favoreceram as cotações e estimularam os agricultores – a ponto de estimar estrangulamento na infra-estrutura de escoamento da próxima “supersafra”.
ANÁLISE (I)
Tudo bem no registro, que inclusive beneficia o Paraná: há previsão de que o Estado colha mais de 35 milhões de toneladas de grãos. Nem tudo porém, são flores: a corrida para os grãos exportáveis, as “commodities” como soja e milho, trouxe reflexos negativos para o país, ao desarranjar o mercado interno de suprimentos para a avicultura (criadores de frango no Paraná já sofrem o problema), elevação inflacionária de preços e retirada de áreas antes destinadas à produção de gêneros alimentícios. Com isso reduziu-se a área de plantio de alimentos como arroz e feijão, empurrando os preços para cima e gerando preocupações de ordem pública.
ANÁLISE (II)
Não é a primeira vez que o Brasil sofre impactos desse processo de globalização, em que uma seca em região distante afeta a população interna. No período colonial as autoridades exigiam que os produtores de cana-de-açúcar reservassem parte de suas terras para o plantio de gêneros como mandioca e feijão (a tal “munição de boca” destinada a alimentar os moradores da redondeza. Agora valeria adotar mecanismos de mercado e outros estímulos (como garantia de compra, subsídios de crédito, assistência técnica direta e presencial) para levar agricultores (do tipo familiar e mesmo do agronegócio) a ampliar sua oferta de feijão, arroz, fruticultura e hortaliças, de modo a reduzir a oscilação de preços que influenciam a inflação corrente e – tema caro para o governo em função – reduzem a “segurança alimentar”.
MISCELÂNEAS (I)
Na arena política doméstica a CPI do caso “Cachoeira” empacou no calendário eleitoral e só retornará – se retornar – após o segundo turno das eleições municipais =/= Enquanto isso o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o caso do “mensalão”, está forçando a mudança do paradigma que regia o processo político brasileiro: desvio de dinheiro público é crime, mesmo com prova indireta =/= No pleito da cidade de São Paulo a novidade é a quebra da polarização dos últimos anos entre petistas e tucanos. Celso Russomano, candidato de uma terceira via (ainda não muito nítida) está despontando numa dianteira decisiva =/= Já em Curitiba a disputa ainda não se definiu entre o desafiante Ratinho Junior e o prefeito Luciano Ducci. Atrás o líder do bloco PDT-PT Gustavo Fruet.
MISCELÂNEAS (II)
A boa notícia do hemisfério foi o início de negociações de paz entre o Governo da Colômbia e o último grupo guerrilheiro das Américas – as FARC. Mediação da Noruega, Cuba, Chile e Venezuela =/= No Oriente Médio os países islâmicos tentam intervir para um dialogo de pacificação entre o governo Assad e os opositores =/= Nos Estados Unidos as convenções partidárias definiram os dois pólos para a corrida presidencial: Barack Obama, pelos democratas e Mitt Romney, pelo Partido Republicano.
AGENDA:
Nesta sexta, dia 7, o desfile comemorativo dos 190 anos da independência terá, em Curitiba, apresentação dos modernos carros de combate Leopard, vindos da Alemanha. Esses tanques de grande potência assinalam o início do reaparelhamento de nossas Forças Armadas. Estão anunciados protestos de grupos dissidentes, que devem ser vistos com cautela: a data é cívica em homenagem ao Brasil, a pátria comum.
Rafael de Lala,
Presidente da Associação Paranaense de Imprensa – API
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