1. EUROPA DESALINHADA
Os Fatos
Lideres dos principais países europeus prorrogaram a solução para a crise da dívida da Grécia, mas a premier alemã Ângela Merkel assegurou que a decisão sai nos próximos dias. Em paralelo, ao visitar a Espanha para novo encontro do fórum de relacionamento ibero-americano, a presidente Dilma Rousseff reiterou a posição do Brasil: é preciso um pacto global pelo crescimento. Segundo a dirigente brasileira “se todos os países fizerem ajustes fiscais simultâneos, o resultado será a recessão”. Essa linha pragmática de enfrentamento da crise, que o Brasil vem sustentando desde o governo anterior do presidente Lula, foi abraçada pelo Banco Mundial. A instituição defende um programa de ajustamento distribuído no tempo que permita a recuperação e não o sufoco dos devedores.
Análise
O realismo brasileiro assenta na boa vertente da economia de intervenção limitada preconizada pelo pensador John M. Keynes e aplicada nos Estados Unidos com o “New Deal” do governo Roosevelt para a recuperação da grande crise de 1929. Políticas de estímulo conduzidas com prudência podem contribuir para a recuperação de forma mais positiva do que a ênfase nas soluções de curto prazo – como também aprendeu a América Latina em décadas passadas. Em paralelo à defesa de “horizontes de esperança” para as sociedades daqueles países, Dilma defendeu o experimento da União Européia e do euro como “uma das maiores conquistas da humanidade” assegurando aos espanhóis que nesta hora difícil “o Brasil não deixará a Espanha só”.
2. CRISE E ALINHAMENTO
Os Fatos
Na Argentina as crises contra o governo Cristina Kirchner se sucedem: antes foi um panelaço promovido pelas classes médias incomodadas com os arroubos vistos como autoritários da governante. Depois, uma paralisação de sindicatos acarretou uma greve generalizada na capital e cidades importantes do interior. Em paralelo, a popularidade da presidente, reeleita há pouco tempo com larga maioria, vem recuando na medida em que se sucedem os problemas e enfrentamentos. No contraponto, os países latino-americanos da costa do Pacífico, do Chile ao México, ensaiam um projeto de união comercial que poderá ampliar as trocas intra-regionais e acelerar o crescimento dos parceiros
Análise
Afora o aspecto de instabilidade política o risco de uma deterioração na Argentina afeta o Brasil: o país platino é um de nossos principais parceiros de comércio e sócio estratégico no Mercosul. Além do que a restrição de novas afiliações impostas pelo Mercosul prejudica os interesses brasileiros, bloqueado no estabelecimento de acordos vantajosos com aquelas nações mais dinâmicas da orla do Pacífico.
3. NOTICIA BOA (I)
Os Fatos
O Governo Richa conseguiu agilizar as providencias para a tomada de um empréstimo de R$ 817 milhões do Banco do Brasil. O dinheiro, resultado do programa anticíclico lançado pelo governo federal para facilitar ao país o enfrentamento da crise internacional, vai ser aplicado em investimentos de segurança pública, melhoria de estradas e obras nos municípios paranaenses. Além disso, o governo estadual pleiteou outros financiamentos de órgãos multilaterais (em condições mais favoráveis do que as do mercado financeiro privado) e aguarda autorização da Secretaria do Tesouro Nacional e do Senado para contrair empréstimo de 350 milhões de dólares do Banco Mundial para aplicações em saúde e educação.
Análise
A retomada dos fluxos de recursos de fontes multilaterais é importante porque, dadas a característica de nosso modelo federativo, os estados-membros não conseguem deslanchar apenas com receita tributária. Apoiar empreendimentos produtivos via instituições como o BRDE e a Agencia de Fomento Estadual é uma alavanca para desenvolver a economia, ao lado de investimentos em áreas públicas de infra-estrutura logística e social (aqui, a melhoria dos serviços de saúde, educação e segurança). Resta esperar que os paranaenses se unam em torno desses objetivos de desenvolvimento – sobretudo a Bancada de Senadores e Deputados Federais – com todos os atores evitando viés partidário nesse esforço paranista.
4. NOTICIA BOA (II)
Os Fatos
A safra brasileira para 2013, tanto a de verão em fase de plantio como a de inverno a plantar no primeiro semestre, tende a crescer 20% em relação ao volume atual, chegando a 185 milhões de toneladas de grãos. O potencial para soja deve girar entre 81 e 85 milhões de toneladas, com igual destaque para milho, trigo, arroz, feijão e outras culturas – inclusive a cana, pronta para recuperar níveis com a correção no preço interno dos combustíveis. Os fatores positivos para esse avanço são o clima favorável e a capitalização conseguida no ciclo atual (permite aos produtores a utilização de mais tecnologia na lavoura). Ainda, parte da produção futura já tem mercados e contratos definidos, segundo o ministro da Agricultura.
Análise
O agronegócio brasileiro está sendo beneficiado por fatores próprios e alguns externos. Entre os primeiros, a ênfase do governo na garantia de condições favoráveis, como a disponibilidade de crédito na hora certa e a correção de gargalos na infra-estrutura. De fora os aspectos que nos beneficiam são os reflexos da seca severa que atingiu outros produtores de escala como Estados Unidos e Argentina; bem assim descontinuidades decorrentes da crise macroeconômica e de políticas aleatórias em alguns concorrentes (Argentina). Mas persistem dificuldades locais na logística (problemas no escoamento da produção do centro-oeste desde o Mato Grosso), nos portos e similares – descompasso na oferta interna de insumos para rações, gangorra de preços da alimentação, etc.
5. NOTICIA BOA (III)
Os Fatos
A adoção de uma política industrial voltada para o setor automotivo deve permitir o avanço do Brasil entre os produtores mundiais de veículos, segundo estudos recentes. O país vai se tornar o sexto maior produtor até 2017, superando a Coréia. O estímulo governamental levou o investimento anunciado pelas principais firmas da área a R$ 60 bilhões, com projetos distribuídos por diversos estados. Já as vendas deste ano – janeiro a agosto, com 2,4 milhões de unidades, situam o Brasil em quarto lugar, atrás da China, Estados Unidos e Japão. No Paraná em 2013, a venda de veículos deve crescer 6%, recuperando a retração deste ano principalmente em caminhões e ônibus – conforme a entidade setorial, Fenabrave.
Análise (I)
Há dois pontos a considerar neste fato: o primeiro é que o vasto território brasileiro permite continuidade na expansão do número de veículos automotores – sobretudo para utilização no interior e fora das cidades maiores onde, de fato, já é registrada saturação. Doutro lado, justamente por focar o mercado interno, em produção o Brasil parece uma ilha – critica um expert da área. Para ele perdemos mercados externos nos últimos anos, devido a fatores vários (custo de produção local, falta de incentivos para exportação, etc). Para analisar mais densamente: países de mercado estreito, como a Coréia, praticam política agressiva de exportações, bastando ver os pesados anúncios de marcas coreanas.
Análise (II)
Porém, sem uma grande montadora nacional o Brasil desperdiça esforços com o novo regime – adverte um especialista. O professor Ronaldo Salvagni, coordenador do Centro de Engenharia Automotiva da USP, escreveu artigo na Folha de S. Paulo em que critica “A falta que uma montadora brasileira faz”. Segundo o texto “a área de inovação é estratégica demais e sempre fica na matriz, por mais que criemos ‘regimes automotivos’. É frustrante, todo país grande tem sua montadora”.
6. MAIS RITMO
Os Fatos
Ao fazer um balanço das obras relacionadas no Programa de Aceleração do Crescimento o governo federal admitiu, através da ministra do Planejamento, ser preciso aplicar mais ritmo na execução de tais projetos, cujo cronograma sofre adiamentos periódicos. “A nossa expectativa é sempre superior, há empenho de todos os ministros e a gente quer fazer mais”, declarou Miriam Belchior. Os empreendimentos da área como usinas hidrelétricas, portos e ferrovias, são de escala e enfrentam questionamentos ambientais, de órgãos reguladores e de contratação de executores, com defasagem de até 40%.
Análise
Sem dúvida o PAC, despejando bilhões em obras de infraestrutura, é um fator de impulso para a economia, assegurando que o PIB anual não ingresse no terreno negativo. Porém em paralelo cabe alinhar outros fatores positivos para a construção de ambiente favorável aos investimentos – como assinalou estudo do Banco Mundial. No Paraná o professor Walter Shima, da UFPR, propõe novas abordagens, como a aplicação de conhecimento na exploração do potencial de recursos naturais, a nanotecnologia e a economia criativa (design, moda, etc). Mas a intervenção abrupta na área de energia – confirma-se – foi um “tiro no pé”.
7. RESGATAR A SEGURANÇA
Os Fatos
O início de ações conjuntas de inteligência policial, de fiscalização de divisas e outras, entre a União e o Governo do Estado de São Paulo pode refluir o clima de insegurança desencadeado na metrópole paulistana e que, em algumas semanas, já desbordava para cidades do interior. No entremeio ocorreu a troca do secretário paulista de Segurança Pública, o que pode facilitar os entendimentos para essa ação coordenada.
Análise (I)
De toda forma a desenvoltura com que facções do crime organizado comandaram ações delituosas em São Paulo – por sua vez respondidas com operações ilegais da polícia – gerou uma expectativa de insegurança contrária ao princípio da ordem pública. Se autoridades estaduais, em São Paulo, Santa Catarina e outras regiões, carecem de meios para lidar com a magnitude do desafio dos criminosos, por que não apelar para a presença de forças federais que poderiam operar num padrão de saturação do território para coibir a iniciativa dos bandos marginais? Ao lado de restrições já adotadas em países como a Colômbia, para a circulação de motocicletas com caroneiros, identificação forçada de placas de tais veículos e assim por diante.
Análise (II)
Ao lado e em desdobramento dessas medidas conjunturais cabe recolocar na ordem do dia a questão cultural. É válido insistir na restauração de padrões de formação que incluam noções de moral e civismo – desde a idade escolar – para a prevalência de uma cultura de convivência pacífica, fundamento da viabilidade dos grupos humanos em sociedade. Nessa linha, apoiamos a iniciativa do Ministério Público, já lançada no Paraná, para estimular nas pessoas a reflexão antes da prática de atos de violência. A campanha “Conte até 10” assenta na realidade de que no estado, até 30% dos homicídios ocorrem por motivos banais (briga entre vizinhos, discussões de trânsito e agressões domésticas). O projeto de convivência harmoniosa deve ser estendido agora, para as igrejas, centros comunitários e entidades sociais – porque nada é mais valioso do que a vida.
Miscelâneas políticas
Sob a nova presidência do ministro Joaquim Barbosa, o Supremo entra em fase decisiva do julgamento do mensalão. A Corte precisa decidir se parlamentares condenados perdem o mandato e quando =/= Tucanos estão em fase de mudança de plumagem, isto é, de doutrina partidária e se aprestam a escolher um novo presidente. A mudança de geração deverá recair no senador Aécio Neves, de Minas Gerais =/= No Paraná a disputa é pelo comando do PMDB estadual =/= Senador Sergio de Souza escalado para relatar MPs de interesse do Governo no Congresso.
Miscelâneas (II)
Crise reaberta no Oriente Médio, opondo Israel e os palestinos de Gaza, fazia perigar a estabilidade mundial. Por isso países hegemônicos como os Estados Unidos e o vizinho Egito trabalharam por uma trégua entre o governo israelense e o grupo Hamas =/= No Brasil, o Congresso corre contra o relógio para aprovar nova distribuição do Fundo de Participação dos Estados, respeitando decisão do Supremo. O Paraná precisa ficar atento para não sair prejudicado nessa partilha =/= Carlinhos Cachoeira, o contraventor-pivô de CPI do mesmo nome instalada no Congresso, saiu da prisão, condenado a pena que permite regime semiaberto. Já a CPI respectiva periga não ter seu relatório final.
Miscelâneas (III)
Ex-deputado federal Ricardo Barros retornou à Secretaria Estadual de Industria e Comercio (e Assuntos do Mercosul). Ele ficou licenciado para conduzir as campanhas municipais em que seu partido, o PP, era protagonista ou aliado =/= Também retornou de curtas férias pós-eleição o novo prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet. Sua volta acelera as providencias para o início da gestão, dentro de pouco mais de um mês =/= Feriados em meio de semana “comem” um naco da produção, ocasionando prejuízos à economia. Por isso volta o movimento para transferi-los todos para as sextas.
Agenda:
A Assembleia Legislativa do Paraná realizará sessão especial, no próximo dia 26, em homenagem aos 123 anos da proclamação da República e da adoção da Bandeira Nacional. O evento, convocado por iniciativa do deputado Ney Leprevost, terá participação do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, do Comando da 5ª. Região Militar/ 5ª Divisão de Exército e de estabelecimentos de ensino da região de Curitiba.A celebração terá início às 14,30 horas e contará ainda, com a premiação dos concursos estudantis alusivos aos dois fatos históricos brasileiros.
Rafael de Lala,
Presidente da API – Associação Paranaense de Imprensa
Coordenação da Frente Suprapartidária do Paraná pela Democracia
e Grupo Integrado de Ações Federativas do Paraná
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