Evento, promovido pelo Sebrae/PR e APL de Software de Maringá e Região, estimulou debate sobre o novo modelo de negócios; objetivo é criar ambiente favorável para o segmento
Tendência mundial em empreendedorismo, as startups compõem um novo conceito de negócio, caracterizado por uma ideia original e inovadora. No Brasil, a proposta já incentivou a abertura de mais de 10 mil empresas, segundo dados da Associação Brasileira de Startups (ABS). Algumas com destaque, inclusive, no mercado internacional, como Instagram, Samba Tech, BooBox e Buscapé.
De olho nesse mercado, o Sebrae/PR e o Arranjo Produtivo Local (APL) de Software de Maringá e Região promoveram na semana passada, em Maringá, a palestra “Criando ecossistemas de startups”. Essa foi a primeira iniciativa com o tema, no município, e reuniu empresários do setor de Tecnologia de Informação (TI), de software, de startups, e representantes de entidades ligadas ao setor.
O tema foi abordado pelo fundador e presidente da Associação Sul-Matogrossense de Startups (StartupMS), Guilherme Junqueira. Administrador pós-graduado em Marketing e Propaganda, ele também é gerente da Incubadora Tecnológica de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul.
O palestrante iniciou a apresentação conceituando as startups. “Tratam-se de empresas que nascem com grande potencial de crescimento, mas que enfrentam um ambiente de incertezas pela própria característica inovadora do negócio. O fato de os consumidores estarem cada vez mais abertos para a tecnologia, porém, facilita a expansão desse tipo de negócio”, explicou.
Quanto aos produtos ou serviços de uma startup, Guilherme Junqueira disse que são sinônimo de solução, porque precisam atender uma necessidade do mercado. “Os produtos ou serviços também são classificados como repetíveis porque podem ser comprados por muitos clientes sem gerar novos custos de produção. Um exemplo são os e-books.”
As startups carregam ainda o conceito de escaláveis, porque podem atingir alto crescimento em curto espaço de tempo, com o menor custo de operação e equipe enxuta. “É diferente de uma padaria, por exemplo, que atende mil clientes em um dia, mas não atende 10 mil no outro porque exigiria adaptações físicas e recursos humanos”, esclareceu o palestrante.
Ecossistema
Na sequência, Guilherme Junqueira explicou que ecossistema de startups nada mais é do que a criação de um ambiente favorável para que o novo modelo de negócio encontre espaço e suporte para se desenvolver. O especialista também contou a sua experiência nesse quesito, que acabou resultando na criação da StartupMS.
“Em reuniões informais, criei um grupo de pessoas para trocar ideia sobre startups e logo realizamos o primeiro evento, que reuniu 160 pessoas. Percebemos que existia interesse por novas possibilidades de empreendedorismo no Estado. Os jovens, por estarem mais familiarizados com tecnologia e internet, são os que mais se interessam e, por isso, a dica é evitar muita formalidade com esse público empreendedor”, alertou o presidente da StartupMS.
Outro passo importante, segundo Guilherme Junqueira, foi obter a parceria do Sebrae/MS. “É preciso pensar no crescimento coletivo das startups, compartilhando dificuldades e soluções em gestão, prestando apoio em marketing, capacitações, custos, e sendo multiplicador do conceito de negócio. Nesse processo, o Sebrae ajuda muito, tanto que conseguimos estruturar a Associação para organizar e impulsionar o setor”, completou.
Para o coordenador estadual de TI do Sebrae/PR, Emerson Cechin, a palestra foi muito produtiva e atingiu o objetivo de estimular o início da criação de um ecossistema de startups no Paraná. “Iniciamos o tema na Feira do Empreendedor 2013 – Paraná, em Curitiba, e somos parceiros nesse evento em Maringá porque entendemos que é preciso aproveitar essa tendência para potencializar negócios.”
A consultora do Sebrae/PR, Érica Cristina Sanches, disse que em abril deve ser realizado mais um encontro, em Maringá, e que o trabalho não se restringirá ao setor de TI. “Embora a área de tecnologia tenha um papel importante porque agrega inovação e escalabilidade, é preciso lembrar que as startups não precisam, necessariamente, ser tecnológicas”, ponderou a consultora.
O presidente do APL de Software de Maringá e Região, Ademir Faria, informou que o noroeste do Paraná já tem um ambiente empresarial desenvolvido e, por isso, basta integrar esse novo modelo de negócio e aproveitar as políticas de incentivos que o governo do Estado já tem oferecido para as startups.
“O momento econômico favorável, a Geração Y e a cultura da criatividade também são fatores aliados. Se esses jovens empreendedores forem bem orientados poderão acelerar o processo de crescimento dos negócios, gerando perspectivas positivas tanto para os empresários quanto para os investidores”, frisou Ademir Faria.
Na prática
O empresário da startup Bolsa Financeira, Felipe David, marcou presença na palestra e é um dos primeiros maringaenses a ingressar nesse modelo de negócio. Ele contou que a sua ideia de negócio nasceu em 2008, quando fazia um curso sobre mercado de ações e observou que algumas análises ainda eram feitas à mão.
“Pensei em automatizar e fiz um aplicativo para uso próprio. Mostrei para um professor e para colegas e eles gostaram da solução. Foi quando percebi que a ideia poderia virar negócio.”
Sem demoras, Felipe David lançou o site http://www.bolsafinanceira.com, onde passou a vender o aplicativo e, depois, agregou mais serviços. Em 2010, o empresário conheceu o modelo startup e percebeu que se enquadrava no novo perfil de negócios.
“Fiquei feliz de participar da primeira palestra sobre o tema, em Maringá. Quando comecei a empreender, senti muita dificuldade porque ninguém conhecia esse modelo de negócio. Essa mobilização, certamente, trará bons frutos”, assegurou o empresário.
Fonte: Sebrae/PR