Segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a conta de comércio do país registrou, nos três meses iniciais do ano, um déficit acumulado de US$ 5,150 bilhões, com exportações de US$ 50,839 bilhões e importações de US$ 55,989 bilhões. É a primeira vez que isso ocorre para o período desde o longínquo 2001.
Boa parte do pífio desempenho das vendas externas brasileiras se deve à persistente crise econômica internacional, que esfriou a demanda e estreitou os mercados. Outra explicação é a valorização cambial. Um terceiro e importante componente, contudo, é interno. Está na carga tributária elevada e numa legislação de impostos complexa, no excesso de burocracia do aparato estatal, nas deficiências da infraestrutura, no alto custo da mão de obra, devido a leis trabalhistas anacrônicas.

“Nossas exportações perderam substância em valor, volume e no número de empresas exportadoras” – Roberto G. da Fonseca. Foto: CNI
PERDA DE SUBSTÂNCIA – Estes gargalos são alguns dos males do chamado Custo Brasil (veja infográfico ao final do texto), que reduzem a competitividade das empresas e, portanto, o poder de concorrência, acarretando a perda de mercados externos e mesmo internamente, pela maior concorrência dos produtos importados.
Concordam com o diagnóstico a executiva Nelci Schildt e o economista Roberto Gianetti da Fonseca, um dos maiores especialistas do país em comércio exterior, diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). “A tributação na cadeia produtiva dos calçados é muito alta, elevando nosso custo de produção”, depõe Nelci. “Nossas exportações perderam substância em valor, volume e no número de empresas exportadoras”, atesta Gianetti.
As estatísticas confirmam as afirmações do diretor da Fiesp. As exportações brasileiras caíram 5,3% entre 2011 e 2012 – de US$ 256 bilhões para US$ 242,6 bilhões no ano passado. O superávit da conta de comércio, que fora de US$ 29,8 bilhões em 2011, recuou para US$ 19,5 bilhões em 2012, um declínio de 34,7%. Mesmo baseadas em commodities, que têm pouco valor agregado, as vendas para o maior mercado do Brasil, a China, também caíram entre um ano e outro, em 7%. Foram reduzidas de US$ 44,3 bilhões em 2011 para US$ 41,2 bilhões em 2012.
Fonte: Portal da Indústria

