SUMARIO
Preço da passagem foi gatilho para as manifestações de rua =/=Movimento precisa ser ajustado aos padrões democráticos para dialogar com governo=/= Avião de transporte militar brasileiro vai ser vendido pela Boeing =/= EUA deixam de emitir dólares e afetam mercados mundiais =/= Novo presidente do Irã acena com reaproximação, Afeganistão segue =/= Legislação do meio ambiente deve ser funcional, reclamam empresários da indústria.
1. NOTICIA BOA
– DO BRASIL
Convenio fechado entre a Embraer e a Boeing vai permitir a distribuição do jato de transporte militar brasileiro KC-190 para a rede mundial servida pela empresa americana de aeronáutica. A previsão é que o mercado de aviões dessa categoria (transporte médio) atinja a cifra de 800 aparelhos – o que consolidará nossa fabricante nacional de aeronaves.
2. PROTESTO: PAÍS URBANO
OS FATOS
Os movimentos de protesto contra a elevação das tarifas de transporte coletivo, que se espalharam pelo território nacional, tiveram sucesso para reduzir a passagem de ônibus. Na cidade de São Paulo – mais representativa das metrópoles com problemas –, a tarifa baixou de R$ 3,20 para R$ 3,00; movimento seguido pelo Rio e outras capitais. Em Curitiba o prefeito Gustavo Fruet promoveu a diminuição possível, enquanto o governo federal hesita em desonerar por completo o transporte coletivo. No Congresso a tendência é retirar do cálculo da tarifa custos do IPI sobre o óleo diesel (como fez o governador Beto Richa no ICMS), além de abater contribuições como o PIS-Cofins – entre outras.
ANÁLISE
Passada a onda mais densa das manifestações populares, emerge das análises que o aumento da passagem de ônibus foi apenas um gatilho para exteriorização de insatisfações da população. Afetada pela tensão de funcionar no ambiente de “nova classe média” ante o avanço da inflação e custos indiretos da existência em metrópoles (problemas de mobilidade urbana, insegurança, deficiências de saúde e educação, etc.), a sociedade reagiu por sua parcela mais mobilizada – a juventude. Outros aspectos revelam a realidade do Brasil como país urbano regido por instituições desenhadas para uma nação rural (Constituições republicanas de 1946 em diante) que, por isso se mostraram disfuncionais. Decisiva no desfecho a posição da presidente Dilma, ao pressionar pela redução em São Paulo: é preciso ouvir a “voz das ruas”.
ANÁLISE (II)
Dessa evidência decorre a crise de representação exposta pelos movimentos, que se apoiaram em convocações via redes sociais, grupos frouxamente organizados e difusamente liderados, pauta de demandas ampla e aberta; mas que, não obstante, conseguiram sucesso ao pressionar governos hesitantes que acabaram atendendo a exigência principal: revogação dos aumentos de tarifas. Essa leitura deve levar os agentes políticos a repensar modelos, promovendo reformas capazes de ampliar a identificação entre as categorias de base social e as esferas públicas – segundo avaliou o diretor geral do Datafolha, Mauro Paulino.
ANÁLISE (III)
Ao se declarar apartidário e sem liderança definida, composto por pequenos grupos que apresentam orientações próprias, o movimento que está levando multidões às ruas difere de movimentações recentes na História brasileira: Diretas Já, Fora Collor, etc. Estas tinham lideres definidos e arrastavam as pessoas para manifestações que se resolviam num final identificado: um palanque em praça pública onde os organizadores proclamavam objetivos de forma clara e conclusiva – em Curitiba a Boca Maldita, etc.
Agora, ao organizar caminhadas pelas vias centrais, as lideranças desses grupos informais não apontam um trajeto pré-conhecido nem um fechamento definido para o evento. Com isso o foco acaba atingindo os símbolos do poder instituído – palácios e sedes de prefeituras, assembléias legislativas e câmaras municipais e, em Brasília – o Congresso e o edifício estelar do Itamaraty. Ao avançar no rumo desses alvos a multidão promove uma “compressão” sobre a vanguarda do movimento que, inevitavelmente, acaba se chocando com a guarda de tais sedes públicas, o que – sob estimulo de ativistas mais radicalizados – acaba resultando em confronto, atos de vandalismo, repressão policial e por aí afora.
CONCLUSÃO
Cumpre evitar essa situação de anomia social com duas iniciativas capazes de ajustar o movimento: a primeira, de parte das autoridades, o reforço na segurança das ruas e prédios públicos mediante a convocação inclusive das Forças Armadas no seu papel de garantidores da lei e da ordem; segundo, a abertura de uma mesa de dialogo com as lideranças mais representativas para a recepção e discussão das reivindicações, com retorno de propostas viáveis. Esse processo, por seguro complexo e trabalhoso, é fundamental para restaurar a normalidade em proveito da democracia e da sociedade.
3. TRANSE NA ECONOMIA
OS FATOS
Em depoimento no Congresso o presidente do Banco Central dos Estados Unidos, Ben Bernanke, confirmou que o país se recupera da crise iniciada em 2007/8. Como a economia vai bem, se a restauração continuar, o “Fed” vai encerrar neste ano o processo de injeção de dinheiro (85 bilhões de dólares por mês) que irrigou a liquidez do mercado americano. O movimento será confirmado se o desemprego continuar caindo – como o banco central de lá espera – o que deve ser visto até o final do ano. A política expansionista do “Fed” – injetar moeda na economia mediante a compra de títulos do Tesouro (mais de 2 trilhões de dólares) – foi decisiva para evitar uma recessão desastrosa e sua saída é vista como sinal de otimismo na principal economia global: o programa americano ajudou ainda, os demais países ao favorecer certa estabilidade mundial.
ANÁLISE
Antigamente se dizia que “o que é bom para os Estados Unidos, é bom para o Brasil!”. Não mais: A leitura dos mercados financeiros, mundo afora, foi de preocupação. Se o BC americano se retirar da operação de emissão de dólares e irrigação do mercado, os juros internos tendem a subir (por levar os investidores a substituirem o Fed na compra dos títulos governamentais) e, como essa remuneração provém do lugar mais seguro para alocação de capitais os operadores já começam a retirar suas aplicações dos mercados emergentes – o que derruba bolsas de valores e agita cotações cambiais. Ao lado de outros países em desenvolvimento, o Brasil sentiu os efeitos da mudança: a bolsa de valores desabou para o menor nível em dez anos e o dólar subiu a uma cotação de 2,20 reais – apesar das intervenções do Banco Central. Mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, procura tranqüilizar a sociedade: o governo brasileiro tem reservas que garantem a solvência do país por um bom tempo. E o saldo comercial voltou a ser positivo.
4. MEIO AMBIENTE FUNCIONAL
OS FATOS
Reunidos em Ouro Preto, Minas Gerais, dirigentes do empresariado industrial brasileiro apresentaram à ministra do Meio Ambiente um relatório recolhido das federações estaduais do setor em que pedem racionalidade nos licenciamentos ambientais. Os industriais criticam o excesso de normas, a falta de estruturas e a lentidão dos órgãos licenciadores. Para corrigir tais distorções sugerem a implantação de um balcão de acesso informatizado, por onde seria canalizado o pedido e tramitaria todo o processo de licenciamento; além de bônus para as empresas que voluntariamente adotarem ações de sustentabilidade.
ANÁLISE
Têm razão o empresariado quanto aos excessos que se registram nesta e em outras áreas (em Curitiba, dificuldades para obtenção de alvarás de funcionamento junto à Prefeitura, conjugados com vistorias do Corpo de Bombeiros). Normas e posturas para disciplinar o funcionamento das atividades comerciais, a habilitação de residências, etc são necessárias, porém o vezo burocrático (ou a radicalização de fundo ideológico) acabam criando um cipoal de exigências que, no limite, integram componentes do “custo Brasil”. Nessa linha, ainda, o presidente mundial da Aliança Renault/Nissan apontou a pesada carga de impostos como um dos fatores que retardam o crescimento de nosso país.
MISCELÂNEA
Supremo Tribunal da Argentina declarou inconstitucional a lei de reforma do Judiciário que permitiria eleição popular de magistrados no país. A decisão prejudica as ambições políticas da presidente Cristina Kirchner, pré-candidata a um terceiro mandato =/= Presidente eleito do Irã, Hasan Rowhani, confirmou sua linha moderada, acenando para dialogo com o Ocidente =/= Na mesma linha, o Afeganistão também caminha para pacificação, com a mesa de dialogo aberta no Qatar entre EUA e o Talibã.
MISCELÂNEA (II)
Chuvas podem atrapalhar produtividade das lavouras, mas até a previsão é de renda crescente no campo. O valor da produção agropecuária deve subir para 486 bilhões de reais, à frente soja, carnes e açúcar =/= Arrefece movimentação contra criação de novos partidos, influencia da “voz das ruas”.
MISCELÂNEA (III)
Empresários representados pela Associação Comercial do Paraná divulgaram protesto contra a escassez de táxis em Curitiba. Ato contínuo a Prefeitura anunciou audiência pública para discutir a implementação da lei que autorizou ampliação do problemático serviço na capital.
Rafael de Lala,
Presidente da API – Associação Paranaense de Imprensa