Copom divulga ata de reunião e avalia a evolução e as perspectivas para a economia brasileira e internacional

Foto: ABr

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Brasília –  O Banco Central divulgou nesta quinta-feira, a Ata da 176ª Reunião do Copom realizada nos dias (9 e 10) e que culminou na elevação da Taxa Selic em 0,5%, passando a 8,5% ao ano. Os membros do Copom analisaram a evolução recente e as perspectivas para a economia brasileira e para a economia internacional, no contexto do regime de política monetária, cujo objetivo é atingir as metas fixadas pelo governo para a inflação.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) variou 0,26% em junho, 0,18 ponto percentual (p.p.) a mais do que em junho de 2012. Dessa forma, a inflação acumulada em doze meses atingiu 6,70% em junho (4,92% até junho de 2012), com os preços livres aumentando 8,28% (5,34% até junho de 2012) e os preços administrados, 1,77% (3,77% até junho de 2012). Especificamente sobre preços livres, os dos bens comercializáveis aumentaram 6,75%, e os dos bens não comercializáveis, 9,63%. Os preços do grupo alimentos e bebidas arrefeceram na margem, variando 0,04% em junho e 12,80% em doze meses (7,34% até junho de 2012). Por sua vez, os preços dos serviços aumentaram 8,64% em doze meses (7,50% até junho de 2012). Em síntese, a inflação de monitorados recua ao mesmo tempo em que a de não comercializáveis segue em níveis elevados e a de comercializáveis, em elevação.

A média das variações mensais das medidas de inflação subjacente, calculadas pelo Banco Central, passou de 0,48% em maio para 0,39% em junho. Assim, a variação acumulada em doze meses atingiu 6,43% (1,27 p.p. acima da registrada até junho de 2012). Especificamente, o núcleo do IPCA por médias aparadas com suavização passou de 0,52% em maio para 0,36% em junho; o núcleo por dupla ponderação, de 0,50% para 0,43%; o núcleo por exclusão de monitorados e de alimentação no domicílio, de 0,48% para 0,38%; o núcleo por médias aparadas sem suavização, de 0,41% para 0,31%; e o núcleo por exclusão, que descarta dez itens de alimentação no domicílio bem como combustíveis, de 0,49% para 0,47%. O índice de difusão, que havia atingido 75,1% em janeiro, recuou para 55,3% em junho.

O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) avançou 0,76% em junho (0,32% em maio) e acumula variação de 6,28% em doze meses (5,66% até junho de 2012). O principal componente do IGP-DI, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), variou 6,02% (ante 5,54% até junho de 2012). Na desagregação segundo o estágio da produção, observou-se, em doze meses, aumento de 4,82% nos preços de matérias-primas brutas, de 5,57% nos de bens intermediários e de 7,52% nos de bens finais. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), segundo componente mais importante do IGP-DI, variou 6,22% em doze meses até junho (5,37% até junho de 2012); e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), componente de menor peso no IGP-DI, 8,00% (7,04% até junho de 2012), em parte reflexo de preços de mão de obra, que variaram 10,32% no período. Por sua vez, o Índice de Preços ao Produtor/Indústria de Transformação (IPP/IT), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), avançou 0,28% em maio e acumula 4,07% em doze meses. O Copom avalia que os efeitos do comportamento dos preços no atacado sobre a inflação para os consumidores dependerão das condições atuais e prospectivas da demanda e das expectativas dos formadores de preços em relação à trajetória futura da inflação.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) incorpora estimativa para a produção mensal dos três setores da economia, bem como para impostos sobre produtos, e constitui importante indicador coincidente da atividade econômica. Considerando-se os dados ajustados sazonalmente, o IBC-Br avançou 0,8% em abril, após expansão de 1,1% em março. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, o IBC-Br aumentou 1,2% em março e 7,3% em abril. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), da Fundação Getulio Vargas (FGV), recuou em junho. O Índice de Confiança do Setor de Serviços (ICS) ficou estável em junho, após recuar em abril e em maio. Já a confiança do empresário industrial, medida pelo Índice de Confiança da Indústria (ICI), aumentou em maio e diminuiu em junho. No que se refere à agricultura, o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do IBGE, projeta crescimento de 14,7% na produção de grãos em 2013, em relação a 2012.

Os Indicadores de Condições de Crédito – elaborados pelo Banco Central com base em consultas trimestrais com instituições representativas de cada segmento do mercado de crédito – evidenciam para o terceiro trimestre de 2013, em comparação ao segundo, perspectiva de moderação no ritmo de concessões de novas operações de crédito para o segmento de grandes empresas, e de manutenção no caso de micro, pequenas e médias empresas. Em relação ao crédito às pessoas físicas, o indicador sugere estabilidade no ritmo de concessões de linhas de crédito voltadas ao consumo e moderação nas concessões no segmento habitacional.

Assim como outros indicadores mensais de atividade, o relativo à indústria tem estado volátil em meses recentes, o que em parte reflete ajustes no número de dias úteis decorrentes de feriados móveis. Nesse contexto, a produção industrial recuou 2,0% em maio, revertendo a alta de 1,9% observada em abril, de acordo com a série da produção industrial geral dessazonalizada pelo IBGE. Em maio, a produção industrial diminuiu em 20 dos 27 ramos de atividade pesquisados, na comparação mensal. Ainda assim, a produção no mês foi 1,4% superior à registrada em maio de 2012, mas recuou 0,5% no acumulado em doze meses. De acordo com dados divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o faturamento real da indústria de transformação cresceu 6,2% nos cinco primeiros meses de 2013, comparativamente ao mesmo período do ano anterior, e o número de horas trabalhadas permaneceu estável.

Entre as categorias de uso da indústria, segundo dados dessazonalizados pelo IBGE, a produção de bens de capital recuou 3,5% em maio em relação ao mês anterior; a de bens intermediários, 1,1%; a de bens de consumo duráveis, 1,2%; e a de bens de consumo semiduráveis e não duráveis, 1,0%. Relativamente ao mesmo mês do ano anterior, a produção de bens de capital aumentou 12,5%; a de bens de consumo duráveis, 4,1%; e a de bens de consumo semiduráveis e não duráveis, 0,8%. Já a produção de bens intermediários recuou 0,6% nessa base de comparação. No que se refere ao crescimento acumulado em doze meses até maio, houve avanço de 2,7% na produção de bens de consumo duráveis e recuo nas demais categorias de uso: bens de capital (-2,3%); bens intermediários (-0,7%); e bens de consumo semiduráveis e não duráveis (-0,4%).

A taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas cobertas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), sem ajuste sazonal, foi estimada em 5,8% em maio (mesmo valor em abril de 2013 e em maio de 2012). De acordo com a série dessazonalizada pelo Banco Central, a taxa de desocupação em maio permaneceu em 5,4%, próxima ao mínimo da série histórica (5,3%), iniciada em março de 2002. A redução da taxa de crescimento da População em Idade Ativa (PIA) ao longo dos últimos anos tem contribuído para a manutenção da taxa de desocupação em patamares historicamente baixos. Por sua vez, o nível de ocupação permaneceu estável, em 53,8% da PIA, em maio. Ainda de acordo com a PME, o rendimento médio real habitual cresceu 1,4% em maio, comparado a igual mês do ano anterior, e a massa salarial real aumentou 1,5% em relação a maio de 2012. Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostram criação de 72 mil postos de trabalho formais em maio, menor leitura para o mês desde 1992. Em suma, dados disponíveis indicam estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho, embora existam sinais de moderação na margem.

De acordo com dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE, o volume de vendas do comércio cresceu 1,6% em abril, em relação a abril de 2012. O comércio ampliado expandiu 9,1%, na mesma base de comparação. Ajustada sazonalmente, a variação mês a mês foi de 0,5% nas vendas do comércio varejista restrito e de 1,9% nas do comércio ampliado. Em doze meses, a taxa de crescimento do comércio ampliado alcançou 7,7%, com expansão em todos os dez segmentos pesquisados. O Índice de Confiança do Comércio (ICOM), medido pela FGV, recuou ligeiramente em junho. O Copom avalia que a trajetória do comércio continuará a ser influenciada pelas transferências governamentais, pelo ritmo de crescimento da massa salarial real e pela expansão moderada do crédito.

O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) na indústria de transformação, calculado pela FGV, sem ajuste sazonal, alcançou 84,2% em junho (83,6% em junho de 2012) e, na série dessazonalizada pela FGV, 84,4%. A utilização da capacidade no setor de bens de capital, de acordo com a série livre de influências sazonais, recuou para 82,0%. No setor de bens de consumo, de bens intermediários e de materiais de construção, a utilização da capacidade se posicionou em 83,3%, 86,2% e 90,4%, respectivamente.

O saldo da balança comercial acumulado em doze meses recuou para US$9,3 bilhões em junho. Esse resultado adveio de exportações de US$239,9 bilhões e de importações de US$230,5 bilhões, que recuaram 5,9% e 0,2%, respectivamente, em relação aos doze meses anteriores. Por sua vez, o deficit em transações correntes, acumulado em doze meses, atingiu US$73,0 bilhões em maio, equivalente a 3,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Já os investimentos estrangeiros diretos totalizaram US$64,2 bilhões em doze meses até maio, equivalentes a 2,8% do PIB.

Na economia global, prevalece cenário de baixo crescimento este ano em importantes economias maduras, notadamente na Zona do Euro, e indicadores de volatilidade respondem às perspectivas de mudanças na política monetária nos Estados Unidos (EUA). Altas taxas de desemprego na Europa, aliadas aos esforços de consolidação fiscal e a incertezas políticas, traduzem-se em recuo dos investimentos e em baixo crescimento. O indicador antecedente composto, divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), referente a maio, aponta perspectivas de crescimento acima da tendência em diversas economias avançadas, a exemplo da Alemanha e do Japão. Os Purchasing Managers’ Indexes (PMIs), referentes a junho, indicam continuidade do crescimento global, particularmente no setor de manufaturas. Em relação à política monetária, nas economias maduras prevalecem posturas acomodatícias. Nas economias emergentes, de modo geral, a política monetária se apresenta expansionista. A inflação continua em níveis moderados nos EUA e na Zona do Euro, e no Japão ainda se registra deflação.

O preço do barril de petróleo do tipo Brent apresentou leve aumento desde a reunião anterior do Copom, atingindo cotações em torno de US$108. Cabe ressaltar que a complexidade geopolítica que envolve o setor do petróleo tende a acentuar o comportamento volátil dos preços, que é reflexo, também, da baixa previsibilidade de alguns componentes da demanda global e do fato de o crescimento da oferta depender de projetos de investimentos de longa maturação e de elevado risco. Desde a última reunião do Copom, os preços internacionais das commodities agrícolas variaram -0,5% e os das metálicas decresceram 2,4%. Por sua vez, o Índice de Preços de Alimentos, calculado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), variou 5,4% em doze meses até junho de 2013.

Fonte: Informações: Banco Central/Assessoria de Imprensa

Por Moroz Comunicação