Fiep reduz expectativa de crescimento da indústria paranaense para 2013

Mesmo com aumento relevante nas vendas em agosto, Departamento Econômico da entidade prevê que expansão do setor no ano, antes estimada entre 2,5% 3%, não deve ultrapassar 1,5%.

Fiep divulgou também os índices de confiança da indústria do Estado, que continuam na área de otimismo (Foto: Gilson Abreu)

Fiep divulgou também os índices de confiança da indústria do Estado, que continuam na área de otimismo (Foto: Gilson Abreu)

Nem mesmo o melhor resultado já registrado para suas vendas em um mês de agosto foi suficiente para evitar que o desempenho da indústria paranaense acumulasse leve queda de -0,08% nos primeiros oito meses de 2013, quando comparado com o mesmo período do ano passado. O resultado, somado às incertezas do cenário econômico nacional, fez com que a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) revisasse para baixo a previsão de crescimento do setor para este ano. Antes estimada entre 2,5% e 3% acima de 2012, a expansão deve chegar ao máximo a 1,5%. Os dados fazem parte da pesquisa mensal de indicadores conjunturais divulgada pela entidade nesta terça-feira (8).

Acesse o relatório na íntegra

O coordenador do Departamento Econômico da Fiep, Maurílio Schmitt, explica que, tradicionalmente, agosto é o mês de maior expansão das vendas industriais no Paraná. Este ano não fugiu à regra, sendo que as vendas registraram o maior nível para um agosto em toda a série histórica pesquisada pela Fiep, iniciada em 1986. No mês, o crescimento foi de +9,25% em relação a julho. Houve aumento nas vendas dentro do próprio Paraná (+9,95%), para outros estados (+6,73%) e nas exportações (+13,76%).

Dos 18 gêneros pesquisados, 14 registraram crescimento em agosto, incluindo os três com maior participação relativa na indústria paranaense: ‘Veículos Automotores’ (+13,89%), que se recuperou após dois meses consecutivos de queda por conta de retração de mercado; ‘Alimentos e Bebidas’ (+9,98%), devido ao aumento sazonal da demanda; e ‘Refino de Petróleo e Produção de Álcool’ (+4,05%), também em virtude de fatores sazonais. Tiveram ainda aumentos significativos em suas vendas os setores de ‘Máquinas e Equipamentos’ (+18,08%) e ‘Edição e Impressão’ (+15,40%).

O resultado de agosto significou o segundo mês consecutivo de expansão da indústria paranaense, já que julho registrara aumento de 6,01% sobre junho. A mesma tendência foi observada em relação às compras de insumos pelo setor. O levantamento da Fiep mostra que as aquisições em agosto cresceram +5,23% sobre julho, também no segundo mês seguido de crescimento. “Isso evidencia que a indústria está se ajustando para os próximos meses, tradicionalmente os de maior atividade industrial”, afirma Schmitt. Mas o economista chama a atenção para o fato de que, no acumulado de janeiro a agosto, as compras de insumos se encontram absolutamente no mesmo patamar (variação de 0,00%) quando comparadas com o mesmo período de 2012, também acompanhando o desempenho de vendas, que tiveram leve variação de -0,08% no período. “Esse fenômeno indica que a indústria está operando com baixos estoques”, explica.

Schmitt acrescenta ainda que o nível de emprego na indústria do Paraná neste ano está +0,96% acima do de 2012, mas as horas trabalhadas estão -1,76% inferiores. “Toda essa situação é reflexo das contínuas oscilações verificadas neste primeiro semestre, ora com crescimento, ora com queda”, diz o economista. Segundo ele, isso evidencia a nebulosidade que se dissemina sobre a economia nacional e força a Fiep a revisar para baixo as estimativas de expansão de vendas do setor industrial paranaense para 2013. “Desde o início do ano, as estimativas eram de expansão entre 2,5% e 3%. Desta vez, as estimativas mostram expansão entre 1% e 1,5%”, aponta.

Apesar disso, o coordenador do Departamento Econômico da Fiep indica dois fatores que podem representar um estímulo à indústria paranaense. O primeiro é a boa safra agrícola deste ano, que aumenta a renda do Estado. O segundo é a recuperação ainda tímida, porém sustentada, das grandes economias mundiais, como Estados Unidos, China, Alemanha e Índia, entre outras. “Isso deve estimular a importação de produtos no mundo. O Brasil deve se preocupar em construir condições objetivas para, se e onde for o caso, reconquistar mercados e aproveitar esta oportunidade na direção de expandir a produção exportável”, declara Schmitt.

Confiança

O Departamento Econômico da Fiep mede também o Índice de Confiança do Empresário da Indústria de Transformação – Paraná (ICET-PR). Em setembro, o indicador registrou aumento de 0,5 pontos, situando-se na marca de 51,7 pontos, continuando na área de otimismo. Foi o segundo mês seguido de recuperação de confiança do empresariado, que havia sofrido uma forte queda de 5,5 pontos em julho, decorrente da onda de manifestações ocorridas no Brasil no mês anterior. Já o Índice de Confiança do Empresário da Construção – Paraná (ICEC-PR), que mede a confiança dos industriais desse setor específico, voltou a apresentar redução. O indicador perdeu parte dos 5 pontos recuperados em agosto, recuando 0,3 pontos e atingindo a 51,2 em setembro, mas ainda permanecendo na área de otimismo.

Confira a íntegra dos levantamentos

O ICET-PR e o ICEC-PR variam de 0 a 100, com valores acima de 50 indicando empresários confiantes e expectativa otimista. Eles são formados a partir do cálculo de outros dois indicadores: o Índice de Condições Atuais (que tem peso 1 na composição), e o Índice de Expectativas (com peso 2). Por sua vez, esses indicadores também são obtidos pela combinação ponderada do sentimento dos empresários em relação a temas específicos. O Índice de Condições Atuais leva em conta a percepção sobre as condições presentes da economia como um todo (peso 1) e as condições específicas da empresa (peso 2). Já o Índice de Expectativas é formado pelas percepções do empresário quanto à operação da economia no futuro próximo, assim entendidas em um horizonte de seis meses (peso 1) e à performance de sua própria empresa (peso 2).

Fonte: Agência FIEPr