
José Pastore: competitividade é importante tanto interna como externamente. Crédito: Cícero Roberto da Silva
O professor da USP José Pastore discursou na tarde desta quarta-feira, 24 de outubro, para os participantes do Congresso Regional do Sicomércio – Edição Centro Oeste, realizado em Campo Grande (MS). O tema não poderia despertar mais atenção nos presentes: o avanço nas relações trabalhistas e o desenvolvimento do ambiente empresarial ao longo do tempo.
Pastore abordou as transformações no modelo de produção em todo o mundo e como isso afetou os níveis de produtividade nos países. “Esses novos modelos de produção melhoram a qualidade, a pontualidade e a produtividade. E essas mudanças também consistem em novas relações do trabalho, que foram mudando para se ajustar a esse mundo veloz da cadeia produtiva”, afirmou.
No entanto, a produtividade no Brasil permanece estagnada. Segundo o professor, isso se deve em consequência da desatualização da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), que completou 70 anos em 2013. “O problema da CLT não é ser velha, mas sim que ela não se modernizou. Essa morosidade afeta o desempenho da economia e, dentro dessa rigidez, a legislação trabalhista cria custos e mais custos, despesas e mais despesas”, completou Pastore.
Ainda de acordo com o palestrante, o problema da falta de competitividade no Brasil também é “um dos reflexos de uma CLT parada no tempo. A competitividade não é só importante para exportação, mas internamente também. Quando uma empresa tem uma sobrecarga de tributos e despesas trabalhistas, isso afeta a nossa competitividade. E quando um país/empresa não consegue competir, ela fecha. Quando ela fecha, os empregos vão junto.”.
Custo unitário
José Pastore falou também sobre o Custo Unitário do Trabalho, que leva em conta a produtividade do trabalhador. Quanto mais a produtividade sobe, mais o custo unitário cai (e vice-versa). Em 2012, o custo unitário do Brasil subiu 158% em relação a 2002 e 40% em relação a 2008. Em países desenvolvidos, este custo fica entre 8% e 9%, pois a produtividade sobe mais do que o aumento de salários.
“No Brasil, a produtividade não sobe por problemas como falta de investimentos em educação, falta de inovação e criatividade, infraestrutura, entre outros. No entanto, os salários e benefícios têm aumentado gradativamente. A consequência disso para a empresa é que ela irá repassar esse custo para o preço final dos produtos ou irá retirar do próprio lucro. E isso inflaciona o País. Inflação e fraco investimento, em minha opinião os principais problemas do Brasil, decorrem da baixa produtividade”, finalizou Pastore.
Fonte: Ascom/CNC