*Antonio Oliveira Santos
Presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
O vocábulo inovação como motor do desenvolvimento e fator explicativo dos ciclos econômicos surge na literatura acadêmica a partir dos escritos de Joseph Schumpeter, um dos grandes economistas do século XX.
A ideia de inovação significa um rompimento total ou parcial com o passado, através de uma exploração exitosa de novas ideias. Grandes inovações dão origem aos ciclos econômicos que determinam novos padrões dos processos produtivos, como foi o caso da máquina a vapor no século XVIII ou do chip da microeletrônica, que deu origem, em meados do Século XX, a processos baseados na tecnologia da informação. A par das “grandes inovações”, há constantemente, como resultado do engenho da mente humana, inovações de menor alcance que poderiam ser chamadas de inovações incrementais. Como exemplo desse tipo de inovação, pode-se citar o carro flex, cujo motor a explosão (Ciclo Otto) foi adaptado para queimar, em combinações variáveis, gasolina e álcool.
Entre os vários tipos de inovação, os mais evidentes são os que modificam o produto ou alteram o processo. A transmissão automática nos automóveis foi uma inovação introduzida no produto; o lingotamento contínuo na siderurgia foi uma inovação no processo. Mas há também inovações menos perceptíveis, como as introduzidas no modelo organizacional das empresas ou nas práticas mercadológicas.
Essas reflexões foram provocadas pelo recente anúncio da classificação ordinal (ranking) dos países em relação ao Índice Global da Inovação para 2013. Este indicador vem sendo construído há seis anos, como resultado da cooperação entre a Universidade de Cornell, o Instituto Francês de Administração, o INSEAD e a Organização Mundial para a Propriedade Industrial, em inglês WIPO.
A construção desse Índice leva em conta 84 fatores indutores da inovação, entre os quais cabe destacar a natureza das instituições, a qualificação do capital humano, os recursos aplicados em ciência e tecnologia e o conhecimento por eles gerado, assim como a própria infraestrutura econômica em seus efeitos sobre as empresas.
No ranking, a liderança está com a Suíça, com uma pontuação de 66,59, somados todos os fatores que facilitam o ambiente para a inovação. Não surpreende que no topo da lista estejam também os países do Norte da Europa e os Estados Unidos. No conjunto listado, composto por 142 países, a pontuação alcançada pelo Brasil – 36,33 – situa nosso País na posição 64, abaixo de outros países da América Latina: Chile, Argentina e México.
Embora o ranking da inovação resulte de um modelo matemático, a informação veiculada pelas instituições acima referidas não permite distinguir inovações de grande alcance das inovações menores, denominadas incrementais. A falta dessa distinção impede que se faça uma correlação entre a dimensão econômica de um país e sua propensão a inovar. Quanto à capacidade de inovar, a posição 64 para o Brasil está em desacordo com sua posição na listagem das dez economias mais importantes no plano mundial.
Assinale-se que, embora o Brasil não se destaque em relação a outros países da América Latina, pela qualidade do seu sistema educacional, em especial no ensino das ciências e das matemáticas, tem, não obstante, em várias instituições acadêmicas e empresas, verdadeiros “bolsões de conhecimento”, que são fonte de inovação nos processos produtivos. É o caso, por exemplo, da Petrobras, que desenvolveu a tecnologia da exploração do petróleo em águas profundas, assim como da Embrapa, que vem gerando avanços constantes nas técnicas de ponta das atividades agropecuárias.
por Jornal do Commércio, 28 de novembro de 2013.
Fonte: Ascom/CNC
