ENAI 2013: Falta de trabalhador qualificado e burocracia são entraves à competitividade

Para empresários que participam do 8º ENAI, a burocracia afeta as decisões de investimentos e a falta de mão de obra qualificada encarece os custos industriais

Representantes de grandes empresas participaram da sessão temática Desafios da competitividade brasileira no mercado mundial, no ENAI 2013. Foto: CNI

Representantes de grandes empresas participaram da sessão temática Desafios da competitividade brasileira no mercado mundial, no ENAI 2013. Foto: CNI

ENAI 2013

A falta de mão de obra qualificada e a excessiva burocracia são os principais desafios para as indústrias brasileiras ganharem competitividade internacional. Os obstáculos foram apontados por empresários que participam do 8º Encontro Nacional da Indústria (ENAI), promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em Brasília (DF).

“A burocracia tem relação direta com as decisões de investimentos. O empresário olha isso, a segurança jurídica e a previsibilidade, antes de investir”, afirmou Luiz Tarquinio Ferro, presidente da siderúrgica Tupy S/A, fabricante de partes de motores automotivos. Isso influencia até na visão que os investidores estrangeiros têm do Brasil, que, segundo ele, é “desabonadora”.

Para Carlos Alberto dos Santos, diretor técnico do Serviço Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a burocracia é algo que precisa ser cuidado sempre, sob pena de se perderem avanços conquistados. “O Simples Nacional desburocratizou para as micro e pequenas empresas, simplificando o recolhimento e diminuindo a carga tributária. Mas, por conta da burocracia, hoje tem estado cobrando ICMS pela substituição tributária dessas empresas, que têm um novo aumento da burocracia e, pior, estão pagando o tributo duas vezes”, disse.

Para Annette Reeves de Castro, superintendente da Esmaltec, indústria paulista de eletrodomésticos, mais problemático do que a burocracia, que ela enfatiza também ser deletéria, é a falta de mão de obra qualificada na indústria. “Esse é o nosso maior problema. Na maioria das vezes, temos de treinar o trabalhador, inclusive ensinar o básico, a ler e escrever. E, com o mercado de trabalho aquecido, rapidinho ele sai da empresa, vai buscar outro lugar ou até ir para o seguro-desemprego”, afirmou.

Essa situação, segundo Annette e Carlos Alberto dos Santos, leva a um superaquecimento dos salários, que eleva demasiadamente o custo das empresas, principalmente as de menor porte. “Essa pode ser a diferença entre a empresa continuar ou fechar”, salientou Santos.

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, reconheceu os problemas e disse que é imperativo reduzir “drasticamente” a burocracia. “Temos de promover eficiência nos processos, automação, mudança de mentalidade”, disse, acrescentando que o excesso de burocracia também afeta o setor público, não apenas o privado.

Fonte: Portal da Indústria