1. TRÊS FORMAS DE LER A MÍDIA
O advento das plataformas digitais representou um desafio para as publicações impressas, que precisaram reagir para manter sua base de leitores e assinantes – e sua receita comercial. Segundo a experiência da revista inglesa “The Economist”, estão se firmando três formas de leitura: na primeira, da versão impressa, o leitor mergulha no conteúdo quase como um ritual – a “lean-back”. A segunda pela internet acessada via computadores de mesa e laptops, representa uma leitura ativa e interativa em que o usuário é participativo, reage ao conteúdo e se comunica com os editores – é a “lean-forward”.
Mas, recentemente, com os novos dispositivos tipo tablet e “e-readers” (leitura via smartphones, etc), a revista constatou que esses aplicativos levam o leitor a retomar uma leitura mais reflexiva tipo papel, sem interação e mais tranqüila. Seria a “lean-back 2.0”; tudo contribuindo para a expansão da base de circulação e revertendo a tendência declinante dos veículos impressos em papel.
2. LIVRARIA INCENDIADA
Uma antiga livraria instalada na cidade libanesa de Trípoli foi incendiada por fundamentalistas islâmicos, depois do boato de que o proprietário – um padre ortodoxo – havia escrito um artigo contra o profeta Maomé. A livraria Al-Saeh continha livros clássicos sobre a civilização do Oriente Médio, mas o ataque revela que a radicalização chegou a esse país de formação mista (árabes muçulmanos, cristãos ortodoxos e católicos e outras minorias, inclusive raciais); o que põe em dúvida o futuro do Líbano como um dos centros mercantis e culturais da região.
O choque maior é de natureza cultural, com o obscurantismo atingindo, ainda outra vez, uma das bases em que se ergueu a civilização humana.
3. PERDA DE NAROZNIAK
A passagem de ano marcou também a transição do jornalista Jorge Narozniak, morto no fim de 2013 aos 70 anos de idade. Natural da Ucrânia, donde emigrou com suas família na primeira infância para se estabelecer na região centro-noroeste paranaense, Narozniak se revelou um profissional denso, interessado nas questões históricas e nos assuntos ambientais.
4. SEM ENGAJAMENTO
A boa imprensa deve fugir do engajamento, nem se deixar arrastar pela reprodução ‘a-crítica’ de dossiês endereçados com fins político-partidários. Menos ainda, se limitar ao jornalismo declaratório, porque ele, “pobre e simplificador, repercute o país oficial, mas oculta a verdadeira dimensão da nação real”. São lições de início de ano do professor Carlos Alberto Di Franco, diretor do Instituto Internacional de Ciências Sociais (e nessa condição, responsável por um respeitado curso de pós-graduação em Comunicação), em artigo publicado na Gazeta do Povo do dia 6 de janeiro de 2014. Di Franco assinala que “jornalismo é contraponto” cujo papel “é ouvir as pessoas, conhecer suas queixas, identificar suas carências e cobrar soluções”. Por isso, “o esforço de isenção não se confunde com a omissão: o leitor espera uma imprensa combativa, disposta a exercer seu dever.”
Rafael de Lala, Presidente da Diretoria
Hélio Freitas Puglielli, Diretor de Assuntos Culturais.
Fonte: Associação Paranaense de Imprensa – API