Os membros do Copom analisaram a evolução recente e as perspectivas para a economia brasileira e para a economia internacional, no contexto do regime de política monetária, cujo objetivo é atingir as metas fixadas pelo governo para a inflação.
Inflação/IPCA
A inflação medida pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 0,57% em setembro, 0,22 ponto percentual (p.p.) acima da registrada em setembro de 2013 e 0,32 p.p. acima da registrada em agosto de 2014. Dessa forma, a inflação acumulada em doze meses se deslocou para 6,75% em setembro (5,86% em setembro de 2013), com os preços livres aumentando 7,17% (7,37% em setembro de 2013), e os administrados, 5,32% (1,12% em setembro de 2013). Especificamente sobre preços livres, os de itens comercializáveis aumentaram 6,86% em doze meses (6,43% em setembro de 2013), e os de não comercializáveis, 7,46% (8,20% em setembro de 2013). Note-se ainda que os preços no segmento de alimentos e bebidas aumentaram 8,21% em doze meses até setembro (9,23% em setembro de 2013), e os dos serviços, 8,59% (8,73% até setembro de 2013). Em síntese, as informações disponíveis sugerem certa persistência da inflação, o que reflete, em parte, a dinâmica dos preços no segmento de serviços.
A média das variações mensais das medidas de inflação subjacente, calculadas pelo Banco Central, deslocou-se de 0,41% em agosto para 0,55% em setembro, e, assim, a variação acumulada em doze meses atingiu 6,76% (0,54 p.p. acima da registrada em setembro de 2013). Especificamente, o núcleo por dupla ponderação deslocou-se de 0,44% em agosto para 0,57% em setembro; o núcleo por exclusão de monitorados e de alimentação no domicílio, de 0,38% para 0,58%; o núcleo por exclusão, que descarta dez itens de alimentação no domicílio, bem como combustíveis, de 0,42% para 0,55%; o núcleo por médias aparadas sem suavização, de 0,41% para 0,51%; e o núcleo por médias aparadas com suavização, de 0,40% para 0,54%. O índice de difusão situou-se em 61,1% em setembro (3,3 p.p. acima do registrado em setembro de 2013).
Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI)
O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), aumentou 0,06% em agosto e 0,02% em setembro, com variação acumulada em doze meses de 3,24% (4,47% em setembro de 2013). O principal componente do IGP-DI, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), variou 1,29% em doze meses (3,62% em setembro de 2013), -0,52% no segmento de produtos agropecuários e 1,98% no de produtos industriais. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), segundo componente mais importante do IGP-DI, aumentou 6,97% em doze meses até setembro (5,29% em setembro de 2013); e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), componente de menor peso no IGP-DI, 6,96% (8,09% em setembro de 2013), em parte, reflexo de pressões de custos de mão de obra, que variaram 8,48% no período. Por sua vez, o Índice de Preços ao Produtor/Indústria de Transformação (IPP/IT), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), avançou 0,48% em agosto, com variação em doze meses de 2,50%. O Copom avalia que os efeitos do comportamento dos preços no atacado sobre a inflação ao consumidor dependerão das condições atuais e prospectivas da demanda e das expectativas dos formadores de preços em relação à trajetória da inflação.
IBC-Br
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) incorpora estimativas para a produção mensal dos três setores da economia, bem como para impostos sobre produtos, e constitui importante indicador coincidente da atividade econômica. Em agosto de 2014, o IBC-Br variou -1,35% em relação a agosto de 2013 e, ajustado sazonalmente, 0,27% em relação ao mês anterior. O Purchasing Managers’ Index (PMI) composto para o Brasil, após apontar contração da atividade em agosto (49,6), retornou a nível que indica expansão moderada (50,6) em setembro, com o crescimento da atividade do setor de serviços compensando contração modesta da produção no setor industrial. Por sua vez, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da Fundação Getulio Vargas (FGV) recuou 1,5% em outubro, atingindo o menor patamar desde abril de 2009. Por fim, tanto o Índice de Confiança da Indústria (ICI) quanto o índice de Confiança de Serviços (ICS), ambos calculados pela FGV, aumentaram em outubro pela primeira vez este ano. A elevação do ICI, após nove meses em recuo, foi determinada pelo componente de expectativas em relação à situação futura. Já o ICS, apesar da elevação mensal, encontra-se no segundo menor valor desde março de 2009. No que se refere à agricultura, o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do IBGE, projeta, em setembro, crescimento de 2,8% na produção de grãos em 2014, em relação a 2013.
PMI – Setor Industrial
A atividade fabril avançou pelo segundo mês consecutivo e repetiu em agosto a taxa de crescimento de 0,7% registrada em julho, de acordo com a série livre de influências sazonais, divulgada pelo IBGE. Ainda assim, o setor industrial acumula variação negativa de 3,1% no ano. Na série sem ajuste sazonal, a produção industrial diminuiu 5,4% em agosto, em relação ao mesmo mês do ano anterior, com resultados negativos nas quatro grandes categorias econômicas, e em 21 dos 26 ramos pesquisados. De acordo com dados divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o faturamento real da indústria de transformação aumentou 1,1% de julho para agosto, de acordo com a série livre de influências sazonais, mas ainda se encontra em nível 8,8% menor do que o registrado em agosto de 2013. O indicador PMI do setor industrial para setembro, por seu turno, aponta reversão da expansão da produção verificada em agosto.
Entre as categorias de uso, comparando-se produção de agosto e julho, de acordo com a série com ajuste sazonal, o único ganho ocorreu no segmento de bens intermediários (1,1%). Por outro lado, ocorreram perdas no segmento de bens de consumo duráveis (-3,0%) e no de bens de consumo semi e não duráveis (-0,8%). No setor de bens de capital, a produção ficou estável. Comparando-se produção de agosto com a do mesmo mês de 2013, a produção dos setores de bens duráveis, bens de capital, bens intermediários e bens semi e não duráveis recuaram 17,9%, 13,4%, 3,3% e 3,1%, respectivamente.
Desemprego
A taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas cobertas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) situou-se em 4,9% em setembro, menor valor para o mês desde 2002, com redução de 0,1 p.p. em relação ao mês anterior e 0,5 p.p. em relação a setembro de 2013. Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostram criação de 123,8 mil postos de trabalho formais em setembro, a menor geração líquida para o mês desde 2001. Em suma, dados disponíveis indicam estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho, embora as evidências apontem acomodação na margem.
Comércio
De acordo com dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE, o volume de vendas do comércio varejista restrito recuou 1,1% em agosto, em relação ao mesmo mês do ano anterior. Por sua vez, o volume de vendas do comércio ampliado, que inclui o setor automobilístico e o setor de materiais de construção, diminuiu 6,8% em agosto, na mesma base de comparação. As variações mensais foram de 1,1% e -0,4%, respectivamente, de acordo com as séries dessazonalizadas. Em doze meses, a taxa de crescimento do comércio restrito alcançou 3,6%, e a do ampliado, 0,6%, com expansão em oito dos dez segmentos pesquisados. O Índice de Confiança do Comércio (ICOM), medido pela FGV, aumentou em outubro, mas permanece em patamares historicamente baixos. O Copom avalia que a trajetória do comércio continuará sendo influenciada pelas transferências governamentais, pelo ritmo de crescimento da massa salarial real e pela expansão moderada do crédito.
Indústria – Nível de Utilização da Capacidade Instalada
O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) na indústria de transformação, calculado pela FGV, sem ajuste sazonal, alcançou 83,2% em outubro e, na série dessazonalizada, 82,0%. Entre as categorias de uso da indústria, de acordo com as séries com ajuste sazonal, as que mostram Nuci mais elevado são as de material para construção (87,5%) e de bens intermediários (83,5%), seguidas pelas de bens de consumo duráveis (83,3%), de capital (78,9%) e de consumo não duráveis (77,6%). Por sua vez, a absorção de bens de capital recuou 4,1% no período de doze meses encerrado em agosto.
Balança Comercial
O saldo da balança comercial atingiu US$3,5 bilhões em doze meses até setembro. Esse resultado adveio de exportações de US$238,2 bilhões e de importações de US$234,7 bilhões, com recuos de 0,6% e 1,2%, respectivamente, em relação ao acumulado até setembro de 2013. Por sua vez, o deficit em transações correntes acumulado em doze meses atingiu US$83,6 bilhões em setembro, equivalente a 3,7% do PIB. Já os investimentos estrangeiros diretos totalizaram US$66,5 bilhões na mesma base de comparação, equivalentes a 2,9% do PIB.
Economia Global
No que se refere à economia global, indicadores antecedentes apontam crescimento compatível com a tendência em importantes economias maduras e emergentes. Particularmente sobre a Europa, em que pesem avanços recentes, altas taxas de desemprego, aliadas à consolidação fiscal e a incertezas políticas constituem elementos de contenção de investimentos e do crescimento. Em relação à política monetária, confirmou-se o fim do programa de compras de ativos por parte do banco central norte-americano (Federal Reserve) e, de modo geral, nas economias maduras e emergentes prevalecem posturas acomodatícias. As taxas de inflação permanecem em níveis baixos nas economias maduras; e, nas emergentes, em níveis relativamente elevados.
Petróleo
O preço do barril de petróleo do tipo Brent recuou desde a reunião anterior do Copom e atingiu patamares próximos a US$85. Cabe ressaltar que a complexidade geopolítica que envolve o setor de petróleo tende a acentuar o comportamento volátil dos preços, que é reflexo, também, da baixa previsibilidade de alguns componentes da demanda global e do fato de o crescimento da oferta depender de projetos de investimentos de longa maturação e de elevado risco. Desde a reunião anterior do Copom, os preços internacionais das commodities agrícolas e metálicas recuaram 4,27% e 5,07%, respectivamente. Por sua vez, o Índice de Preços de Alimentos, calculado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), recuou 6,0% em doze meses até setembro de 2014.
Com informações do Banco Central do Brasil
Por Moroz Comunicação
