O emprego na indústria caiu 0,5% em abril frente a março, na série livre de influências sazonais. Foi o 15º mês consecutivo de queda no indicador, que reflete o ciclo recessivo do setor. As informações são da pesquisa Indicadores Industriais divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta quinta-feira (2). De acordo com o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, a tendência de queda no emprego vem desde 2013. “O nível do emprego está no mesmo patamar de 2006”, destacou.

Em abril, a indústria teve a maior ociosidade em 14 anos e operou, em média, com 76,9% da capacidade instalada, uma queda de 0,3 ponto percentual em relação a março. As horas trabalhadas na indústria ficaram praticamente estáveis em abril, com alta de apenas 0,3% frente a março, excluídos os efeitos sazonais. No entanto, o indicador está 8,6% menor que o medido em abril de 2015. O faturamento do setor retraiu 0,6% em abril ante março, de acordo com dados dessazonalizados.

Castelo Branco afirmou que a recuperação do comércio exterior para os produtos brasileiros está minimizando os efeitos da forte queda na demanda doméstica. “É positiva a estratégia de buscar mercados mais tradicionais para os produtos brasileiros. Além disso, o rearranjo do governo em inserir a Secretaria de Comércio Exterior no Ministério de Relações Exteriores fortalece a estratégia de alavancar o mercado externo”, declarou.

Apesar do fraco desempenho do setor, a massa salarial e o rendimento médio dos trabalhadores cresceram no período. A massa salarial, que aumentou 0,4% em abril ante março na série livre de influências sazonais, teve a primeira alta após nove meses consecutivos de queda. Já o rendimento médio aumentou 1,1% na mesma comparação.

FORTE RECESSÃO – Na comparação com abril do ano passado, os indicadores estão ainda mais negativos. O emprego está 8,7% menor, o faturamento está 9,9% inferior e a utilização da capacidade instalada ficou 2,8 pontos abaixo de abril de 2015.

Segundo Castelo Branco, a comparação anual mostra que a recessão na indústria está muito forte, sem previsão de melhora no cenário. “Se esse for o fundo do poço para o setor, é muito fundo, mas não podemos ter certeza sobre a reversão desse quadro. Talvez haja uma estabilidade nesse nível, que está muito baixo”, disse.

SAIBA MAIS – Acesse a página dos Indicadores Industriais para conhecer todos os detalhes do estudo.

Por Maria José Rodrigues
Da Agência CNI de Notícias