Joguei a toalha

*Hamilton Bonat

Há dias em que estamos mais para secos do que para molhados. Confesso sentir-me assim faz algum tempo. As más notícias, que leio e ouço todos os dias, causam-me tanto aborrecimento, que acabaram secando a minha fonte de inspiração para transmitir, como gostaria, algo de positivo.

Se, como dizem, a inspiração está em toda parte, creio que a minha fugiu de Curitiba. Escondeu-se em lugar incerto, bem longe do Brasil. Parece não ter suportado a verdadeira avalanche de maus acontecimentos, verdadeira tragédia promovida pelos nossos atuais dirigentes. Escapuliu de tanta corrupção, misturada à incompetência e a mentiras deslavadas. Livrou-se do desemprego e de uma velha e perigosa conhecida: a temida inflação.

E lá se foi a minha inspiração, envergonhada da crise moral que nos assola. Cansei de procurá-la e, há quatro meses, tenho poupado os leitores deste meu blog de qualquer crônica de minha lavra.

E olha que assunto é o que não falta para quem, como eu, é metido a cronista. É só abrir o jornal e ele está lá, quase pronto, escrito pelos nossos “representantes”. Basta lapidá-lo um pouquinho, e transformamos a roubalheira generalizada em um belo texto, agradável de ler, como bem merecem os nossos queridos leitores.

Mas lhe confesso: desisti, “joguei a toalha”, pois até a inspiração me roubaram. Assim, você, caro leitor, será poupado de mais uma crônica minha. Até quando? Sinceramente, não tenho ideia. Nem sei se voltarei a escrever algo saboroso de ler e de apreciar, como você merece.

*Hamilton Bonat é membro efetivo da Academia de Letras José de Alencar

Fonte: http://www.bonat.com.br/

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