
Êxito das negociações com o México e a União Europeia é decisivo para melhorar a participação do Brasil no comércio mundial e alavancar a produtividade da indústria. Leia na terceira reportagem especial da série Comércio Exterior

Os acordos são ferramentas poderosas para inserir melhor as empresas brasileiras no mercado internacional, tanto via comércio quanto via investimentos. Essas ações são necessárias porque, em 2015, as vendas externas brasileiras caíram 15,1% em relação a 2014. Foi a quarta queda consecutiva das exportações.
O acordo comercial (ou de livre comércio) reduz barreiras ao comércio de bens e serviços e investimentos entre países. A principal cláusula dos tratados é a diminuição de tarifas de importação para facilitar a entrada e a saída de bens entre os países que fazem parte do acordo. Na maioria dos casos a tarifa é reduzida a zero. Redução barreiras regulatórias a bens, investimentos externos, serviços, propriedade intelectual e até para compras governamentais também são compromissos acertados entre os países em negociações de abertura comercial.
Atualmente, os produtos brasileiros só têm acesso facilitado, livre de tarifas de importação e barreiras não tarifárias, a menos de 8% do mercado internacional, enquanto os dos Estados Unidos atingem 24%, os da União Europeia 45% e, os do México, 57%. Para a gerente-executiva de Negociações Internacionais da CNI Soraya Rosar, aumentar o comércio internacional é fundamental para a maior integração internacional do Brasil, que contribuirá para aumentar a produção industrial do país e os investimentos no setor.
As economias internacionalizadas são as que apresentam os maiores ganhos de produtividade, avalia o coordenador do Centro do Comércio Global e Investimento (CCGI) da FGV, Lucas Ferraz. Entre 2002 e 2012, a produtividade brasileira cresceu apenas 0,6% por ano; resultado 11 vezes menor do que o da Coreia do Sul (6,7%) e sete vezes menor do que o dos Estados Unidos (4,4%). “O Brasil ficou de fora desse processo de internacionalização e não alcançou uma inserção compatível com o tamanho da sua economia. O que se nota é uma queda de produtividade da economia brasileira, consequência do isolamento comercial”, explica Ferraz.

Em 2015, as exportações do Brasil para aquele país caíram pelo segundo ano consecutivo. Passaram de US$ 3,7 bilhões para US$ 3,6 bilhões, quase US$ 1 bilhão a menos do que os US$ 4,5 bilhões registrados em 2006. “Os nossos produtos têm problemas para competir em outros países por conta das barreiras tarifárias e não tarifárias. Nossos concorrentes, que já assinaram acordos de redução de tarifas e outras exigências alfandegárias, têm vantagens”, informa Soraya Rosar.
PRIORIDADES – Para a diretora do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes), Sanda Rios, negociações com o México e com a União Europeia são, hoje, duas das maiores prioridades. Sandra acredita que “um acordo que regule as relações entre o Brasil e o México é muito promissor”. Para ela, quando isso ocorrer, será um grande passo para integrar ainda mais os países da América Latina. “Esse acordo teria um impacto importantíssimo para internacionalização da economia brasileira, porque será uma resposta do Brasil para este movimento de integração mundial.”
Sandra Rios explica que negociar a abertura do comércio com a Europa também é importante pela dimensão e relevância daquele mercado no mundo. Além de estimular a entrada de produtos brasileiros, um acordo com a União Europeia facilitará a importação de produtos sofisticados e industrializados europeus que são importantes para o desenvolvimento tecnológico das empresas brasileiras.
Para a presidente do Comitê Brasileiro de Barreiras Técnicas ao Comércio (CBTC), Vera Thorstensen, “o Brasil ficou refém e agora tem que correr atrás dos outros países para fazer acordos comerciais”. Segundo ela, essa é a hora de adotar uma nova postura e voltar a negociar com grandes exportadores como Europa e Estados Unidos. “O Brasil não tem outra opção. Tem que baixar suas tarifas para participar das cadeias de globais de valor e conseguir voltar a exportar”, afirma Vera Thorstensen.
PRIMEIRO PASSO – O Brasil já começou a fazer acordos com países da América do Sul como Peru, Chile e Colômbia. Mesmo as negociações sendo limitadas, já é um primeiro passo para ampliar o mercado das empresas nacionais. A gerente-executiva de Negociações Internacionais da CNI, Soraya Rosar, afirma que as empresas brasileiras têm muito a ganhar com acordos dentro do continente. “Esta é uma oportunidade de exportar não só produtos agrícolas, mas também os industrializados”, afirma.
Por Gabriel Aragão
Infografia: Daniel Castro
Fonte: Agência CNI de Notícias
Gostou? Compartilhe!
- Clique para compartilhar no X(abre em nova janela) 18+
- Clique para enviar um link por e-mail para um amigo(abre em nova janela) E-mail
- Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela) Facebook
- Clique para imprimir(abre em nova janela) Imprimir
- Clique para compartilhar no LinkedIn(abre em nova janela) LinkedIn
- Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela) WhatsApp