Clima favorece plantio e desenvolvimento da safra de verão 2016/2017

Clima favorece plantio e desenvolvimento da safra de verão 2016/2017. Foto Jonas Oliveira

O clima no Paraná, em condições normais neste início de primavera, está favorecendo o plantio e o desenvolvimento da safra de verão 2016/17, que está em campo. A expectativa da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento é que o Estado colha 23,1 milhões de toneladas – cerca de 14% acima do que foi colhido no mesmo período do ano passado, quando as lavouras renderam um total de 20,23 milhões de toneladas de grãos.

Após um ano de bons preços de comercialização para quase todas as culturas, os produtores estão animados com as perspectivas de manter os ganhos para a próxima safra, principalmente produtos como milho e feijão, que estão com área de plantio maior em relação à safra anterior.

Para o secretário da Agricultura, Norberto Ortigara, o plantio da safra 2016/017 está se consolidando dentro das expectativas. “As adversidades climáticas da safra anterior foram superadas e agora é o momento de fazer o plantio dentro das recomendações da pesquisa, com acompanhamento técnico adequado, seguindo com atenção o calendário agrícola e, de forma escalonada, realizar a semeadura para evitar a concentração de plantio e colheita, reduzindo assim riscos com as variações do clima”, disse ele.

“As sementes estão sendo lançadas, vamos torcer para tirar uma boa safra do campo, é possível atingir a meta de 23,1 milhões de toneladas. Preparo e competência os produtores paranaenses possuem e, atrelados a boa oferta de insumos, sementes, defensivos, assistência técnica e boas práticas agrícolas de manejo e conservação de solo e água, poderão dar excelentes resultados em condições normais de clima”, afirmou Ortigara.

MAIS ATENÇÃO – Na avaliação de Francisco Carlos Simioni, diretor do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura, o ano agrícola 2016/2017 que está iniciando efetivamente com o plantio da nova safra, exigirá mais atenção dos produtores rurais. “Temos uma expectativa de crescimento de aproximadamente 2,9 milhões de toneladas de grãos para a safra de primavera-verão. Além da tendência de crescimento da oferta interna, também está em curso a entrada no mercado mundial a produção da safra norte-americana de milho e soja, que este ano, também contribuirá com um aumento significativo da oferta dessas duas commodities”, disse Simioni. “Assim, é importante que os produtores rurais tenham muita atenção com o planejamento da propriedade, considerando que os preços do milho e da soja poderão ser menos atrativos do que os praticados em 2016, além da questão cambial que também poderá influenciar no fluxo das exportações”, recomendou.

O ganho estará vinculado ao processo de eficiência de cada produtor, quanto maior for o planejamento, menor será o risco com as variáveis de mercado, como as variações cambiais, redução ou elevação da renda das famílias e a melhoria dos níveis e padrões de consumo no mercado doméstico”, concluiu.

SOJA – Segundo levantamento do Deral correspondente ao mês de setembro, a soja está em início de plantio, com 14% da área plantada. A área permanece, com uma ligeira queda de 1% e decorrência do avanço do plantio de milho. Este ano será plantado um total de 5,24 milhões de hectares, cerca de 40 mil hectares a menos que o ano passado. A expectativa de produção está 11% maior, passando de 16,5 milhões de toneladas na safra passada para 18,3 milhões de toneladas na safra 16/17.

O preço da soja está em torno de R$ 67,00 a saca, conforme preço médio constatado pelo Deral em setembro deste ano. Este patamar está ligeiramente inferior ao mesmo mês do ano passado, quando o preço da soja foi comercializado em média por R$ 68,00 a saca.

Segundo o economista do Deral, Marcelo Garrido, os preços da soja refletem a expectativa de safra cheia e o dólar menos valorizado em relação ao ano passado. “O que vai definir o valor da safra daqui para frente será realmente o comportamento do clima e o câmbio”, explica. Até agora foi vendida apenas 12% da safra de forma antecipada, contra 28% no mesmo período do ano passado. Muitos produtores ainda apostam numa valorização do dólar até a colheita no início do ano que vem para fechar os contratos de exportação.

MILHO – Cerca de 50% do milho da primeira safra já está plantada numa área prevista de 487 mil hectares – 18% acima da área ocupada com a cultura na safra passada, que somou 414 mil hectares. O aumento da área plantada e as boas expectativas com o clima apontam para uma produção de 4,3 milhões de toneladas – 29% a mais que o volume colhido no ano passado que atingiu 3,3 milhões de toneladas.

A segunda safra de milho (2015/16) que está sendo finalizada sofreu ajustes de produção e o Deral está prevendo um volume de 10,5 milhões de toneladas. Com isso, as duas safras (principal e safrinha) totalizam 13,8 milhões de toneladas de milho produzidas no Paraná no ciclo 15/16. A expectativa é que esse resultado não sofra mais alterações até o encerramento da colheita.

A comercialização do milho de segunda safra atingiu 72% neste mês e os produtores se mantêm animados com o preço do grão, que ainda permanece acima de R$ 30,00 a saca, disse o administrador do Deral, Edmar Gervásio. Os preços do milho estão 36% acima das cotações do grão no ano passado,que ficam em média em R$ 22,00 a saca.

Os elevados preços que predominaram a comercialização durante o primeiro semestre deste ano fizeram o Brasil importar um milhão de toneladas do grão, contra uma média de 400 mil toneladas de milho importado no ano passado. Segundo Gervásio, o Brasil precisou importar milho para abastecer principalmente as empresas integradoras de Santa Catarina. Daqui para frente,o sinal se inverte, e o País ganha volume para ser exportador, explica Gervásio.

FEIJÃO – O plantio do feijão da primeira safra está em andamento com 41% da área prevista, de 198 mil hectares, já plantada. Essa área está 7% acima da que foi plantada no ano passado, que atingiu 185 mil hectares neste período do ano.

A expectativa de produção também sobe 26%, passando de 294 mil toneladas colhidas no ano passado para uma expectativa de colheita de 370.170 toneladas. Cerca de 98% da safra está em boas condições de desenvolvimento. A colheita está prevista para ocorrer entre o final de novembro e início de dezembro.

“Se continuarem as condições normais de clima, até o final do ano o mercado de feijão estará com mais oferta para o consumo no varejo, o que pode significar queda nos preços”, disse o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Alberto Salvador. Por enquanto os preços pagos ao produtor permanecem atrativos, em torno de R$ 318,42 a saca de 60 quilos para o feijão de cor e R$ 205,85 a saca de 60 quilos para o feijão preto.

TRIGO – A colheita de trigo da safra 15/16 está em andamento na região Norte, com 39% do volume colhido e com 87% dos grãos em bom estado. “Porém, um pouco abaixo da expectativa em relação ao volume, por causa da seca de julho e agosto que reduziu o rendimento das lavouras”, explicou o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho.

Nesta safra o Deral estima colher até 3,26 milhões de toneladas, volume ligeiramente inferior ao do ano passado, que atingiu 3,28 milhões de toneladas. Segundo Godinho, até agora o clima está favorável, mas ainda preocupa a possibilidade de ocorrência de chuvas na colheita porque ainda há muita lavoura a ser colhida.

A comercialização do trigo já não está mais tão atrativa para o produtor, disse Godinho. Segundo ele, com a entrada da safra, os preços estão sendo pressionados para baixo e também há a expectativa de uma boa safra de trigo na Argentina e nos Estados Unidos, o que aumenta a oferta de trigo no mundo e disponibilidade para importações.

Atualmente o trigo está cotado em R$ 36,00 a saca, abaixo do preço mínimo (R$ 38,00 a saca) e da cotação de R$ 44,00 a saca que estava vigorando no período de entressafra. Segundo Godinho, com a queda nos preços, já há indicativos de que será necessário uma atuação do governo federal, por meio da realização de leilões, para agilizar o escoamento da safra.

MANDIOCA – A safra de mandioca 15/16 está com 90% colhida, em ritmo mais acelerado que no ano passado quando nessa mesma época era 73% da safra colhida. A previsão de produção aponta para um volume de 3,7 milhão de toneladas, considerada uma boa safra em volume e com preços atraentes. Houve um aumento de 193% no preço da mandioca, que passou de R$ 141,00 por tonelada de raiz em setembro do ano passado para R$ 414,00 por tonelada este ano.

Esse avanço nos preços ajudou o produtor a recuperar os prejuízos com a lavoura no ano passado. “Mas o período de bonança está no fim”, disse o economista do Deral, Methódio Groxco. Como o cultivo de mandioca requer mais tempo para recuperar o ciclo de produção, para a pŕoxima safra 2016/17 o Deral está prevendo um recuo de 18% na área plantada – de 133.222 hectares para 109.859 hectares. A produção cai de 3,7 milhões de toneladas de raiz para 2,9 milhões de toneladas, uma queda de 23%.

Além da dificuldade de recuperação da lavoura de um ano para o outro, está contribuindo para agravar esse quadro, o valor muito elevado do arrendamento de terras na região Noroeste, onde se concentra o plantio, a mão-de-obra escassa no campo e a falta de manivas (ramas) de boa qualidade, necessária para o replantio.

FUMO – Outra cultura que proporcionou ganhos na safra passada ao produtor, o fumo deverá ter ganho de 8% na área plantada, passando de 74 mil hectares para 79 mil hectares. Com isso, o Deral projeta uma elevação na produção de 26%, devendo passar de 148 mil toneladas de folhas de fumo na safra passada para 186.523 toneladas de folhas de fumo na safra 16/17.

Na safra passada (15/16), o preço do fumo pago aos produtores foi considerado excelente, em torno de R$ 130,00 a arroba, um aumento de 35% sobre o preço da safra anterior, quando estava cotado a R$ 96,00 a arroba. Além disso, quase toda a safra foi paga pelo preço máximo devido à escassez da produção que foi afetada pelas chuvas ocorridas no início do ano nos três estados do Sul, explicou Groxco. Para a safra que está em campo, os preços serão definidos pelas indústrias somente em dezembro.

Fonte: Agência Brasil

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