A Confederação identificou oportunidades para as exportações nacionais no contexto das negociações com a Associação Europeia de Livre Comércio (conhecida pela sigla em inglês EFTA)

O acordo dará acesso a um mercado cujas importações somaram US$ 294 bilhões em 2016
O lançamento oficial das negociações entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) pode criar oportunidades para a exportação de 322 produtos nacionais, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A instituição também identificou que um acordo com o bloco europeu, fora da União Europeia, dará acesso a um amplo mercado consumidor, cujas importações somaram US$ 294 bilhões no ano passado, e a um mercado de compras governamentais de US$ 85 bilhões.
O EFTA é formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, tem população de alta renda, desemprego abaixo de 5%. Apesar do elevado volume de compras, o Brasil exportou apenas US$ 2,5 bilhões para o bloco no ano passado, representando o 11º destino das vendas brasileiras.
“É um mercado importador muito importante para a indústria brasileira. O governo terminou o diálogo exploratório com o EFTA, etapa inicial para um acordo comercial, e verificou que não há confrontos de interesses, mas há oportunidades. Acredito que seja possível negociar um acordo com o EFTA ao mesmo tempo em que concluímos as negociações com a União Europeia”, avalia o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi. Mercosul e UE estão em negociação desde 1995.
O acordo com o EFTA pode se tornar o primeiro acordo do Brasil com países desenvolvidos. A CNI avalia que as negociações devem andar de forma mais acelerada, pois o EFTA já possui acordos de livre comércio com 27 parceiros, entre eles países como Chile, Colômbia, México e Peru, na América Latina. O bloco ainda negocia outros 10 acordos, como com a Índia, Rússia e Vietnã.
FIM DAS TARIFAS – Segundo a CNI, os acordos de livre comércio do EFTA oferecem de início a eliminação total de suas tarifas de importação para todos os produtos industrializados, considerando que as economias do bloco europeu possuem uma base industrial desenvolvida e diversificada. “Para o Mercosul, é importante negociarmos barreiras técnicas, fitossanitárias e sanitárias, além de picos tarifários em determinados produtos, pois as tarifas já são baixas. Seguramente, o acordo vai estimular os investimentos no Brasil”, diz Abijaodi.
O EFTA impõe o livre comércio para peixes e outros produtos marinhos em troca da redução das tarifas, pois o setor de pesca tem grande relevância na Islândia e na Noruega. Os acordos do EFTA se baseiam na OMC, mas incluem temas novos para o Brasil como, por exemplo, compras governamentais, comércio de serviços, propriedade intelectual, compras públicas, barreiras técnicas e barreiras sanitárias e fitossanitárias. Atualmente, o Brasil só assinou um acordo incluindo esses temas. Negociado no ano passado, o acordo com o Peru aguarda aprovação do Congresso Nacional.
