
Banco Central. Arquivo Agência Brasil
Impossível imaginar as falcatruas promovidas ao longo das operações descobertas na Lava Jato, sem anuência, apoio e facilidade por parte do sistema bancário.
Quem quis descontar um cheque de 20 mil, 50 mil ou 10 mil reais, em qualquer agência bancária, sabe que não consegue.Tem que fazer uma boa via sacra, documentos e previamente acertar o recebimento.
Então, como imaginar que na Lava Jato, qualquer um dos corruptos e corruptores, fala em milhões, em grana viva, em sacola de dinheiro?
O Geddel, baiano porreta, “doente por dinheiro”, levou 55 milhões em papel
moeda para o seu cafofo. Como?
Ora, não sejamos hipócritas e nem idiotas. Claro, os bancos, através de gente graúda, facilitou.
E isto foi além de entregar grana viva. Há transferências, contas no exterior, pagamento de boletos e por aí vai. As delações de Mantega e Palocci estão devendo falar sobre isto. E estranhamente, nenhum procurador ou o próprio Juiz não perguntam nada. Parece normal. Mas não é!
A concentração financeira no Brasil é algo escandaloso. O insuspeito UOL, nesta última segunda-feira, trouxe um importante artigo mostrando que a cada 5 reais movimentados no País, 4 deles ficam entre os 5 maiores agentes do mercado (Itaú, Bradesco, BB, CEF e Santander).
Vergonhoso!
O Governo integrando a quadrilha dos agiotas sociais. Tudo bem que a maioria dos atores envolvidos na corrupção vem do serviço público, logo, a grana passa pelos bancos oficiais. Mas cadê o BC e seu famigerado estado de independência? No Ministério da Fazenda onde ficou a COAF?
Tudo balela!
Banco, em nosso País, é um eterno dodói.O Governo paparica, acaricia,ouve,atende rapidamente qualquer reivindicação e se algum banqueiro tiver gripe, tosse ou febre, os remédios públicos são disponibilizados rapidamente.
Esta concentração imoral acontecesse em outra área, em outro setor e teríamos atropa fiscalizadora, o Cade e tudo o mais em cima, protestando e determinando o fim do monopólio.
Mas como o assunto é com o dodói de todos os Governantes, deixa como está. E está piorando para os cidadãos, melhorando para os bancos.
Em passado não muito distante me irritei com um carro forte estacionado numa rua central, no meio de um dia movimentado. Atrapalhava o trânsito e fui procurar um guarda, que me explicou que ele tinha direito de fazer isto. Era banco.
Não satisfeito, pesquisei e constatei que realmente existe norma do Contran
permitindo isto.
Mas se um lojista quiser algo parecido, não pode. Imagine, então, querer descarregar mercadoria, não pode.
O dodói da República pode.
Uma agência bancária ou um caixa eletrônico sendo assaltado, toda uma estrutura de segurança se coloca a disposição. A quadrilha é perseguida, presa e dizimada.
Que diferença: se um lojista ou mercado é assaltado, faz denúncia e entra na burocracia comum aos mortais. A segurança do seu estabelecimento é coisa sua. Se quer abrir a noite ou feriado, assume os riscos.
Os bancos não: caixas eletrônicos,que são extensão dos serviços bancários,todos cobrados e com valores elevados, não tem segurança dos bancos. Agem como se o dinheiro fosse público, pedem segurança estatal.
Uma vergonha!
Um exemplo final do paternalismo oficial.com bancos: empréstimo consignado para aposentados. O interessado procura um agente financeiro, descobre qual o limite e faz empréstimo, com o banco cobrando 2,3% a 2,5% ao mês. Com anuência, silêncio e apoio do Governo, do Ministrinho Meirelles. Pergunta-se qual o risco de um empréstimo consignado, onde o devedor autoriza o credor a receber do tesouro o valor da parcela mensal? Impossível inadimplência!