Cada vez mais empresas precisam se preocupar com questões ambientais, sociais e de governança para atraírem investimentos e consumidores

O mercado de reforma de pneus é um segmento verde. Afinal, ele possibilita uma nova vida útil para um produto que seria inservível, utilizando uma quantidade muito inferior de matéria-prima (petróleo) e diminuindo consideravelmente a emissão de CO2 na atmosfera.
Porém, além do segmento ter essa importância, cada vez mais é essencial que as empresas do setor também se conscientizem da necessidade de práticas de ESG (ambientais, sociais e de governança) para a perenidade das companhias. Mas, afinal, o que é ESG e por que é tão importante?
A sigla ESG se origina do inglês – environmental, social and governance (ambiental, social e governança) – e é um conjunto de padrões que orientam como a empresa deve operar em relação ao planeta e suas pessoas. A ESG é fundamental porque os investidores e consumidores socialmente conscientes, agora, usam critérios ESG para selecionarem investimentos em potencial.
Os critérios ambientais examinam o desempenho de uma empresa como guardiã do planeta. Os critérios sociais examinam como uma empresa gerencia os relacionamentos com funcionários, fornecedores, clientes e as comunidades onde opera.
A governança define um conjunto de regras e melhores práticas, juntamente com uma série de processos que determinam como uma organização é gerenciada e controlada. Por que certos investimentos têm melhor desempenho do que outros? Por que certas startups parecem sempre superar e ficar à frente da coorte? A resposta tem três letras ESG. Seja você um investidor ou uma empresa, grande ou pequena, relatórios e investimentos ambientais, sociais e de governança (ESG) constituem a estrutura a ser adotada, se você quiser acompanhar o mercado (e sua conta).
Nesse sentido, o ESG não é apenas uma estrutura sobre a qual as instituições financeiras e os investidores devem se reportar; também está no radar de funcionários, reguladores e de todos os envolvidos no ecossistema. E por que esses critérios vêm ganhando cada vez mais força? Simplesmente porque fenômenos como o surto de coronavírus e as mudanças climáticas nos fazem perceber que não somos donos do nosso planeta, mas sim, guardiões da natureza. O ESG está assumindo um significado ainda maior à luz dos eventos recentes: as empresas têm a responsabilidade e os recursos para realizarem uma ação climática positiva, construindo um futuro mais sustentável e resiliente.
É fundamental afirmar que, para cumprir a meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C, são necessários US$ 90 trilhões de investimentos até 2030. A seguir, vamos mergulhar no tema ESG e na relevância que tem para empresas e investidores.
Destrinchando o ESG
Por definição, o relatório ESG é a divulgação de dados que explicam o impacto e o valor agregado de uma empresa em três áreas: meio ambiente, social e governança corporativa. ESG é o termo abrangente
para componentes financeiros sustentáveis e responsáveis. É uma estrutura que considera fatores ambientais, sociais e de governança, ao lado de fatores financeiros no processo de tomada de decisão de
investimento. É também um processo para avaliar quais empresas realizam/pontuam em cada um dos fatores: E-S&G, e determinar se é um investimento viável.
“Não são apenas 5% do seu dinheiro que você doa que importa. O que você faz com os outros 95% é quase mais importante.” Darren Walker – Presidente da Fundação Ford
O E (ambiental) em ESG? Ambiental (E) avalia como uma empresa atua como guardiã da natureza. Analisa como suas atividades impactam o meio ambiente e gerenciam os riscos ambientais. Inclui operações diretas e em toda a cadeia de suprimentos. Por exemplo, escassez e gestão de recursos, preservação de recursos naturais, tratamento de animais e emissões de gases de efeito estufa.
O S (social) em ESG?
Os critérios sociais (S) examinam os pontos fortes e fracos de como uma empresa
gerencia os relacionamentos com funcionários, fornecedores, clientes e as comunidades
onde atua. Por exemplo, esses critérios incluem condições de trabalho, operações em regiões de conflito, saúde e segurança, relações com funcionários e diversidade.
O G (governança) em ESG?
Governança (G) trata da liderança de uma empresa, remuneração dos executivos, auditorias, controles internos e direitos dos acionistas. Os investidores querem saber se podem confiar na empresa e que tipo de decisões são tomadas a portas fechadas. Inclui remuneração executiva, equidade de gênero/igualdade salarial, suborno e corrupção, e diversidade do conselho.”
A falta de ESG pode prejudicar o valor de uma empresa Os investidores, atualmente, entendem que os critérios ambientais, sociais e de governança vão além das preocupações éticas. Com critérios ESG robustos, as empresas podem evitar práticas que envolvem risco. Por exemplo, o escândalo de emissões da Volkswagen abalou o preço das ações da empresa, e os investidores perderam bilhões.
Investidores e empresas de investimento procuram empresas voltadas para ESG e as de serviços financeiros como Goldman Sachs e JPMorgan Chase e publicam relatórios anuais que analisam as abordagens ESG de várias empresas.
A prática do investimento ESG começou na década de 1960. O investimento ESG evoluiu do investimento socialmente responsável (SRI), o qual excluía ações ou indústrias inteiras de investimentos relacionados a operações comerciais, como tabaco, armas ou mercadorias de regiões em conflito. O termo ESG foi cunhado em 2004 pelo ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e resultou em 2005 com o primeiro
estudo, “Quem se importa ganha”, desenvolvido em conjunto com os maiores investidores institucionais e bancos do mundo.
Hoje, o ESG está crescendo e evoluindo rapidamente, pois muitos investidores procuram incorporar fatores ESG no processo de investimento. De fato, o mercado ESG já deve dobrar este ano. Além disso, a
Coalizão de Descarbonização de Portfólio, um grupo patrocinado pelas Nações Unidas de 27 investidores institucionais e gestores de ativos, principalmente europeus que controlam US$ 3,2 trilhões em ativos, comprometeu US$ 600 bilhões para financiar projetos e investimentos verdes.
Do lado jurídico, as regulamentações europeias estão pressionando por uma implementação robusta de fatores ESG no setor financeiro e em todos os outros lugares. A estrutura ESG é impulsionada na UE, pois é um mecanismo que apoiará o acordo verde e garantirá a implementação de uma economia mais sustentável. “É provável que o ESG desempenhe um papel maior na forma como as empresas são avaliadas, não apenas pelos investidores, mas também pelos consumidores e stakeholders”, explica Nathan Bonnisseau, cofundador e CMO da Plan A. “Os números refletem uma crescente conscientização de que as empresas devem gerenciar seu impacto ambiental de formas inovadoras, a fim de permanecerem bem-sucedidos.
A sustentabilidade é o novo ideal, e o desenvolvimento de métodos sofisticados de avaliação das atividades e efeitos ESG é a chave para alcançá-lo”, acrescenta.
Fonte: Pnews Edição 120